quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

À espera


Sombras de uma vida
Que nem sei se vivi;
Visões de um futuro
Para o qual penso que caminho.
Tudo aparece na minha cabeça.
Memórias e perspectivas,
De tanta coisa e de nada.
Caminho, vivendo,
Ou pensando que vivo.
No meu coração não tenho nada.
Será certo viver assim?
Com o coração preenchido de vazio?
Talvez, inconscientemente,
O tenha preenchido de pequenas coisas,
De emoções que nem sempre sinto;
Que nem sempre sei que sinto.
Afinal, talvez viva, caminhando.
E em cada estrada que percorro,
Vou recolhendo pequenas sementes,
Que mais tarde, crescerão.
Não tenho, talvez, o coração vazio;
Mas tenho certamente,
Um espaço livre a ser preenchido.
À espera…

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Peça de Teatro


Saíste ileso e silencioso
Da história que inventaste.
Personagens fictícias
De uma vida real;
De um sentimento real.
Não ganhaste nada
Nem tão pouco aprendeste nada.
O espectáculo durou pouco…
A culpa não foi minha,
Vesti-me da personagem
Que criaste, o tempo que consegui.
O coração fez-me despir
Do fato que não me assentava bem.
Saímos os dois ilesos e silenciosos,
Porque nem sempre
São precisas palavras
Para fechar o pano
E dizer adeus.

Silêncio... palavras


Nem mesmo se eu quisesse
Conseguiria calar as minhas palavras;
Nem mesmo se o mundo
Me impusesse o silêncio,
Eu conseguiria acatar a ordem.
Pô-las-ia numa gaveta escondida
Num armário qualquer da vida.
Mais tarde encontrá-las-iam…
Só aceito o silêncio
Que eu própria crio;
Que eu própria desejo…
O resto quase não existe.
Na efemeridade da vida
Poucas vezes a minha voz se entoou,
Mas muitas vezes as palavras foram escritas.
E basta isso para a minha verdade
Perdurar no tempo.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Portugal


Portugal não me quer
E eu continuo a querê-lo…
Adormeço na esperança
De acordar no país que escolhi,
Num Portugal que não é este…
A frustração toma conta de mim!
Todos os dias é o mesmo país,
Aquele das promessas incumpridas;
Das palavras ao acaso;
Da corrupção quase genética…
Caminhamos para o flagelo;
Caminhamos como beatos
De uma religião sem futuro, sem crença.
Como bons pastores
Acreditamos no que é impossível de acreditar.
Portugal não me quer,
E eu, começo a não o querer também.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Memórias de um Ser Solitário

https://www.facebook.com/JCarvalhoPhotography
Continuavas ali sentado, quase como um objecto inerte. Prostrado em frente a uma janela sem paisagem, procurando na tua memória resquícios da vida que tinhas deixado para trás. Aquela vida que havias saboreado tão intensamente.
Estavas só.
Os anos haviam passado, mas jamais pensaste que a jovialidade, o sorriso aberto, iriam desaparecer juntamente com o tempo.
As memórias confundiam-se, umas com as outras, não tinhas mais a certeza se eram verdadeiras ou não.
Sentias o medo fervilhar dentro de ti, nos teus ossos gastos, no teu coração agora fraco, na tua cabeça confusa e cansada.
Não era medo da partida, do adeus à vida. Tinhas medo da solidão no momento do adeus, tinhas medo de descobrir que as tuas memórias eram irreais.
Afinal, estavas só. Para onde tinham ido todos? Em que momento te tinhas perdido deles?
Sentias, intimamente, que nem sempre tinhas estado só.
Os anos não haviam roubado apenas o teu sorriso ou a tal jovialidade que achavas ter para sempre. Os anos tinham-te roubado muito mais que isso, ficaste sem carinho, ficaste sem atenção, ficaste sem amor.
A tua pele franzida, o respirar ofegante e cansado, os cabelos brancos, o rosto marcado por uma existência longa e intensa, haviam afugentado todos aqueles que antes pareciam gostar de ti.
Estavas velho e estavas só.
Continuaste ali sentado, olhando para lugar nenhum, à espera do simples momento em que mais nenhuma recordação iria se confundir com outra.
Aguardavas apenas o momento da libertação e apesar da solidão, no teu coração ainda fervoroso, conseguias sorrir relembrando os rostos de quem um dia havia passado por ti. E bastava isso.
A libertação acabaria por chegar.

© Alexandra Carvalho

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Receptáculo


Esta sou eu e não sou,
Um simples receptáculo
De uma alma por compreender…
Não me encontram
Por detrás desta imagem;
Não me encontram
Nem quando tentam entrar na minha mente.
Tentam arranjar adjectivos,
Numa tentativa vã, de me definir.
E todo o erro aí permanece.
Não existo para ser definida;
Não existo para ser desvendada…
Existo porque quero existir;
Existo porque escolhi existir…



terça-feira, 7 de fevereiro de 2012


Olhar vago,
Sorriso sombrio…
Uma estrada vazia;
Uma escada que não leva
A lugar algum…


segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Que orgulho da minha maninha


Mais uma vez conseguiste captar a essência.
Não é qualquer pessoa que sabe fazê-lo.
Adorei esta fotografia.
E não me canso de dizer que tens imenso talento.

Passem por lá, tenho a certeza que vão adorar todas as fotos.

https://www.facebook.com/JCarvalhoPhotography

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Estou e não estou aqui

Mais uma vez sinto-me longe das palavras.
Acho que sorrateiramente elas fogem de mim, ou eu delas.
Não me apetece escrever, não me apetece extravasar nem sentimentos, nem emoções, nem pensamentos.
Estou e não estou aqui.

© Alexandra Carvalho