terça-feira, 17 de dezembro de 2019

O Natal


O Natal, a mim cheira a casa da avó, cheira a tias, a irmãos, a família.
Eu vivi em duas casas, bem, mais do que em duas casas, mas as que considero como parte integrante da minha existência são estas, a da avó e a minha. A dos meus pais, vá.
Eu fui uma criança travessa, esperta e muito curiosa. O Pai Natal foi desmascarado por mim muito cedo. Se tenho pena disso? Talvez não tenha, para tudo há uma razão.
Mas o Natal está longe de ser apenas isso, o Pai Natal, a chaminé e as prendas.
O Natal é o calor dos humanos que nos rodeiam e que nos preenchem até ao âmago.
O Natal é o presépio, sempre bonito que as tias fazem que de ano para ano, muda qualquer coisa, mas mantém a sua essência.
A avó já não está cá, mas a casa mantém-se, as tias mantêm-se e que bom, que assim é.
O presépio, carrega ainda a história de outrora.
A história da menina curiosa que gostava de ver as tias a fazer o presépio ou a mãe a fazer as broas. Sem presunção nenhuma, a minha mãe tem um jeito danado para isso. Ou não fosse ela a minha mãe, tudo está na dose certa, porque vem dali, do ser que mais nos ama.
O Natal é agora, constatar a ausência dos avós, das prendas que são outras, do tempo que se alterou.
Dizer que queria que tudo fosse tal e qual, não é verdade. Porque a vida, tem de ser alterada para que possamos crescer. E principalmente, para valorizarmos tudo o que vamos vivendo com estes seres humanos que aceitaram partilhar tempo connosco.
O Natal é apenas isto, amor.

© Alexandra Carvalho

sexta-feira, 1 de novembro de 2019

Falácia




Cai por terra tudo o que defendemos, quando a vida nos atraiçoa e percebemos que não somos nada. Peças ambulantes de um destino traçado antes de tudo.
Tudo o que pensei já ter aprendido, afinal não aprendi.
Toda a evolução que pensava já ter vivido, afinal não vivi.
Porque os obstáculos caem que nem flechas ou balas sobre mim e não sei lidar com eles.
Fujo, não encaro e nem quero encarar.
Não aprendi a lidar com a mudança, muito menos com a minha.
Não sei gerir as imposições nem mesmo as que são para o meu bem.
Ontem disse, vamos ver como será o amanhã, e este hoje foi pior do que pensava, não volto a dizer, como será o amanhã.
Não antevejo boas coisas, e o sorriso, que achava intrínseco a mim afinal não passa de uma falácia.


© Alexandra Carvalho

quinta-feira, 26 de setembro de 2019

O Julgamento



Falava eu hoje de perdão e de julgamento. Porque cada um de nós, está no seu caminho, no seu ponto de evolução.
Não estamos todos no mesmo sítio. Mas isso, não nos transforma em melhores ou piores.
Leio com frequência sobre espiritualidade, e se houve um tempo em que me resguardava, agora não vejo sentido em fazê-lo.
Não podemos nos julgar ou aos outros, pelas nossas convicções.
Falava eu de perdão e de julgamento, porque em temas de amor, é fácil pender para um ou para o outro.
Se magoa, facilmente julgamos e dificilmente perdoamos.
Não estamos mesmo, todos, no mesmo lugar.
Cada um age como consegue agir, e o seu melhor, pode sim, magoar outros. Como nós próprios, no nosso melhor também o podemos fazer.
Vou entendendo, porque assim a vida vai ensinando, que a mágoa ou a falta de perdão, só dói em nós mesmos.
Faz-nos mal, corrompe-nos por dentro e nesse estado, algumas vezes deixamos de nos reconhecer.
Não vale a pena!
Deixemos para trás quem tivermos de deixar, deliberadamente ou não.
A vida, mais cedo ou mais tarde, encarrega-se de juntar todas as peças que precisam ser alinhadas.
Deixemos então o coração livre para que o puzzle se possa completar.

© Alexandra Carvalho
24/09/2019

Fotografia: https://www.facebook.com/JCarvalhoPhotography/

Não sei quem és,
Mas invades o meu espaço cada vez mais a cada dia.
Não sei quem és,
Mas reconheço o teu olhar.
Não sei quem és,
Mas o meu sorriso responde ao teu.
Não sei quem és,
Mas o teu toque acelera-me o coração.
Não sei quem és...

© Alexandra Carvalho 
05/09/2019

sábado, 20 de abril de 2019

Depois da constatação



Talvez assuste mesmo,
porque sou estas todas e ainda mais. 
Se tens medo apenas de uma ou duas destas que conheces,
quanto mais de todas as restantes?
Sabes, tu também não és só esse.
És esse, que mostras, e todos os outros que te definem enquanto ser humano.
Basta não ter medo de ser quem se é.
Se souberes lidar com os teus eus, 
também saberás lidar com os meus eus,
e de toda a gente que se atravessar no teu caminho.


© Alexandra Carvalho

As épocas religiosas




As épocas religiosas, há muito deixaram de representar o que representavam para mim no passado. Muito porque, no decorrer dos anos fui vivenciando momentos e experiências que me mostraram o ser humano tal como é, no dia-a-dia.
Defeitos temos todos, e ninguém que afirme que esteja acima de alguém, estará. Na verdade, é bem provável que esteja abaixo na cadeia evolutiva.
Todos os dias, há escolhas que precisamos fazer. Umas vezes decidimos pela melhor, outras vezes decidimos por aquela que pensamos ser a melhor, outras vezes, decidimos de facto, pela pior escolha a ser feita.
Mas é isso que cá estamos a fazer. Estamos cá para viver, para falhar, para aprender e acima de tudo, para recomeçar a cada tropeço e evoluir.
E porque então, as épocas religiosas já não têm o mesmo significado? Porque já não acredito em frases, em desejos que não passam de palavras moralmente aceites e padronizadas. Porque o coração, ao longo de todo o ano, não escolhe ser melhor, nem tão pouco lembra daquelas frases feitas usadas à mercê de um Deus, que elas próprias não seguem.
Dizem acreditar, mas na verdade não acreditam.
Viver é realmente difícil. Porque estamos expostos à dualidade. E sim, a tendência a resvalar é enorme, porque é isso que a dualidade faz.
O grande mistério de cá estar, é conseguir amar incondicionalmente. Que difícil é! Porque as pessoas tendem a nos mostrar o pior de si, tendem a nos fazer sofrer. E nesses momentos que precisamos escolher, entre aceitar que também precisamos viver aquilo para sermos melhores ou renegar a dor, e ver aquele ser humano, como o pior dos piores. Consideramos injusto, quando na verdade também já fomos injustos ao longo desta vida, com tantos seres humanos. E por isso, muitas vezes escolhemos o lado errado.
De vez em quando cansa, e há uma pergunta que timidamente aparece.
Não estás cansada? Não te apetece voltar a casa?
Resposta rápida e sem precisar ponderar muito.
Estou. Muitas vezes apetece voltar a casa, mas outra resposta também surge, não é a altura.
Muitas experiências faltam. Muitas emoções não foram vividas. Ainda não sou aquele ser humano que preciso ser.
Mas é com calma. Sem renegar a dor, sem crucificar quem passa pelo meu caminho.
Somos todos seres, com uma missão. Cada um a aprender consoante o que consegue.
Uma coisa é certa, não são as datas assinaladas que nos fazem chegar lá.
Todos os dias precisamos tentar chegar lá.

© Alexandra Carvalho

quarta-feira, 3 de abril de 2019



O coração por vezes apetece parar.
Fazer uma pausa até que as coisas aconteçam.
Na verdade, apetece mas não é isso
Que esta alma quer.
A cada respiração ofegante ou prolongada,
A vida esfuma-se e reaviva-se.

Não estive tão plena
Desde há muito tempo.
Que grata.
Gosto do som que emite lá fora,
E gosto, porque cá dentro
Vou compondo melhor a minha história.
Arrependimentos, terei sempre.
Tal ser humano que sou!
Mas agora conheço melhor
A essência que tenho desde sempre.
Conheço e admiro;
Conheço e amo. 
E isso basta para que só apeteça 
Parar o coração, mas não desejar 
Que ele realmente pare.

© Alexandra Carvalho
02/04/2019

sábado, 23 de março de 2019

O meu maior amigo


Não me fazes falta,
Mas incomoda-me saber que te perdi.
Há um espaço que ficou vazio.
Era teu.
O de melhor amigo.
Continua vazio.
Porque na vida percebi,
Que pessoas são insubstituíveis.
E amigos, ainda mais.
Não vou pôr outro,
Porque o que vivi contigo,
Foi apenas contigo.
As longas conversas, tive-as
Apenas contigo.
Mas sim, não me fazes falta.
E tenho a certeza que eu
Também não te faço.
Tais seres independentes que somos.
Aquele espaço ficará ali,
Passe o tempo que passar.
Se voltares, voltas para
O teu lugar de direito.
Se não voltares,
Ficará em mim a doce memória
Do meu amigo maior. 💛

© Alexandra Carvalho
18/03/2019

quinta-feira, 14 de março de 2019



Nem sempre o caminho é fácil. Nem sempre entendo os sinais. Vou fazendo asneiras, vou corrigindo. Não desisto fácil. Talvez, devesse desistir de vez em quando. Nada que se force, vale a pena, afinal. Mas esta minha essência, faz-me sempre acreditar mais um pouco, caminhar mais um pouco. Até que mude de direcção. E quando mudo, não volto ao antigo caminho, nem às antigas pessoas. Foram. Deixam de ser necessárias. Vou sozinha sempre, pelo meio envolvo-me com outros seres humanos e deixo que eles também se envolvam comigo. Mas o caminho, esse, é sempre sozinha. Somos nós, seres humanos, seres sós. Gosto de ser assim. Gosto desta solidão, gosto também quando abro espaço e deixo que entrem nos meus dias. Já não deixo que entrem e fiquem se for para me desassossegar. Não sei viver no conflito e muito menos sei viver sem harmonia.
Reconhecem-me fácil, se estiverem abertos a isso. Senão, sou um enigma até para quem partilha os dias comigo. Sou o que sou. Não quero ser outra, e que bem sabe, ser quem sou e não ter medo disso.
Paz é a palavra chave.
Evolução é a constante.
Amor é a resposta para tudo.

© Alexandra Carvalho

sábado, 23 de fevereiro de 2019

Uma espécie de carta de amor




Dei por mim a pensar que me estava a conter. A não usufruir do direito da liberdade de expressão. E porquê? Não há nada mais belo do que afirmar um sentimento que é puro.
Sabes a que sentimento me refiro? O sentimento que despertaste em mim?
Primeiro, falar-te-ei como me apercebi. Porque a história também está nos pequenos detalhes.
Chamou-me à atenção, inicialmente, a tua beleza física, mas esse, foi o primeiro quesito que deixou de ter importância mais cedo.
Dizias todas aquelas afirmações sobre mim, que primariamente, irritavam, depois passaram a fazer todo o sentido. Despertou-me o interesse, saber que eras diferente (embora em alguns aspectos, tão igual a todos os homens).
Foram passando as semanas, os meses, tivemos percalços, direi mesmo que estivemos na iminência de nos perdermos de vez. Acho que sabes e que sentes o mesmo! Não aconteceu. Reaproximamo-nos, com uma ligação que foi crescendo e tornando-se mais forte. Corrige-me se estou errada.
Veio o brilho no olhar. Que se tu não vias (não vês), todos à volta viam.
O olhar dela brilha quando está com ele, quando se aproxima, quando lhe fala, quando lhe sorri. Talvez, eu própria ainda não tivesse assimilado o facto, e todos, próximos a mim, já me tivessem diagnosticado.
Estava a apaixonar-me. Sim, leste bem, por ti.
No dia-a-dia fui constatando pormenores, coisas que se me afiguravam e inconscientemente, eu comentava, se ele visse isto, ou, quando ele vê algo do género diz isto.
Inevitavelmente, estava imersa em ti.
Lembras-te quando te pedi para me arregaçares as mangas, estava eu na tua cozinha, a lavar a loiça? Tu vieste e puseste-te atrás de mim, eu senti o teu corpo no meu, estremeci, toda.
Pensei, porque é que ele me faz isto? Não podias ter ido pelo lado, como toda a gente?
Quase, com os meus sentidos despertos, virei-me para ti para dizer, não consigo mais, beija-me. Não o fiz. Nesse preciso instante, relembrei uma mensagem tua a dizer-me, tu não tens hipótese comigo.
Dei um travão aos meus sentidos e pensei estar a dar também ao sentimento.
A base de tudo isto é a nossa amizade, a nossa ligação emocional, as nossas semelhanças que nos aproximam e as diferenças, que as conhecemos e aceitamos. A outra pessoa não tem de ser igual a nós, nem moldar-se a nós, para gostarmos dela, pelo contrário, tem de ser genuína, afinal, é isso que a diferencia, e é isso, que faz com que nos sintamos bem com ela.
Estes dias, tens reafirmado várias vezes, somos amigos, ela não conta porque é amiga, ou então, falas-me em engates. Não é fácil ouvir. Principalmente, porque a cada toque inocente teu, a cada olhar que me invade, eu me atrapalho, tal mulher apaixonada!
E não imaginas o que é sentir o simples toque do teu braço no meu!
Intimamente e conscientemente, sei que não me vês da mesma forma, ainda assim, sei que gostas de mim, pelos actos, pela tua disponibilidade.
Tenho ouvido os amigos próximos, as amigas, é consensual entre eles, afasta-te dele, ele não sente o mesmo e a cada contacto, tu envolves-te mais.
Não o fiz, contra tudo e contra todos. Já sabes que tenho a propensão de fazer o que todos os outros não fazem e ir por aquilo que penso e quero.
Mário Quintana diz: “A amizade é um amor que nunca morre”. E porque gosto de ter-te na minha vida, de todas as partilhas que fazemos, vou primar por isso, pelo amor que nunca morre.
Os amigos, mais uma vez, consensuais, acreditam que depois de confessar o que sinto, perderei a amizade, que tu irás afastar-te. Eu acredito, se te conheço, como penso que conheço, que irás frustrar as suas convicções. No entanto, perceberás que esta era uma confissão fundamental se quisermos subir mais alguns degraus do patamar que já estamos.
As amizades não prevalecem com sentimentos oprimidos ou reprimidos e com falta de verdade.
Em algum momento, eu deixaria de ter forças para combater o que sinto por ti e aí sim, a amizade morreria, para sempre.

© Alexandra Carvalho
12/11/2016


terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Duas almas




Quisera eu a indiferença
Da tua presença,
Aquele aproximar que nada diz.
Temo que ainda diga.
Muito mais do que permiti conscientemente.
Mas de onde tirei a ideia
Que é possível permitir
Seja lá o que for,
No campo dos sentimentos?!
A cada acaso ou partida do Universo,
Que me faz confrontar
Com o teu rosto, com o teu sorriso,
Com o teu olhar,
Compreendo um pouco mais
A minha história e as emoções
Que tenho de aprender a moderar.
Há um passado que me persegue,
Silencioso, quase esqueço que o tenho.
Mas tenho!
É esse passado que tu relembras.
E é esse passado que tenho de olhar de frente,
Sem medo algum.
Lá atrás era eu,
Agora também.
Eu sou o passado,
E sou este presente.
Os dois eus formam
Um eu que se completa a cada confronto interno.
Não serás indiferente, jamais,
Percebo agora
Que quando alguém quebra
A barreira da indiferença,
Ela nunca mais volta a existir.
Duas almas encontram-se
Sempre por alguma razão.
Duas almas, em que a história
Pode permitir ser partilhada, ou não.
Nunca um encontro de almas
Será em vão.
Incomodas-me agora
Um pouco menos do que ontem,
Amanhã incomodarás menos ainda
E quando os dias se tornarem leves,
Perceberei que a tua alma foi embora,
E a minha, deixou-a ir.

© Alexandra Carvalho

sábado, 19 de janeiro de 2019

A avó Piedade




Nunca pensei muito na minha avó Piedade, desde o momento que ela partiu deste plano terreno. Lembro que na época sofri. Não poderia ser diferente, claro.
Vivi os anos principais do meu crescimento com ela. Com menos mimo ou com mais, fez parte do meu percurso.
Recentemente, dei comigo a falar dela, e a falar com carinho, das pequenas coisas que fez por mim que afinal eram grandes.
Nunca sonhei com ela, mas a verdade é que as minhas noites devo passá-las nalgum outro plano, porque raramente lembro dos meus sonhos.
No outro dia, dizia eu que não apreciava arroz, o que é verídico, mas essa afirmação remeteu-me para o passado.
Dos dias que vinha do colégio à hora de almoço, e passava por lá, na casa da avó. Ficava a caminho da minha, continua a ficar.
Ela dizia assim, “ah Alexandra a gente não tem nada de especial, se a gente soubesse que vinhas”, mas logo depois, dizia assim, “espera, temos ali um arrozinho do almoço de ontem, a avó vai fritar um ovo e comes com o arroz, queres?”. Eu queria sempre, não pelo prato propriamente, mas porque ali eu estava em casa, como se não tivesse saído de lá.
A minha avó Piedade não foi aquele tipo de avó carinhosa ou afectuosa, tinha lá o seu feitio, mas acho que gostava de mim.
Lembro de ser uma miúda, sempre gostei de ler em voz alta, ela gostava de me ouvir ler, do meu tom, da minha expressividade nas palavras, pedia até que eu lesse para ela. E eu lia.
Acredito que com o seu jeitinho peculiar, era uma forma de me dizer que eu era especial para ela.
Perdia-a quando estava na Universidade, recém-chegada a uma vida nova e diferente. A perda foi sentida, à distância. E quando regressei de férias, não falei muito sobre isso, mas aquele lugar onde ela se sentava, a cadeira onde se sentava fazia-me desviar o olhar. Intimamente tinha saudade.
O tempo passou, seguimos caminho, sabemos que a vida é feita desta forma, de pessoas que estão na nossa vida e depois vão embora. Ficam as memórias, as boas, as menos boas e algumas tristes.
Uma coisa é certa, jamais vou esquecer o arroz com o ovo frito.
Obrigada avó.

© Alexandra Carvalho

quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

Até 2019



De ano para ano, tentamos não levar bagagem, ou pelo menos tentamos só levar para o ano novo a bagagem que interessa.
Sabemos todos que não funciona assim.
Nós somos a soma das nossas vivências, das pessoas que se relacionaram connosco, dos sentimentos despertados, das emoções vividas.
Nós somos tudo isso. O mais sensato é aceitar, é entender.
Com o aproximar do final do ano, pensamos um bocadinho mais sobre estes assuntos, mas é ao longo do ano que trabalhamos em nós próprios, nas nossas conclusões, nas nossas decisões.
Dizer que esperamos ter um ano novo assim, com isto e aquilo, não é sinónimo de nada, se por dentro ainda somos os mesmos seres humanos. Aquele ser humano que ainda não aprendeu a conhecer-se, e que nem tenciona evoluir.
Porque aquele ano, e todos os outros, vão trazer situações idênticas se nós não rompermos padrões.
E caramba, como tenho aprendido este ano a quebrar padrões.
E que difícil é!
Difícil e gratificante.
A cada padrão compreendido e quebrado a vida trouxe logo algo melhor.
Nem todas as amizades vão sobreviver, mas é mesmo assim. Estamos cá para vivenciar ciclos, e se num ciclo, aquela pessoa fazia sentido na nossa vida, e nós na dela, no próximo, poderá não fazer.
Desapego e amor incondicional.
O que mais aprendi este ano.
Os eventos foram sucedendo gradualmente, nuns momentos foi mais doloroso, noutros nem tanto. Fui caminhando com as lições e fui evoluindo.
A cada passo tento ser a melhor versão de mim. A melhor, naquela circunstância, naquela ocasião.
Aprendi a olhar para as minhas fraquezas, como sendo forças. Ao compreender isso, foi mais fácil criar mecanismos para ser uma pessoa melhor.
Não traço metas para o próximo ano. A vida sabe o que é melhor para mim.
Vou confiar.

© Alexandra Carvalho