segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Poucas palavras há a dizer,
pareço gostar de estar em silêncio.
Faz-me bem, pelo menos.
Por ora, a poesia reconforta-me.
Lembra-me quem sou.
Isolo-me não raras vezes,
o mundo confunde-me,
e apenas a caneta e o papel me trazem de novo à realidade.
Não sei muita coisa,
mas esta sociedade parece estar a enganar-se a si própria.
Todos parecem caminhar para o lugar errado,
mas talvez, já seja eu a divagar.
Remeto-me novamente ao meu silêncio,
às paredes silenciosas do meu quarto,
às ondas que vão e vêm, no mar aqui ao lado.
Basta-me isso, ou talvez, desejo que apenas isso baste.

Alexandra Carvalho

sábado, 16 de novembro de 2013

O adeus pode ser apenas uma palavra

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De pouco vale dizer adeus quando não passa de uma simples palavra. E todos sabemos, nem todas as palavras são verdadeiramente sentidas.
Gostava de entender este apego, esta necessidade de voltar a olhar para ti. Eu disse-te adeus mas as minhas próprias palavras estão agora a atraiçoar-me.
O que nos faz dizer algo quando sentimos o oposto? Porque somos atraídos por quem sabemos tão bem que não nos merece?
A verdade, é que todos nós fazemos as mesmas questões, num momento ou noutro.
Ainda que me conheça, há impulsos que não consigo controlar, há desejos que sou incapaz de não ceder.
O que hoje é amanhã deixa de ser, sou de tal forma inconstante que não consigo ficar em lado nenhum. O mundo não tem um paradeiro certo para mim, eu não permito tal.
Nasci assim, esta sou eu, e há muito deixei de querer ser o que os outros queriam que eu fosse.
Não serei um mau produto da sociedade, mas certamente serei um exclusivo.
Sinto ter tantas emoções alojadas, tantas vidas acumuladas, parece-me estar tudo baralhado aqui dentro.
Terei sido em todas as vidas um ser humano confuso?! Terás tu feito parte de todas elas? Ah este apego que não me abandona.
Não te quero mais, querendo tão arduamente. E serás meu de novo, nesta vida ou na próxima.
Continuo a repetir silenciosamente o adeus que te disse, tenho esperança que assim ganhe força e passes a ser uma memória do passado, uma lembrança da única constante no meio da minha tumultuada inconstância.


© Alexandra Carvalho

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Ditames Celestiais

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Voltei ao que era,
Pouca coisa me afecta.
Estou dormente perante as emoções.
Deixo-me ficar num estado latente,
Viver parece mais fácil assim.
Não me conformo, apesar disso.
Não quero nada querendo tanto.
Que ser inconformado sou eu?
E para quê? Porquê?
Que escolha lastimável fiz
Ao escolher este tipo de vida.
Esta existência que pouca coisa me diz.
É capaz que me tenha enganado;
É capaz também que ainda não tenha percebido nada,
Os ditames celestiais serão os certos, porventura.
Aguardo pelo fundamento;
Aguardo pela descoberta,
De quem sou e o que aqui faço.


© Alexandra Carvalho

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

As incertezas de Henrique

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Por ora, era apenas a lágrima que caía. Miraculosamente. Espontaneamente.
Henrique preparava-se para deixar o passado lá trás, mas aquela lágrima, ele não queria deitar.
Como se a vida se tornasse diferente ou como se ele se tornasse outro ser que não é, só porque não deixava cair aquela lágrima. Que de resto, era genuína.
Nós vamos nos moldando com o tempo, com as vivências, com as relações humanas que vamos experienciando, mas em nenhum momento deixamos de ser nós próprios.
Porém, Henrique mascarava essa verdade, preferia ser outro, ter uma personalidade que lhe impedisse de voltar a se magoar.
Que equivocado estava ele!
O ser humano precisa viver todos os estados, incluindo a desilusão. É assim que ele evolui, que se transforma e encontra a paz.
Somos tentados a cada tropeção que a vida nos dá, em dizer mal de tudo. Da justiça humana, da justiça divina.
É provável que todos os tropeções nos tenham feito aprender algo, tenham contribuído para uma serenidade maior, mais real.
Henrique sabia disso, mas nem sempre o que nós sabemos ser verdade é o que nós aceitamos como certo.
No entretanto, a vida volta a nos sacudir e cometemos os mesmos erros, deixamos espaço para que eles se repetissem.
O equívoco de Henrique era precisamente esse, trapacear a realidade. E a realidade é generosa, ela volta, ela chama-nos até que consigamos a aceitar, e aí sim, os mesmos erros já não se cometem, cometem-se outros. De tão imperfeitos que somos, os seres humanos.
Seria a vida bem mais simples e fácil se aceitássemos a nossa imperfeição. Talvez, olhássemos uns para os outros como iguais.
Fala-se tanto na igualdade, luta-se pela igualdade, que igualdade é essa? O meu conceito é diferente dos outros, até nisso não somos iguais.
Nestas questões sociais, emocionais, existenciais, perdia-se Henrique, não conseguia encontrar fundamento para certos comportamentos, para certas realidades.
A desilusão ainda lhe fervilhava no peito, mas diminuía quando olhava em volta.
O mundo era muito mais do que simples desilusões.


© Alexandra Carvalho 

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Realidade Complexa

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De repente, chega aquele momento,
Do derradeiro desfecho.
O autoconhecimento custa.
Como é difícil conhecermo-nos
E perdoarmo-nos.
Erro atrás de erro.
Sonho atrás de sonho.
De resto, apenas sonho.
Para onde vou afinal?
Queria não saber o que procuro na vida,
É capaz que assim, ela me desse algo.
Entre um impulso e outro,
Anseio ir embora.
Libertar o espírito, sentir-me livre.


© Alexandra Carvalho

domingo, 15 de setembro de 2013

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Não deixaste de ser aquele corpo,
Que tanto me apetece como não.
Não passas disso,
Mas temo que a vulnerabilidade
Tenha tomado conta de mim desta vez.
A solidão tem destas coisas,
Empurra-nos para realidades fingidas.
Contenho a minha respiração
E suspiro pausadamente.
Tento que numa destas vezes
Tenhas voltado a ser quem eras,
O corpo que me satisfaz e tão somente isso.
Mas afinal, de que é feita a nossa amizade?
De encontros carnais?
De devaneios intensos e ilusórios?
Pára, não és nada, jamais foste.
Deixa estar, entre um encontro e outro,
Terás voltado ao lugar de onde jamais
Deverias ter saído.


© Alexandra Carvalho

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

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Andei uns dias a pensar no que faria em relação a ti. Se te trazia para o papel ou não.
Mas a verdade, é que quanto mais fugimos do problema mais ele nos atormenta.
Apetece-me contar a nossa história.
Uma história sem nome, sem género.
O nosso percurso existencial é marcado pela passagem de várias pessoas. Umas ficam mais tempo, outras não. E depois há ainda as outras, como tu, que não vão embora, reivindicam o direito de fazer parte da nossa vida por tempo indeterminado.
Não sei há quanto tempo nos conhecemos, lembro-me apenas quando chegaste cá, criança engraçada com sotaque sul-africano.
Eras um miúdo pequeno, nem chegavas ao meu ombro.
Claro está que nessa altura éramos duas crianças e jamais passaria pela nossa cabeça outras coisas, que não as brincadeiras infantis.
Tão depressa surgiste como desapareceste. Já não estavas na escola, não foi difícil perceber que tinhas ido embora, para algum lugar.
A vida é interessante, faz coisas que nem sempre percebemos. Trouxe-te de volta e mentiríamos os dois se disséssemos que os nossos olhares não se encontraram, porque encontram-se de tal forma, que até o corpo pedia para estar junto um do outro.
E de resto, pediu sempre. Férias após férias, com intervalos aquando o nosso coração estava preenchido por outro espírito, outro corpo.
Fomos um do outro, continuamos a ser um do outro, mas não sei se continuaremos.
O tempo mostra-nos que não podemos permanecer em coisas indefinidas, em sentimentos que não sabemos o que são ou até mesmo, se existem.
Teremos sido este tempo todo, simples amigos? Amigos envolvidos numa encruzilhada de impulsos e desejos?
Não nos encantamos um pelo outro, porque o encantamento é o primeiro que morre e muito menos sobrevive à distância.
Não nos apaixonamos um pelo outro, porque a paixão é efémera e não aceita outras paixões pelo caminho.
Então, não me resta uma única definição do que vivemos ao longo destes anos.
Tu porventura, poderás ter alguma, mais racional, a tua defesa para o mundo é essa, a racionalidade.
Se penso em não voltar a estar contigo, surge aqui um aperto, inexplicável.
Talvez tenha chegado o momento de libertarmo-nos, de dizer adeus.


© Alexandra Carvalho

sábado, 7 de setembro de 2013

A voz ficou baça
E é lá de vez em quando que a ouço…
Não me apetece dizer nada,
Esconder-me do mundo
E ficar assim…
Até que o dia pareça mais interessante.
A luz do sol lá fora
Pouco efeito tem em mim,
A escuridão da noite parece
Transportar-se para o dia.
Não sei mais quando é dia,
Quando é noite.
Suspiro uma, duas, três vezes…
A realidade é a mesma.
Estou de tal forma exausta
Que apenas me apetece chorar.
Quero tanta coisa,
Mereço tanta coisa
E a vida não me dá,
Teima em não me dar.
Choro, falo sozinha, liberto-me…
Mas, a mesma solidão
Que me trouxe até aqui,
Também irá arrancar-me,
Mais dia menos dia.


© Alexandra Carvalho

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

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Prendes-me ao teu olhar
E pouco precisas fazer.
Incomoda-me deveras,
Cada adeus que preciso dizer-te;
Cada constatação da tua ausência.
Fazes-me falta. Já to disse?
Porventura, o terei dito algumas vezes.
Na amizade também se ama,
Percebo isso agora, amo-te.
Amo-te por quem és,
Pelo sorriso que emana de ti,
Pela tua beleza interior,
Por todas as tuas palavras,
As que me fazem sorrir, e as outras,
Aquelas que me mostram que estou alheia à vida.
E não, esta não é uma declaração de amor,
É um agradecimento.
E se agora, as lágrimas correm,
É apenas por saudade.
A linha que separa o amor da amizade
É ténue e confusa,
E nesta confusão, acredito que nos amamos
Da forma mais pura e real.

© Alexandra Carvalho

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Espírito

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Talvez nem sempre
O meu espírito aqui esteja,
Deixo apenas o meu corpo vaguear.
Não sei por onde ando,
Mas intimamente, sinto que não estou aqui.
Havia antes uma procura incessante,
Deixou de existir.
Era ela que me puxava para o chão.
Deixei de questionar,
Deixei de ser eu.
O meu sorriso anda foragido
E o brilho dos meus olhos está baço.
Tomara eu encontrar novamente o meu espírito.


© Alexandra Carvalho

domingo, 28 de julho de 2013

Química

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A pele voltou a puxar-nos
Um para o outro.
Até na distância já se manifesta.
Eis a novidade.
O coração não apela a tua presença,
Jamais o fez.
Estou certa que uma coisa não precisa da outra.
Ou pelo menos, o desejo
Não precisa de um sentimento por perto.
Já o contrário, talvez seja impossível.
Que sentimento sobreviverá
Sem que o desejo grite, grite sempre?
Nenhum.
E este, é o primeiro que morre.
O desejo evapora, nunca sabemos como,
Quando, desaparece apenas.
E depois disso, a pessoa que nos era tudo,
Passa a ser nada.
Que estranha é a vida.
Possivelmente, nem todas as pessoas
Nos deixaram algo.
A história apagou-se literalmente.
O caminho segue. Sempre.
Mas tu não, não nos deixamos ir embora.
Será efectivamente a pele,
Ou coração estará por detrás?


© Alexandra Carvalho

terça-feira, 2 de julho de 2013

O sorriso fugiu

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Não sei onde pára o sorriso,
Mas também não sinto vontade
De o procurar.
Logo o sorriso,
A característica que me define.
Senão sorrio, quem sou então?
Nem sempre é fácil sermos nós,
Apetece ser outra pessoa qualquer.
Mas se não formos nós mesmos,
Teremos nos perdido algures.
E todos nós sabemos,
É difícil trazer quem se perdeu.
Mesmo sem sorriso,
Desejo manter-me aqui.
Em algum lugar, numa circunstância qualquer,
Ele voltará para mim.
Meigo e transparente, como sempre foi.
Estes tempos são mais sombrios,
O país não me permite desejar sorrir,
Mas já permitiu antes, milhares de vezes.
Sim, eu sou uma pessoa sorridente,
Serei sempre.
Mas de momento, o sorriso fugiu.

© Alexandra Carvalho

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Percepções

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E lá estava eu com aquela necessidade de calar as palavras, com a certeza que isso me impediria de olhar a vida, tal como ela é.
Nem sempre é fácil olhar a vida, reavaliar as nossas atitudes passadas e as presentes. Percebemos que o que para nós não teve qualquer importância, para os outros, de alguma forma os magoou.
É bem provável que eu seja um ser atípico. A mesquinhez passa-me ao lado, e na minha ingenuidade, penso que os que me rodeiam não são dotados de tal sentimento perverso. 
Há uma certa tendência de dramatizar o que não tem nada, mas mesmo nada para ser dramatizado. 
O meu olhar sobre a existência terrena não se prende a coisas pequenas, mas sim, talvez precise de me ajustar.
A verdade é que gosto do meu silêncio, e abomino todo o tipo de imposição. Nada que me seja imposto, será feito com o meu sorriso, com aquele sorriso que tanta gente me caracteriza.
O verdadeiro cerne da questão está na forma como reajo e ajo com todos, se digo que gosto de alguém, é porque gosto, não me verão jamais a dizer que gosto de alguém, se efectivamente não gostar, tanto na amizade como no amor.
Então, sinto-me particularmente decepcionada. 
São as pessoas que nós gostamos que nos decepcionam sempre. São essas pessoas que transformam as coisas sem importância em dramas, e que criam sobre nós o que jamais existiu. 
Eu sou uma pessoa ausente, não gosto de estar o tempo todo em contacto, mas cá dentro, tenho espaço para toda a família, para todos os amigos. 
Não os esqueço apesar do silêncio.
E aí mora o verdadeiro cerne da questão.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Um amor por detrás da amizade (Parte II)

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Lá estava o silêncio, a ausência.
Era aquele medo atroz do confronto. De perguntarmos a nós próprios: porque dissemos todas aquelas palavras? Porque sentimos vontade de estar um com o outro?
Tão previsível. Não sabíamos agir depois de tudo. Deixávamos o tempo correr veloz e quando o esquecimento tomasse conta, voltávamos à amizade.
Como se nada tivesse acontecido.
Há quantos anos fazemos isto? Já não sei, perdi a noção do tempo.
Mas desta vez, a dúvida tem-me perseguido de outra forma. É o tempo, que se esgota e já não há vontade de deixar ficar assim.
A idade parece não gostar de dúvidas, parece almejar o tempo todo por certezas, respostas concretas.
E se deixar o tempo seguir o seu rumo, certamente continuará tudo na mesma, e em algum momento o espírito se acalmará.


© Alexandra Carvalho

domingo, 2 de junho de 2013

Um amor por detrás da amizade (Parte I)

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Dizias todas aquelas palavras, talvez, sem ter uma pequena noção da intensidade com que chegariam a mim.
Ou seria eu ingénua por pensar assim.
Não sabia ao certo quando é que voltarias a ser aquele, o que me seduz. Mas a verdade, é que sempre chegava a esse momento.
A vida seguia o seu caminho, e nós estávamos a percorrê-lo, juntos e separados.
Juntos na amizade, separados em tudo o resto.
O jogo, as palavras intensas, o desejo por alcançar surgia do inesperado. De mansinho voltavas a atacar, eu quase nem dava de conta.
Será que por trás daquela genuína amizade, havia mais?
Seria normal o desejo carnal nos por contra a parede?
Raramente, a amizade deixava-nos fazer tais questões. Somos amigos. Basta.
Mas a pele atraia-nos um para o outro, e isso transcende a simples amizade.
O olhar furtivo, o sorriso leve e fácil, a conversa que começa e não quer acabar. Tudo isso, poderia ser apenas amizade, a mais pura, a que não esconde nada, a que não pede nada em troca, a que existe, simplesmente.
E continuamos assim.
Os anos passam por nós e aquela dúvida resta.
Estaremos a subestimar um amor que acreditamos não existir?


© Alexandra Carvalho

sábado, 25 de maio de 2013

Sabedoria


As minhas energias
São, não raras vezes, sugadas,
Completamente sugadas.
A minha paz interior
É nesse momento posta à prova.
Negaria erradamente,
Se dissesse que não me apetece mandar tudo à vida.
Muitas vezes apetece.
Mas aquela cítara suave,
Vai entoando a dita melodia do conhecimento,
Da sabedoria.
Ainda bem que continua a tocar.
Pois, todas as vezes,
É ela que me renova por dentro.

© Alexandra Carvalho

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Reconhecimento celestial

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Não nos reconhecemos sempre,
É como se o espelho
Mostrasse uma imagem,
Uma alma,
Que não é a nossa.
Ou pelo menos, não é a que achávamos ter.
Outras vezes olhamos,
E sim, somos nós.
E nesse preciso momento, é como se a vida
Estivesse a esvair-se entre os nossos dedos.
É quando nos reconhecemos,
Que percebemos como o tempo não pára
E a estadia é breve.
A missão está ainda por cumprir.
Continuamos aqui.
Será que quanto mais cedo chegarmos a ela,
Mais cedo iremos embora?

© Alexandra Carvalho

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Egos auto insuflados


Certamente, ausentar-me-ei
Várias vezes das palavras,
Mas não delas propriamente,
Das circunstâncias talvez…
Cansam-me estes egos auto insuflados,
Estas conversas ocas,
Esta lamúria constante.
Que fardo!
Que tédio!
É aquele ego auto insuflado
Que lhes tolda a visão.
A vida não é má,
Os dias não são todos maus.
E que tal olhar para trás?!
Não é preciso muito.
Uns segundos atrás, umas horas, uns dias…
Quantas vezes sorriram? Muitas, várias…
Isso também é felicidade.

© Alexandra Carvalho

sexta-feira, 19 de abril de 2013

E onde anda o amor?


Quisera eu que o teu rosto
Tivesse ficado apenas no passado.
Mas a minha vontade
Não é dona e senhora de si.
Os pensamentos surgem,
Os sonhos arrebatam-me.
Tu sempre apareces,
Numa história ou noutra,
Num drama ou romance.
Porventura serás a minha alma gémea,
Mas se o és,
Porque a vida teima em impedir-nos a união?
Ao invés disso,
Manda-nos pessoas ao acaso,
Umas que aguentam mais tempo,
Outras que nem entendemos a sua passagem.
Mas, assim é a vida,
Uma sucessão de aprendizagens,
Um acumular de emoções,
De grandes ou pequenas paixões.
O amor, esse,
Ainda não nos foi permitido.

© Alexandra Carvalho

domingo, 7 de abril de 2013

Eternidade



De repente a vida faz sentido,
Assim, tal como é…
A humanidade perde-se e encontra-se
A cada ciclo.
Procuramos a perfeição inexistente,
E nesta procura esquecemos da nossa alma.
A verdadeira vida não é esta,
A nossa verdadeira casa também não é esta.
Teimamos em não acreditar
No que desconhecemos,
Ou talvez, no que esquecemos.
A nossa luz não está na carne,
Nem na imagem exterior…
A nossa beleza jamais estará apenas no nosso corpo.
Está na hora de relembrar
Quem somos e de onde viemos.

© Alexandra Carvalho

domingo, 24 de março de 2013

Efemeridade


Aquele simples e único cabelo branco
Trouxe à tona a efemeridade da vida.
A leveza que é
A nossa passagem na terra.
Sei que já não sou aquela,
A que já existiu antes,
A criança, a adolescente, a jovem.
Mas aquele sinal enfatizou isso.
O tempo urge, passa veloz…
Que conquistei eu até agora?
Nada… não tenho nada!
Tenho a minha integridade,
O meu carácter,
Mas não conquistei nada.
O mundo, tal como está,
Só beneficia os corruptos,
E os outros, como eu,
Deambulam na beira da estrada.
A estrada não é para nós,
Só nos é permitido a berma…
Este simples, único e primeiro cabelo branco,
Fez-me acelerar o desejo de mudança.
O mundo precisa mudar,
Os objectivos têm de ser outros,
E em algum momento,
Terá a justiça de prevalecer.

© Alexandra Carvalho

domingo, 10 de março de 2013

Vida

https://www.facebook.com/JCarvalhoPhotography

Quisera eu apenas estar aqui,
Contemplar a pureza da vida.
Concederam-me tal desejo,
Mas agregaram muito mais do que
A simples e bela pureza de viver.
Deixaram-me vir num tempo
De dúvida, de mudança,
De verdades mascaradas
E mentiras camufladas.
A lucidez da vida,
Poucos a vêem,
Poucos a compreendem.
A humanidade perdeu-se.
Geração após geração;
Enganos após enganos,
E perdemo-nos, desagregamo-nos da nossa alma,
Da nossa essência.
E quando voltarmos para casa,
O arrependimento será grande.

© Alexandra Carvalho

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Catarina, o retrato dos novos tempos

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Catarina apenas sonhava. Via-se noutra vida, noutro contexto.
A dignidade humana, por mais que digam o contrário, está muitas vezes associada a factores externos, que não estão ao nosso alcance.
Catarina mantinha-se fiel ao que era, ao seu perfil de sempre. Mas a carteira não era a de antes. Trocos. Uns simples trocos e uma incerteza abismal acerca do futuro.
Sim, a dignidade não a tinha abandonado mas a descrença havia abalado todas as suas estruturas mentais e agora caminhava também para as físicas. O corpo não se dissocia da mente, para o bem e para o mal.
Este era o momento em que pensava nos porquês e nos quando. Quando o tempo iria abrir uma brecha que lhe trouxesse luz.
Quando Catarina sonhava, não idealizava ostentação ou luxúria. Quando se via noutro contexto, não era na riqueza nem no poder.
Os sonhos eram simples. Trabalho e independência financeira.
Houve tempos em que trabalhar era algo comum, fácil, não fazia parte dos sonhos. Quando alguém sonhava, ambicionava ser o melhor da sua profissão, ser rico, ter uma mansão repleta de empregados. Estes objectivos sim, eram sonhos. Trabalhar, mal ou bem, toda a gente trabalhava.
Os tempos mudaram.
Estudar já não significa independência financeira. E os empregos perderam-se de vista, afundaram-se nas ondas agitadas que os nossos governantes provocaram.
O naufrágio, aos poucos, atingia a todos, Catarina era mais uma e não uma excepção.
É verdade, a dignidade humana fica em risco quando não conseguimos satisfazer as necessidades básicas, quando dependemos dos outros para viver, para sobreviver.
E era assim que Catarina se sentia, a sua dignidade estava ameaçada e o amanhã não previa coisas boas.
Surge a pergunta: o que realmente estamos cá a fazer?

© Alexandra Carvalho

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Recriação Mítica - photoshoot


E lá estava ela, surgia do nada na escuridão da noite. Luminosa e secreta. Que faria ela aqui? Que ser seria? A luz facilmente se transformava em escuridão, e isso, não sabíamos explicar. Era sempre à noite, não víamos nada, apenas a luz que descia silenciosamente, escaleira abaixo. Feiticeira? Bruxa? Certamente, seria algo do género. Ficávamos à espreita, queríamos saber quem era, mas o medo também nos acorrentava. Permanecíamos ali, a olhar de tocaia, a ver se a feiticeira se afigurava à nossa frente. Nunca se afigurou. A verdade, é que um dia ela deixou de aparecer. Deixaram de haver feiticeiras ou fomos nós que deixamos de acreditar nelas? 


Baseado em factos verídicos. 




model: Luisa Abreu

photography/edition: JoanaCarvalho Photography



É proibida a copia ou utilização destas fotografias.

©JCarvalhoPhotography - Todos os direitos reservados.





Deixo aqui apenas uma amostra da sessão fotográfica para quem não tem facebook, limitando assim o acesso ao álbum.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Tristeza

https://www.facebook.com/JCarvalhoPhotography

E de onde vem a tristeza?
Sorrateira, não me pede para entrar.
Aproxima-se silenciosa
E num ápice instala-se em todo o meu corpo.
Os meus olhos pesam,
Impelem-me a fechá-los.
O meu sorriso morre,
Perde o brilho e a vontade.
De que parte vem a tristeza?
E com que direito acha-se ela
De invadir a minha alma?
Dou-lhe as costas,
Mostro que a alma é minha
E mando-a embora.
Mas os meus olhos continuam pesados
E o sorriso permanece fechado.
Uma réstia de tristeza ainda vive em mim.

© Alexandra Carvalho

Os outros

https://www.facebook.com/JCarvalhoPhotography

Não existem apenas dias bons,
E se não existem para nós
Não é diferente para os outros.
Que egoístas somos nós,
Que facilmente esquecemos disso.
E pressionamos, e cobramos,
Quando aquela pessoa não está capaz
De dar nada.
Não consegue sequer dar para si própria,
Quanto mais para os outros.
E é naquele preciso momento,
Que são eles a precisar de nós,
Que o egoísmo ressalta
E apenas conseguimos pedir.
Esquecemos de dar.
O ser humano de tão completo que é,
Acaba por deter de todas as falhas,
E isso, é o que nos faz sofrer.

© Alexandra Carvalho


sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

O animal invisível

https://www.facebook.com/JCarvalhoPhotography

Ouvia-se novamente o som.
A noite caíra e o ruído voltava a fazer parte do ambiente e de cada habitante daquela zona.
Era como se as histórias que tínhamos ouvido em criança se tornassem reais.
O tal animal invisível que todos ouviam. Para nós, tinha sido sempre um mito.
O certo, é que as evidências faziam-nos render à até então, lenda.
Sim, não seria um animal invisível, não poderia ser, mas talvez, um animal com facilidade em ficar camuflado entre as nossas rochas altas e sombrias.
Se calhar, durante o dia dorme como as corujas e à noite canta.
Que animal será este? Será uma ave? Não existem respostas. Ninguém sabe. Só sabemos que ouvimos aquele som, uma espécie de ressonar de um ser humano, uma respiração ofegante, estranha.
Os antepassados, aguçados pela curiosidade aventuraram-se noites seguidas pelas rochas acima e em nenhuma dessas aventuras, tal animal se mostrou aos seus olhos.
Até que um dia deixaram de ouvir.
O animal morreu? Provavelmente.
Mas se durante décadas a sua descendência permaneceu silenciosa, porque só agora aquele ruído nocturno voltou a surgir nas nossas vidas?
Certamente, não existia descendência.
A verdade, é que um outro animal voltou a ocupar o seu lugar.
E surge então a pergunta: estaremos a voltar aos tempos antigos?

Baseado em factos verídicos

© Alexandra Carvalho

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Para além da crise

https://www.facebook.com/JCarvalhoPhotography

Varrem-se as ideias
E as perspectivas…
Que futuro nos reserva a vida?
Não visualizo coisas boas,
Peco por toldar os meus olhos
À beleza que me circunda.
A felicidade não se faz
Com dinheiro, com poder…
A crise certamente não condicionará
A felicidade, vem de dentro de nós…
Será mesmo?!
Talvez, consiga ver toda a beleza,
Sublime e extensa…
Mas a crise, faz-me esquecer
Que o coração irradia luz
E apenas a mente encontra-se perdida.

© Alexandra Carvalho

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Recriação Mítica - photoshoot


Recentemente participei num projecto fotográfico, que teve como base recriar uma história local antiga. O texto é da minha autoria e o trabalho fotográfico da minha irmã.
Deixo aqui o link para quem tem conta no Facebook. 



quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Catch the Wind

Catch the Wind


Votem nesta foto. Trata-se de um concurso fotográfico que a minha irmã está a participar. Obrigada.
É só clicar em cima Catch the Wind e votar onde diz 5.

sábado, 12 de janeiro de 2013

Conformismo

https://www.facebook.com/JCarvalhoPhotography

Não falta nada,
Ou falta tudo.
Não olho em volta,
Deixei de querer olhar.
Os meus olhos já conhecem
De cor esta realidade.
Não faltando nada,
Acaba por faltar tudo.
Sou um mero peão na estrada,
Numa via de socalcos,
De buracos enormes,
De desvios surreais.
Já não passeio,
Limito-me a andar.
Mas tudo isto será viver?
Se apenas me conformo,
Não sou feliz,
Apenas tolero a infelicidade.

© Alexandra Carvalho