sábado, 31 de outubro de 2020

 


Sob o olhar da lua penetrante fui buscar a minha essência. Dias há que se perde do corpo, não sabe o que faz nem o que quer fazer.

Na penumbra deste mar que tanto sou devota já havia tentado encontrar-me.

Olhei para as ondas imensas que se afiguravam à minha frente e pedi abrigo.

Em 2019, no dia 31 de Dezembro de 2019, estava longe de imaginar como seria este ano. Não fiz planos, raramente os faço. Mas pedi Luz e calma para enfrentar os obstáculos que aquele novo ano iria trazer e que pelo caminho eu não me perdesse.

Que sempre tentasse fazer o melhor, ser a minha melhor versão.

E veio este ano. Para todos, desafiante.

Para mim tem sido uma aprendizagem e acima de tudo um confronto com todas as fragilidades postas à luz do meu olhar.

É aqui que percebemos a nossa evolução, quando os desafios acontecem, quando somos postos à prova.

Quando o confronto é inevitável.

Nós somos isto.

E já sabíamos que éramos assim?

Somos capazes de melhorar?

2020 parece ser o ano dos acertos, que através das falhas vão pondo tudo no lugar.

Continuo a tentar ser a minha melhor versão.

Mas sim, dias há que a penumbra obscurece a luz, mas se existe, ela sempre conseguirá voltar a brilhar.


© Alexandra Carvalho

29-10-2020


quinta-feira, 23 de julho de 2020



A vida dá quando percebe que estamos preparados. Não tenho dúvidas disso, para o bem e para o mal.
A verdade é que às vezes queremos viver um amor digno de filme, mas ainda não estamos preparados para isso. Às vezes, a vida dá-nos coisas menos boas, mas a verdade é que estávamos preparados para elas. Soubemos entender o porquê e juntar os cacos que, entretanto, se fizeram.
E mesmo quando chega aquele amor, que já pensávamos não existir, vem recheado de desafios, obstáculos. Mas, sim, porque estávamos preparados para isso, para viver a intensidade de um amor, junto com toda a adversidade que ainda o amplifica mais.
Se há coisa que aprendi nestes meus 36 anos de existência, é que nada do que não seja para nós, fica. Todavia, quando passa, ensina. Se estivermos receptivos a isso, sem o peso da revolta ou da desilusão, conseguimos crescer imensamente.
Tento sempre encontrar as razões, e mesmo quando não as encontro, tento aceitar e seguir. Não criar mágoas pelo caminho.
Tudo o que vivemos, era necessário.
O ser humano melhora quando se debate com problemas que fazem estremecer a sua estrutura emocional. E melhora porquê? Porque é nos problemas que somos confrontados com o nosso eu, com todas as especificidades internas que não tínhamos conhecido. Mas elas estavam lá, estiveram sempre.
O meu lema agora é sempre o mesmo.
Percebe o porquê, aceita e continua o caminho. Mas no processo, não te revoltes com ninguém, porque estamos todos na mesma jornada, a aprender com os tropeções do Universo.
Mantenho o sorriso, por dentro e por fora. E deixo que seja sempre a serenidade a ditar as minhas escolhas.
E sem dúvida, que é bem melhor viver assim.
Sou apenas um ser humano a caminhar.

©Alexandra Carvalho

sexta-feira, 8 de maio de 2020



Será este o lugar,
Onde o teu abraço encontra o meu?
Será este o lugar,
Onde o teu sorriso amplifica o meu?
Sei que agora é,
Sei que o Universo todos os dias me diz que és tu.
O ser humano que me confronta com os meus medos,
Que me desafia, que me desperta para mundos outrora não ambicionados.
Será este o lugar,
Onde a essência vibra por si só?
Será este o lugar,
Onde o teu calor amplia o meu?
Sei que agora é,
E isso basta.

© Alexandra Carvalho

domingo, 29 de março de 2020



Interessa-me manter o sorriso, interessa-me manter a confiança no amanhã. E isso mantemos quando acreditamos, desde sempre, que o ser humano é melhor do que aquilo que tem mostrado.
Há uma escolha sempre, ou decidimos ser melhores, ou decidimos ser piores. E não vale a pena fugir disto, nós somos todos iguais, a escolha é que nos diferencia depois. O momento em que decidimos as nossas atitudes.
Durante anos tenho defendido que precisamos escolher ser o melhor que pudermos, connosco e com os outros.
Durante anos tenho afirmado que precisamos estar mais tempo com o nosso eu. Muitas vezes ouvi assim, “Alexandra tens cá umas teorias”, ouvi gargalhadas também.
A verdade, é que sempre o fiz. O tempo que passo comigo é essencial para compreender o que fiz mal, para me perdoar e para perdoar os outros e seguir caminho. Este tempo comigo própria é fulcral para me conhecer até às entranhas. Defeitos e qualidades. Decisões acertadas outras menos. E compreender que as menos certas servem sempre para a minha evolução.
E como é bom estar comigo própria.
De repente, as circunstâncias levaram-vos a estarem convosco próprios. E já ouvi desabafos deste género, “eu nem sei estar comigo, a minha vida toda é externa”. Todo o erro está aí. Nós para convivermos externamente e estarmos no externo, precisamos primeiro de estar connosco, sabermos bem quem somos e o que queremos para a nossa vida.
Precisamos, principalmente perceber que o amor vem de dentro, Sempre.
E no fim, sinto que precisamos compreender todos que a vida só tem sentido quando é o Amor que nos rege.

© Alexandra Carvalho


De repente, vimo-nos forçados a encarar uma nova realidade. Para uns, o choque foi imediato, para outros está a ser gradual.
Primeiro, há a negação. Porque o coração não quer aceitar embora a mente já o tenha feito.
Eu tinha uma viagem agora em Abril, que já cancelei. Não ia de férias para nenhum lugar exótico, nem ia para Lisboa às compras, nem ia só por ir. Com aquela premissa, tenho de sair da Madeira de vez em quando. Eu gosto muito da Ilha da Madeira, estou bem cá.
Eu ia, porque o meu amor não está à distância de um túnel.
No meio deste turbilhão de medidas preventivas que tento cumprir à risca, porque faço parte dos grupos de risco, porque tenho o meu pai idoso em casa com algumas patologias, eu precisei encarar e equilibrar o meu coração.
Não sabemos quanto tempo tudo isto vai durar.
Então os dias têm de ser vividos assim, um dia de cada vez.
Tento não perder o sorriso, tento não perder a minha serenidade e acima de tudo, tento não perder a minha capacidade de empatia e de pensar no outro.
O amor, sendo amor não morre assim, fortalece a cada dia, com a saudade que cresce, com o companheirismo e com o apoio, que damos um ao outro.
Para já, basta apenas uma coisa, cuidarmos de nós e dos outros.
No fim, tudo vai passar. 🍀🍀

© Alexandra Carvalho
18/03/2020

Encontramo-nos no tempo certo para nós,
E tão incerto em outros pontos.
Não me foi roubado o amor, mas alimentam-se os medos.
Encontramo-nos num tempo errado,
Num tempo de bloqueios e obstáculos.
E que obstáculos!
A distância.
Sinto-te todos os dias,
Vejo-te todos os dias,
Ainda assim, o meu toque pede por ti,
Pelo teu rosto, pela tua pele.
Não nos foi roubado o amor,
E só por isso, sei que tudo está certo.


© Alexandra Carvalho
11/03/2020
Dias há que o medo me invade.
E as certezas viram dúvidas.
Solta-se na minha boca
as palavras,
Meu Amor!
Ficam, no entanto, presas.
Não as consigo gritar.
A cada inconsistência ou incompatibilidade, retraio
O sentimento que já existe.
Afinal, terei medo de nós
Ou de mim própria?


© Alexandra Carvalho
25/02/2020

Falei contigo durante anos,
ouviste-me quieto.
Calado e sem pressa.
Quando deixei de te falar,
soubeste que era a hora certa.

Estava pronta para ti.
Apareceste.
Sempre que uma alma
reconhece a outra,
sabe que é ali que quer ficar.
Encontramos o nosso lugar.


© Alexandra Carvalho
09/02/2020

sábado, 25 de janeiro de 2020




O som era estridente. A chuva caía que nem pedras tumultuadas numa estrada de vidro.
Acordei e senti-te, perto e tão longe ao mesmo tempo.
Talvez não soubesse há muito o significado da saudade.
Hoje, ao som da chuva que me invadia o coração, não tive medo e disse, tenho saudades tuas.
O coração ficou mais leve e a chuva, forte ainda e estridente, acabou por me embalar novamente na noite.

© Alexandra Carvalho



Não somos só contornos de um ser na sombra. O segredo é ver para além da sombra.
E se alguém sem ver ainda assim conseguir ver. O segredo estará desvendado.

© Alexandra Carvalho



Entre o espaço da tua pele e da minha, um abismo tenta atrair-me.

Olho de relance e repele-me.
Por ora, não caio.
Até a tua pele se juntar à minha.



© Alexandra Carvalho