sábado, 20 de outubro de 2012

Medos

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As montanhas já não
Parecem tão altas,
As nuvens entrelaçam-se
Com os meus sonhos,
Com o céu, que acredito
Existir…
Não sei quando para aí vou,
Sei que não tenho medo.
Tenho mais medo,
De não atingir as metas
Que preciso,
De não aprender
O que a vida tem para me ensinar.
Tenho mais medo,
De não conseguir corrigir
Os meus mortais erros.
Mas este, foi o corpo
Que escolhi, a história
Que aceitei viver…
E se me perco,
Em algum momento
Irei encontrar-me…
Afinal, as montanhas
Estão ao meu alcance,
E as nuvens abraçam os meus sonhos.

© Alexandra Carvalho

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Deixa-me


E continuas a fazer-me
Gastar palavras,
Palavras e tempo.
Duas coisas que
Não tenho interesse algum
Em gastar contigo…
E gasto-as, e ainda assim,
Não as consegues perceber.
Ingenuidade?
Falta de amor-próprio?
Tudo te parece faltar,
Acorda, não te quero dar
Mais nada…
Liberta-te de quem
Nunca te pertenceu.
A carne não é tua,
Se o espírito nunca foi.
Acorda!
Vive e deixa-me viver.
Corta os laços,
Esquece o meu nome,
Guarda as memórias.
Encontra-te,
Porque eu, já me encontrei…

© Alexandra Carvalho

domingo, 14 de outubro de 2012

Sincronia

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Para já não queria muita
Coisa, talvez, o toque
De uma pele desconhecida;
Talvez um sorriso enamorado
De um qualquer estranho;
Talvez, quisesse amar…
Encontrar um sentido
Mais concreto e real,
Para a minha existência.
Haverá algum homem
Que me saiba amar,
Daquela forma utópica que ambiciono?
E será isso amor?!
Será apenas utopia?!
Corpo e alma em sincronia?
Em total sincronia,
Sem medos, sem tabus?
Cansei de ter ou um ou o outro,
Não me satisfazem,
Cansei de tolerar a insatisfação.
Agora quero os dois,
E não menos do que isso…

© Alexandra Carvalho

sábado, 13 de outubro de 2012

A história de Álvaro

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Lá estava Álvaro à janela, olhava o mar no seu esplendor, deliciava-se com o movimento ora suave ora brusco das ondas, que acompanhava fixamente.
Tinha deixado de tentar perceber o tempo, afinal, não era ele que o comandava, chegara à conclusão que era apenas mais uma marioneta, entre todas.
O tempo comanda-se a si próprio.
Esperto teria sido ele, se tal tivesse percebido, mais cedo, antes de tudo.
Teriam existido mais gargalhadas, mais desejos, mais sonhos, mais viagens, mais sentimentos, no fundo, mais vida.
É certo, o tempo anda sozinho, mas também é certo, que o tempo que perdemos, apenas depende de nós.
O erro de Álvaro, perdeu-se no tempo e sem dar conta, não aproveitou nada. Bastavam-lhe as perguntas, a busca incessante de respostas, tudo isso lhe preenchia. Estava errado. Como estava errado.
Quanto mais tempo dedicou às perguntas sem resposta, menos conseguiu perceber o tempo, leve, suave, algumas vezes veloz, outras nem tanto, algumas vezes sofrido, outras menos.
Álvaro passou por todos os estados e não sentiu nenhum.
A vida não é para ser percebida, a vida é para ser sentida.
Estamos cá, então, se estamos, vamos viver os pequenos e os grandes momentos que vão passando por nós.
O segredo era simples, óbvio e Álvaro, tinha rejeitado a simplicidade das coisas, como se fosse improvável que a vida fosse menos secreta.
Dali da sua janela virada para o mar, deliciava-se não só com as ondas mas com a paz que lhe preenchia o coração.
Não pensava em nada, não questionava nada.
A plenitude da vida tinha finalmente se mostrado, Álvaro aprendera a sentir…

© Alexandra Carvalho


quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Satisfação Ilusória

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Sinto-me cansada, deveras, de tão embrenhada que ando nas minhas confusões existenciais.
A vida é simples, e mentiria se dissesse, que a minha é diferente, não é. Passo é o tempo, a querer mais do que aquilo que tenho, a procurar, não sei bem o quê.
Afinal, talvez sejamos todos assim, ou não, há quem se satisfaça com a mesmice de todos os dias, com o marido imperfeito, a presença física dispensável, mas que ali está, com o namorado que nem sempre nos identificamos, mas que ali está, com os amigos, que nem sempre, o são verdadeiramente, mas que ainda assim, ali estão.
Basta isso, estar ali.
Talvez, o meu cansaço daí venha, de não me bastar o estar ali, querer mais do que presenças físicas insatisfatórias, alheias a mim, ou eu a elas.
Ainda assim, compreendo a atitude, somos humanos, não gostamos da solidão, mas cuidado, a satisfação, muitas vezes, é apenas ilusória, o coração permanece sozinho.


© Alexandra Carvalho