domingo, 23 de outubro de 2016



Sinto aquele frio que timidamente passa pelo meu rosto. 
A maresia invade-me de tal ordem, que pareço deixar de respirar.
E as ondas, ora bruscas ora suaves, entoam aquela melodia que me reconforta.
Deixo-as para trás, permito que os meus pés sigam caminho. 
Lá voltarei, sempre.


© Alexandra Carvalho

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

A escolha que é minha, tua, nossa


Algo nos atrai e repele, e é curioso pensar sobre isso.
Penso que nenhum de nós está preparado para um amor assim, aquele amor que defendemos como sendo o único, o puro, o genuíno. E porque o defendemos, e porque sabemos de antemão que este será o primeiro, nasce o medo. O medo que é calado, que não se denuncia.
Deixamos que os dias corram, que o tempo faça o que tem a fazer. Não escondemos o que sentimos, mas também não o dizemos.
Imagino o desfecho. Seremos capazes de o aceitar, de finalmente, sermos nós próprios, estando um com o outro?
Com os defeitos que ambos conhecemos um no outro e os restantes que ainda não tivemos tempo de conhecer?
Com as qualidades que já adoramos e todas as outras que certamente sobressairão depois?
Diz-me, que desfecho prevês?
Seremos capazes de aceitar o desafio que, inevitavelmente, nos trará a felicidade?


© Alexandra Carvalho

quarta-feira, 5 de outubro de 2016


Aproximas-te devagar e o meu corpo estremece. O teu sorriso encontra o meu e é inevitável, fico sem jeito.
Pergunto-me se percebes? Se o meu corpo me denuncia, se a minha voz trémula sobressai?
Tento controlar as minhas emoções, dou ordem aos meus sentidos para que se estabeleçam.
No fundo, queria o teu beijo. Não sei se o terei, mas intimamente, desejo-o.
Desejo o teu toque pelo meu rosto, pelo meu cabelo. O toque a dizer que sentes o mesmo. O sorriso que comprova que me encontraste, que já me encontraste. Que me consegues ler, que leste desde o início.
E para mim, por ora, bastava isso.


© Alexandra Carvalho

domingo, 2 de outubro de 2016

Auto-análise



De vez em quando é preciso parar.
É preciso parar e olhar a direcção que deliberadamente ou não estamos a tomar na nossa vida.
Hoje, eu parei e olhei para o meu caminho. Acho que não estarei assim tão mal. Ainda assim, momentos há, de vulnerabilidade e nostalgia, em que penso que não pode ser só isto.
Sinto que ainda me falta todo um processo que me proporcione alcançar a minha verdadeira missão terrena.
O coração sente-se pequeno.
As palavras inundam-me imensas vezes, algumas, passo-as para o papel, outras não. Deixo-as fazer o trabalho que é suposto, são palavras minhas, exclusivas para que medite sobre as decisões que venho tomado e que todos os dias tomo.
Deixo que façam a cura que preciso. É naquele preciso momento, que surgem em debandada, que uma das maiores decisões é feita. Escolho entendê-las e seguir a jornada, ou ignoro-as, e tudo continua igual.
Nem toda a opção parece fácil, há caminhos que se assemelham mais complexos e sinuosos. No fim, somos nós que os fazemos assim ao atribuir essa conotação. É o medo.
Para evoluirmos, precisamos não ter medo.
A vida faz-se com mudanças, se assim não for, não viemos cá fazer nada nem aprender nada.
Olho para trás e há memórias que parecem ter sido vividas por outro eu, que não é este de agora. Mas isso, deixa-me feliz. A evolução acontece, ora lenta, ora mais acelerada. Mas acontece.
Hoje, o coração sente-se pequeno. Estarei a caminho de outro patamar, que não cabe neste eu? 

© Alexandra Carvalho