terça-feira, 29 de novembro de 2022

 Ao som de Tindersticks, a banda que mais me acompanhou na adolescência e 

juventude, dou conta das grandes mudanças que a minha vida teve nos últimos anos.

Tindersticks, remete-me para a intensidade dos amores e desamores que a vida 

me presenteou, a intensidade de todos os sentimentos que aceitei viver.

As dúvidas que me assolavam à época e estas novas, que nada têm a ver com as 

antigas, pedem-me para visitar o passado, entender a trajectória e perceber o lugar 

onde estou agora.

Preciso ir ao passado para viver o presente.

Deixo sincronizar o meu antigo eu, com todas as suas histórias, com o novo eu e 

confio que a sincronização cumpra o seu propósito.

Arrumo os grandes eventos, bons, menos bons, num pequeno espaço das minhas 

memórias.

Agradeço toda a aprendizagem que generosamente me deram.

Com menos lágrima ou mais, com menor desassossego ou maior, tudo numa 

simbiose perfeita, criou os alicerces da minha actual existência.

E não posso ser mais nada, senão grata.

Estou, porventura, pronta para as novas aventuras que este novo eu, precisa viver.

© Alexandra Carvalho

14/09/2022


 Este verão tem sido pintado de cinzento e é este tom que todos os dias vejo de manhã antes de sair de casa.

Todos os dias espero ser presenteada por um lindo azul, mas raramente acontece.

Que se passa com o verão?

Que se passa com a luz que entrava em nós desde manhã até ao final do dia? Nas longas tardes que se estendiam até à noite? Em meio de conversas mais ou menos banais em família?

Os dias têm sido sombrios e as noites estão longe de ser quentes ou brilhantes.

E isto é o retrato das mudanças climáticas que vivemos no planeta.

O Norte é conhecido pelo tempo escuro e frio no inverno, mas também é conhecido pelos lindos dias quentes de verão.

Se perdemos isso, que nos resta?!


© Alexandra Carvalho

04/08/2022



 A vida tem andado acelerada nos últimos tempos e percebi que tenho me dedicado a tudo, menos a mim, ou às minhas palavras.

Ontem passeei no meu arquivo morto, textos que deixei apenas no papel, por algum motivo, válido à época.

Encontrei um, em particular, do ano de 2016 em que tenho o meu coração todo despedaçado.

Agora olho para o momento, e percebo que a minha vida tinha outros caminhos mais sincronizados comigo, com a minha essência, para me oferecer. Mas, a minha maturidade de então, não permitia ver isso.

Dizer que já não sou aquela pessoa insatisfeita, que sempre fui, é falacioso, porque na verdade, não deixei de ser.

Aprendi, talvez, a amenizar desilusões, a não deixar que as expectativas tomem conta de mim. 

Vou pelas marés, e apesar das oscilações próprias desse movimento, é mais fácil não cair, ou não ir parar ao abismo.

Já sei com o que conto. Tudo vai no alinhamento definido pelo Universo, ainda que às vezes, sinta que podia ser melhor. Que a vida ainda não me está a dar o que preciso, ou que ambiciono. Mas, será que não é um erro, pensar que o que eu quero é o que eu preciso, de facto?

As experiências têm-me mostrado que normalmente, o que precisamos é o oposto do que desejamos, mas ainda assim, esta alma humana, tem tendência a esquecer essa verdade.

Vou conquistando aos poucos metas que almejava, e outras, que não sentia que fossem importantes para mim e isso, enfatiza o tal alinhamento divino ou cósmico, em que tudo o que é para nós, chega quando estamos preparados para vivenciar a experiência ou a emoção.

Quando folheei o passado ontem, fi-lo porque me estava a sentir estagnada. E muitas vezes, validamos o presente e agradecemos quando olhamos para o nosso passado e para tudo o que, entretanto, fomos vivendo.

O bom e o mau.

Sou grata sim, por tudo. Mas sou humana e na dualidade deste mundo, algumas vezes, desejo mais.

A minha principal meta neste plano terreno, talvez seja, viver e aproveitar o que tenho, sem querer controlar o que ainda não é para mim. 

Que todas as vezes de desencontro existencial, o meu eu espiritual, consiga chamar-me de volta.

© Alexandra Carvalho

03/07/2022




Não sei ser igual,

ainda que quisesse não conseguiria.

E é essa diferença que causa estranheza aos demais.

Não sei o que custa mais. 

Se a diferença

Ou a estranheza.

Sei apenas isto.

É como é.


© Alexandra Carvalho

30/04/2022