quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

 

  

Quem me conhece sabe que durante este tempo pandémico, tentei sempre não entrar em extremismos. Tinha os cuidados necessários, mas não deixei que isso me afectasse o meu dia-a-dia profissional e pessoal. 

Confiei sempre que até poderia eventualmente vir a ser infectada com a covid-19, mas não sem antes, cumprir a missão que tinha. Porque acredito que todos temos uma, ou mais do que uma. 

Testei positivo agora, quando tudo está mais calmo apesar do número elevado de casos por dia. 

Os sintomas foram leves, e sou grata por isso. 

5 dias em casa, que no meu caso coincidiu com uma semana inteira de trabalho. 

Dizer que se passa bem 5 dias fechada num quarto é mentir. O primeiro dia se calhar sim, o segundo também se tolera, chega ao terceiro dia e começas a saturar e aquele espaço que consideravas o teu cantinho especial na casa passa a ser pequeno e aborrecido. 

Nesse tempo já organizaste todos os documentos que tinhas para organizar, os livros já não te estimulam e pões séries na Netflix, mas já nem estás assim tão interessada nelas. 

 Estar em casa por opção e estar em casa por obrigação é o que te faz perder interesse em tudo o que gostavas de fazer até então. 

Não escrevi nada para além deste texto e este, já quando tinha terminado o isolamento. Pensei em tanta coisa durante estes dias, mas nada tão dramático que me fizesse sentido passar para o papel. 

Acima de tudo, sou grata por todo o processo. Por não me ter ido abaixo. Sou asmática e não vou negar que me passou pela cabeça que se apanhasse, podia passar mal. Felizmente não passei. 

Mas continuo a afirmar, nós passamos pelo que temos de passar, nada é aleatório. Resta-nos é saber tirar as lições de tudo o que nos acontece. 

Obrigada mãe pelo tempo, pela paciência, pelo cuidado. 

Pelo amor (e este sei que não se agradece). 

© Alexandra Carvalho 16/01/2022 – Ponta Delgada