quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Uma escolha que não é minha


Não posso dizer
O que não sinto;
Nem posso omitir
Aquilo que me invade o coração.
Esse tal vazio não existe,
Jamais existiu;
Existe sim, um ser que procura a sua essência.
Não é este eu que conheces,
Conheces o antigo,
O desprotegido, o ingénuo,
Aquele que ainda não se tinha encontrado.
Não sei se te agrado assim,
Nem sei se é suposto agradar a alguém.
Esta sou eu,
Sem fachadas, rosto descoberto,
Alma visível…
Não sou fácil,
Nem quando me torno visível,
Mas foi assim que escolhi ser.
Tu és aquilo que és,
E não o que os outros querem que sejas.
Esta sou eu,
Sem moldes, nem influências.
Este é o verdadeiro eu,
Será este que tu queres?

sábado, 22 de outubro de 2011

E afinal o que conta é o agora


Não és mais do que uma peça
Deste presente;
Não és mais do que uma recordação
De um passado tumultuoso,
De encontros e desencontros,
De choques de palavras,
De verdades sem verdade,
De mentiras criadas…
E agora voltas,
Desejas um futuro que não sabes
Se um dia irá chegar,
Mas acima de tudo,
Desejas estar aqui agora.
Sendo nós próprios, neste presente,
Depois do passado,
Depois das mentiras,
Com toda a aprendizagem
Que conseguimos carregar nas costas…
Agora somos nós,
Depois ninguém sabe…

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Puramente carnal


Não são as tuas palavras
Que me movem,
Acho que nem o teu olhar…
É o teu toque, o teu corpo
Que chama pelo meu,
Transpiras vontade de me tocar,
E eu, alheia a tudo,
Finjo não perceber…
Lembro das tuas mãos
A me puxar para ti;
Lembro do teu beijo
A explodir de intensidade…
Fomos amantes um dia,
Somos amantes para sempre.
Não me confundas,
O amor nem sempre existe na paixão.
Não entregues o que sabes
Que não vou aceitar…
Só te quero a ti,
A carapaça de um ser
Que praticamente, desconheço.
Não quero defeitos, nem virtudes
Não quero sentimentos confusos
Ou emoções complicadas.
Quero-te a ti,
O corpo que me satisfaz…

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Uma das partes


Não me abales a estrutura
Que levei anos a solidificar;
Não me provoques agora,
Quando consegui aumentar
As minhas defesas em relação a ti.
Não sorrias,
Sabes que deixo de resistir;
Não brinques,
Sabes que adoro quando o fazes…
Eu também penso em ti,
Ou voltei a pensar,
Acabaste por conseguir
Derrubar alguns tijolos
De uma estrutura que pensei existir para sempre.
Tu sempre voltas,
E todas as vezes, eu deixo,
Permito-me voltar para ti…
Serás a minha eternidade?
Não, mas és certamente,
Uma das partes que me completa.

sábado, 15 de outubro de 2011

Já sabias que era assim


Já sabias que ia ser assim,
A noite quando se tornasse insuportável
Eu lembraria da tua oferta,
Bem ao meu lado a chamar por mim.
Não foi uma oferta despretensiosa,
Tu sabias…
Não consigo deixá-lo em branco,
Quando tenho o meu coração
Exaltado, confuso, gritante…
Não sei mais nada;
Não sei que outras palavras
Posso inventar para preencher
O branco das páginas da minha vida…
Não sei o que esperar da vida,
Nem sei se alguma vez
Ela soube o que esperar de mim?!
Já sabias que era assim?!
Sabias que as palavras são tudo
E são nada;
Já sabias que a vida faz-se sozinha,
O destino cumpre-se sozinho…
Não me satisfaz fazer perguntas,
Quando as respostas podem mudar tudo…
Conheço-me? Sim…
E nesse conhecimento,
Dou permissão para me deixar no anonimato,
Longe da razão e do sentimento,
E ao mesmo tempo, tão presente e tão perto,
Para que possa viver tudo tão intensamente.
Mas tu já sabias que era assim…

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

O tempo passa

Onde é que estás?
Em que paragem ficaste
Que até agora não nos encontramos?
O meu olhar procura o teu,
Mas apenas encontro o olhar vago
De estranhos, desconhecidos,
Olhares errados…
Enganei-me algumas vezes,
Desculpa, a solidão fez-me
Reconhecer-te em qualquer desconhecido
E deixei-me cativar…
Demoras tanto,
Não sei se ainda quero esperar
Ou se deixarei mais algum estranho
Penetrar no meu olhar…
O tempo passa e com ele,
A minha vida vai perdendo dias,
Meses, anos, a tua vida também…
Em algum momento, segue o teu coração
E vem ter até mim,
Não demores,
Espero por ti aqui, neste tempo,
Nesta vida que planeamos os dois.
Cansei-me dos outros,
Apaguei os seus papéis,
E as memórias que partilhamos
Deixaram de ser importantes…
Não demores, o tempo passa…