domingo, 30 de dezembro de 2012

Mensagem de fim de ano

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E porque tenho estado ausente do mundo poético, decidi hoje, deixar uma breve mensagem para quem fielmente me lê. 
Não sei o que o próximo ano reserva, não se avizinham bons tempos em Portugal. Mas, não sinto vontade de pensar nisso. 
Devemos seguir o caminho que é o nosso, que cada dia se mostra para nós. Nem sempre, a vida é fácil, algo constante em todos os anos, em todos os tempos. 
Acredito que estamos cá por alguma razão, nem sempre nos encontramos nesta vida, nem sempre percebemos logo a nossa missão, mas, em algum momento, essa missão mostrar-se-á e saberemos o que fazer.
Então, desejo apenas que o próximo ano seja de iluminação, de reconhecimento, que saibamos nos reconhecer e aproveitar cada dia que escolhemos viver.

Feliz 2013!

Um beijo,

Alexandra Carvalho


sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Mar

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Segue veloz como o vento,
Imprevisível como a vida.
Uma imensidão de sonhos guardados,
Lágrimas incontidas,
Desejos inalcançáveis.
Tudo desagua ali;
Tudo começa e acaba ali,
No mar.


© Alexandra Carvalho

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Francisco Carvalho

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 Hoje, decidi dedicar tempo e palavras a um homem que não conheci, o meu avô Francisco. 
O homem, de quem provavelmente, herdei o gosto pela escrita, a facilidade nas palavras e na transposição de emoções.
E não o conheci porquê?
A história do meu avô é repleta de ambiguidades, controversas ou não, a vossa consciência ditará o melhor julgamento.
Ele nasceu noutro tempo, noutro século. Proveniente de uma família da alta burguesia, sem dificuldades financeiras e uma vida planeada e garantida.
Como membro de uma casa abastada, cedo viu-se rodeado de compadres e afilhados.
Boaventura, é a sua terra de nascença.
À época do seu nascimento, Boaventura já era freguesia, mas não assim há tanto tempo.
É de extrema importância que saibam isso, o meu avô nasceu no ano 1800 e tal, não sei precisar a data.
As palavras saltam-me já para o papel e apetece-me adiantar os factos, contar as vivências quase surreais que o meu avô viveu.
Mas, conter-me-ei um pouco.
Exigente, Francisco não casou jovem, as mulheres que conhecera, porventura não lhe terão agradado.
Com uma vastidão de terras herdadas e nenhum herdeiro para as herdar, não durante muito tempo.
Até que uma afilhada, uma jovem do povo, foi trabalhar para a sua casa. Piedade, a minha avó.
Francisco, com os seus quase 50 anos e a bela Piedade, analfabeta e menor de idade.
O meu avô encantou-se pela afilhada e empregada.
Agora, conseguem entender quando falei em ambiguidades?
Bem, mas calma, Francisco tem mais controvérsias, sem ser esse encantamento quase pecaminoso.
Ainda jovem, viu-se confrontado com um crime que não cometeu, e prisão, não fazia, de todo, parte dos seus planos.
A sua freguesia foi vítima de um incêndio de grandes proporções nas suas serras.
Por infortúnio, o meu avô havia sido visto a fazer uma pequena fogueira, precisamente no mesmo dia. Naquela época, bastava isso, uma testemunha ocular e a falta do verdadeiro culpado.
A partir daqui, caminhamos para o lado mais surreal.
Ele não queria ser preso, sentimento mais do que legítimo de quem é inocente, sendo que a única opção que surgiu, foi esconder-se. Apesar de toda a gente pensar que havia fugido da terra.
A família estava do seu lado, e tudo fez para o manter a salvo das autoridades e consequentemente da prisão.
Durante sete anos da sua vida, viu-se preso na sua própria casa e sem perspectivas de futuro.
A família cavou um buraco no chão da cozinha, onde apenas cabia uma cadeira e uma luz.
Com amigos nas freguesias vizinhas, nomeadamente, em Ponta Delgada. Cada vez que se avistava a polícia, por aquelas bandas, logo Francisco era avisado.
E nesse preciso momento, voltava ele para o buraco, preso na sua solidão e com a injustiça no peito, a fervilhar.
Durante sete anos, o meu avô não fez outra coisa senão isso, esperar pela justiça, ainda que tardasse.
Nos dias sem perigo, andava pela casa, mas isso não compensava a tristeza, de saber, que mais cedo ou mais tarde, voltaria para debaixo do chão da sua cozinha.
Pelo povo, surgiam rumores, boatos, o que teria sido feito de Francisco Carvalho?
Havia quem dissesse, que estava escondido numa pipa, ou pelo menos, teria sido transportado numa.
Não passavam de boatos, o certo, é que se mantiveram no tempo, e ainda há gente, hoje, que acredita em tal facto.
E por onde andava o culpado? Perguntam vocês, certamente. O culpado era cobarde, e o medo da prisão era bem maior que a culpa, de obrigar um inocente a perder a sua liberdade.
Todavia, no leito da sua morte, a consciência chamou-o à razão, o coração precisava libertar-se dessa culpa, e assim o fez.
O meu avô, estava finalmente livre. Mas, aparecer ao povo, saindo da porta da sua casa, parecia estranho, como se Francisco tivesse enganado a todos, e por tanto tempo. Não, ele arranjou uma forma bem mais ousada para ressurgir à sua terra.  
Veio de barco, com a sua barba por fazer, tal fugitivo que era, olhar injustiçado mas feliz. O povo aplaudiu-o. Recebeu-o com alegria. Principalmente, a longa lista de compadres.
Voltava à vida, que tinha deixado para trás, por imposição.
Trazia consigo, longos anos de reflexão, e muitos versos escritos, quando confinado àquele minúsculo esconderijo.
Sim, depois desta fase surreal e agreste, então surgiu Piedade.
Nesta altura, o mais óbvio, era que Francisco aproveitasse os prazeres carnais, como todos os outros senhores, era uma empregada, tal prática era comum.
Porém, Piedade era bela, um sorriso quente, um olhar furtivo, longos cabelos escuros, uma pele suave e um corpo exuberante.
O certo é que o meu avô, não era como os outros senhores. Encantou-se pela empregada e criou conflitos na sua família, mas fez o que o coração lhe pediu.
Esperou que atingisse a maioridade, e durante esse tempo, sem egoísmo algum, forneceu-lhe os estudos que lhe faltavam, numa escola privada, de freiras.
Piedade era inteligente, não foi difícil aprender.
Tanta carta trocada, tanta atenção, saudade, carinho. Não sei se amor também, temo que a minha acepção de amor seja diferente.
Francisco, superava assim, algumas barreiras. Piedade era plebeia, mas agora, era uma jovem estudada. Ainda assim, restava outra ambiguidade e limitação.
Piedade, era sua afilhada e a Igreja não permitia tal união. Desrespeitava os valores da moral.
Contudo, naquela época, por dinheiro, a Igreja, quase sempre abria excepções.
Tal como o período de abstinência na quaresma, os ricos que pagassem, podiam continuar a comer carne, o mesmo aconteceu neste caso.
Francisco pagou e no mesmo instante, já não era pecado casar com a afilhada.
Sabendo agora da história, é fácil deduzir o porquê de não ter conhecido o meu avô. A larga diferença de idades. Infelizmente, partiu sem conhecer o último filho e nenhum neto.
Apesar da distância temporal, sinto-o intimamente ligado a mim, é o mesmo sangue que corre nas minhas veias, que outrora correu nas dele.
Não existem recordações físicas, mas perduram as memórias intemporais, as histórias que viveu e toda a sua linhagem.
Francisco, apesar da aparência sisuda e austera, foi um homem apaixonado. E a vida, faz mais sentido, quando somos capazes de amar.
Obrigada avô pela tua existência e pela tua coragem.

© Alexandra Carvalho

Baseado numa história verídica.



Sentir

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Não se cala a voz,
É projectada nos meus ouvidos
E na minha mente, cada vez mais.
Não existem verdades, mentiras,
Que me satisfaçam,
E que me satisfaz afinal?
Provocar-me, talvez…
Perder-me, encontrar-me…
Talvez, apenas sentir,
Só quero sentir, e pouca coisa
Me dá isso…
Certamente, ninguém me dá isso.
Ninguém que eu queira,
Ou não deixo,
Ou terei deixado erradamente.
Aparece, encontra-me
E faz-me sentir…

© Alexandra Carvalho

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Amor nas entrelinhas


Poderia desejar muito mais,
Mas bastou-me o sorriso.
Não sou capaz,
Quero-te em silêncio,
E não sou capaz porquê?
Que barreiras criei eu à tua volta?
Racionalizo a tua presença,
Mas esmoreço com o teu olhar moreno;
Com a suavidade das tuas palavras.
Talvez jamais te sinta meu,
Mas manterei o teu sorriso,
E isso bastará por toda a vida!

© Alexandra Carvalho

Clinomania


Dói-me a cabeça…
A clinomania dominou-me.
Ah! Esta vida que nos
Empurra para caminhos
Indesejáveis…
Gosto mais do tempo
Que passo a satisfazer
A minha mania, do que
Olhando em volta.
A sociedade ignóbil,
Que nada me atrai.
Dói-me a cabeça,
Mas não de pensar;
Dói-me a cabeça
De tanto querer esquecer
A vida que não me satisfaz.

© Alexandra Carvalho

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Emigração, a partida

Imagem retirada da internet

- Carlinha, é tempo de ir embora. Sabes bem.
- Sei, as malas estão prontas, as pernas já pedem para andar, mas o coração ainda não me deixa ir embora.
Carlinha, no auge da sua mocidade via-se confrontada com a despedida. Ia embora. África do Sul estava à sua espera.
Os pais iam à procura da vida que a terra natal não lhes podia dar.
Mas, pensava Carlinha, que tipo de vida iria ter num lugar desconhecido, com uma língua ainda por aprender?
Era tempo de ir embora, bem o sabia, mas o que deixava para trás, sentia ser muito maior do que qualquer vida, que poderia viver lá.
- Carlinha, não vamos para sempre. Se Deus for bom connosco, voltaremos um dia. Vais conhecer amigos lá, és uma boa menina, talvez até te cases por lá.
Coitado, José falava apenas para reconfortar a sua filha única, o tesouro mais precioso. Mas o medo, também ele o sentia.
José não tinha estudos, o País não lhe dava trabalho, era preciso ir embora. Guardar as lágrimas apenas no coração, manter as saudades longe e ganhar coragem. Uma nova batalha avizinhava-se para todos.
Carlinha, porém, não estava convencida, tinha 17 anos, e via-se obrigada a esquecer as suas paixões, as suas amizades, a sua língua.
Iria seguir os pais, era incapaz de não fazer. Não queria ser mais uma filha deixada ao cuidado dos avós, como tantas outras. Não, ela iria.
Maio de 1930, o mês e o ano que jamais irá esquecer.
O fim de uma história e o início de outra.
Mais uma família que partia com o coração apertado.
Apesar disso, eram tão só, três cidadãos para acrescentar à enorme lista da emigração portuguesa.
Terá o País sentido falta deles?

© Alexandra Carvalho

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Assistente Social: fardo ou vocação?


Ando para aqui rodeada de questões, maioritariamente, profissionais.
Porquê Serviço Social?
Talvez consiga encontrar uma vastidão de argumentos para justificar a minha escolha, mas ainda assim, tudo permaneceria igual.
Se estou cansada? Sim, de facto, estou.
Cansada da procura, da falta de respostas, cansada de não estar a trabalhar. Tudo se resume a isso. A Falta de Trabalho.
Mas sim, questiono-me na mesma! Porquê Serviço Social? Talvez, pudesse ter percorrido outro caminho, outro curso superior que talvez já me tivesse aberto as portas. Mas tudo isto não passa de um simples talvez.
Não escolhi esta área profissional por mero acaso, para preencher todos os espacinhos do ingresso ao ensino superior, mas, muitos o terão feito.
Não foi de todo o meu caso. Ambicionava um trajecto na área social, muito antes do final do secundário.
Jamais pensei neste curso por puro assistencialismo, filantropia.
Pensei, primariamente, que o meu sentido aguçado de justiça, era necessário num país, que muitas vezes está privado dele.
Ingenuamente, acreditei que pudesse fazer alguma diferença, encontrar respostas para aqueles que apenas conseguem fazer perguntas. Dar visibilidade àqueles que, na maior partes das vezes, estão atrás de todas as luzes.
Lutar contra o que não está certo.
Todavia, depois de tanto tempo, em que nem portas nem janelas se abrem, surge a frustração, mas não só, surge também a descrença, e esse sentimento, acaba por ser fulcral na minha visão do país, onde nasci, onde estudei, onde vivenciei todas as minhas aprendizagens e onde pretendia viver para sempre.
A resposta, é por causa da crise, deixou há muito de fazer sentido. Cedo me apercebi, que muitos postos de trabalho são ocupados por vias duvidosas, favores, compadrios, partidos políticos.
E o resultado disto, é a falta de profissionalismo que por aqui anda, mas o país permitiu que assim fosse.
Quem sou eu para dizer que isso está errado?
As oportunidades têm de ser dadas a todos por igual, não podem existir favorecimentos.
Isso, efectivamente, não é Democracia e muito menos é, Justiça.

© Alexandra Carvalho

terça-feira, 20 de novembro de 2012

A história de Alexandrina


Esta é a história sobre a jovem Alexandrina, a doce menina que São Vicente viu nascer.
Poderia ser a história de qualquer menina daquela época, já que em 1918, o futuro das mulheres era semelhante entre elas. Mas, não recordaremos mais nenhum passado, além do de Alexandrina.
Agora, olhando ao nosso redor e a todo este desenvolvimento que o Norte presenciou e viveu, torna-se difícil, visualizar uma época mais remota, em que as classes sociais eram demasiadamente vincadas e reconhecíveis.
Os pobres e os ricos. Os que trabalhavam as terras e os que eram os seus donos. Não existia, aquela classe média, que nos habituamos a ver nos nossos dias, e que por infortúnio, estamos a ver desaparecer aos poucos, de um Portugal que se diz desenvolvido.
Ah, antes que se percam nos factos, estamos no ano de 2012.
Não, não se trata de todo, de mais uma história sobre uma qualquer menina pobre que se diferencia e dá azo, a um certo tipo de romance associado à pobreza.
Alexandrina não era pobre, pertencia a uma família tradicional rica, da cidade do Funchal.
Como a maioria das famílias afortunadas e abastadas, esta família possuía vários terrenos no Norte da Ilha da Madeira. Terrenos cultivados por gentes de confiança da terra.
Porém, até aqui, nada de novo.
Mas Alexandrina, trazia consigo muito mais do que sangue nobre.
E a partir daqui, começa a verdadeira história.
Em 1918, ainda eram comuns os casamentos arranjados pelos pais, e esta tradição manteve-se por várias décadas posteriores.
Amor, não era uma palavra muito utilizada na época, os poetas eram os únicos que amavam desmesuradamente, talvez por nascerem dotados de uma profundidade e sensibilidade atípicas, aos restantes mortais. A verdade, é que a maioria pouco sabia sobre o amor.
E se na cidade esta tradição de casamento contratual ainda era vigente, nas aldeias era muito pior.
Um bom ou mau casamento significava, prosperidade ou ruína.
Previsivelmente, todos os pais almejavam um bom casamento, ou melhor, um bom contrato financeiro.
Alexandrina, não era uma excepção, já nascera com um casamento arranjado, com um filho de outra família nobre, uma família nortenha nobre, e é neste casamento que reside todo o drama da história de Alexandrina.
O secretismo das relações extra conjugais era extremo, ainda que muitas esposas tivessem conhecimento das traições, muitas vezes, no seu próprio lar com as empregadas.
Não era novidade, mas mantinha-se em segredo, como se amenizasse a humilhação das esposas.
Alexandrina não tinha apenas sangue nobre a correr nas suas veias, era filha de um Senhor com uma empregada, diga-se desde já, que ele nem fazia ideia desse feito.
Os pobres não tinham uma vida fácil, e o medo de perder o trabalho era imenso, a fome assustava, bem, assusta qualquer ser humano, em qualquer tempo.
Como é de prever, não existia à época, um sistema de adopção como o que existe agora.
A solução daquela empregada só podia ser uma, esconder a gravidez e dar aquela criança. O que não era assim tão difícil, muitos casais da nobreza eram vítimas da desfortuna de não poder ter filhos.
Alexandrina, encontrou facilmente uma família e um lar, que a acolheu condignamente. Como legítima herdeira.
Não se esqueçam, Alexandrina tinha como pai biológico, um Senhor da Nobreza, antes fosse, uma simples plebeia.
A mãe morrera cedo, apanhou tuberculose. A única pessoa que sabia a verdade.
Alexandrina estava prometida a um belo jovem nortenho. E tal, não era sacrifício, pois o que Eduardo tinha de beleza também tinha de carisma e bom carácter. O amor nasceu bem cedo entre eles, entre todos os olhares trocados.
Mas o sangue era o mesmo, Alexandrina era meia-irmã de Eduardo. E essa verdade, ninguém a conhecia.
A moral da nossa sociedade diz, desde sempre, que irmãos não podem ter nada um com o outro, mas estes dois irmãos não se conheciam dessa forma. Seria pecado na mesma? Ah, tomara o mal fosse apenas o pecado, infelizmente não era o pior dos males.
Estes dois desconhecidos irmãos casaram e não tardou que tivessem filhos, um atrás do outro, nasceram com deficiências, físicas, mentais. E a infelicidade e desventura, apoderaram-se daquele jovem casal, por muitos invejado, pela beleza e amor visíveis.
A pergunta que restava, que pecados teriam eles cometido, para ter uma sina tão triste?
Afinal, o pecado não era deles, o pecado da traição existira no passado, o secretismo, o puritanismo acabara por destruir as gerações vindouras.
Não será novidade, se contar que Alexandrina com o passar dos anos, e das tentativas falhadas de ter um filho sem deficiências, embora amasse a todos, acabou por enlouquecer.
O casamento que jamais deveria ter acontecido, acabara na mesma, a vida encarregou-se disso.
O sangue que o casal partilhava, havia causado toda aquela desgraça.
Alexandrina enlouqueceu, Eduardo casou novamente.
E a verdade jamais se soube.
Esta foi a história trágica de Alexandrina.

© Alexandra Carvalho


domingo, 11 de novembro de 2012

Não existem proezas

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A tal proeza não se cumpriu,
E o meu coração,
Permanece inabitado…
Vou permitindo breves estadias,
Duram pouco, nunca me satisfazem.
Ou satisfazem menos
Do que pretendo, do que desejo.
É errado dizer que não gostei
De quem por cá passou,
Mas também o é, dizer
Que amei livremente…
Esse sentimento não existe
Quando as estadias são breves,
Quando o coração
Sentiu-se menos incompleto,
Mas só por uns instantes.
Não passará tudo de encantamento,
Puro encantamento,
Que arrebate, rejuvenesce,
E depois morre.
Nada mais ali encanta,
Nem a voz, nem o sorriso,
Nem o corpo, principalmente,
O corpo, e a alma,
Afigura-se desconhecida.
Tudo nos repele,
O que era encantamento,
Torna-se estranheza, fardo…
Insatisfação…
O coração permanece inabitado,
Mas a minha alma sorri,
E por ora,
É tudo o que preciso.

© Alexandra Carvalho

Remeto-me ao silêncio



O mais certo, é que não tenha dito as palavras todas, mas se as tivesse dito, não passaria eu a ser uma figura medonha? Um ser a evitar?
Deixarei ficar assim, a verdade pelo meio, não magoo, mas, continuará ele igual, a minha passagem terá sido em vão.
E porque me preocupo eu com isso? Aprende, quem quer aprender, cresce, quem quer crescer…
A vida é assim, mas o meu espírito solidário, não quer acomodar-se, aquele ser humano vai ser infeliz, e isto, incomoda-me um pouco.
Ficarei calada, mas, se mais ninguém o empurrar para a sua verdadeira essência, ele não se encontrará sozinho.
Mas assim é a vida, uns encontram-se, outros não.

© Alexandra Carvalho

sábado, 10 de novembro de 2012

Quando a chuva chega


E lá de tempos a tempos,
Volta a chuva,
E com ela,
Aqueles pensamentos,
Deveras, sérios…
As eternas reflexões do eu,
Da nossa alma, ainda indecifrável…

© Alexandra Carvalho

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Estado de Espírito


Onde andam as palavras?
Aquelas que preciso dizer?
Que preciso ouvir?
Ouço uma voz que não quer
Calar, e eu proíbo-a,
Direcciono em outro sentido.
Um tumulto de emoções,
De palavras surdas,
Tudo me atormenta agora.
O meu inconstante estado de espírito,
A minha alma que parece
Ter desencarnado de mim…
E se ela não está,
Onde andarei eu?

© Alexandra Carvalho

sábado, 20 de outubro de 2012

Medos

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As montanhas já não
Parecem tão altas,
As nuvens entrelaçam-se
Com os meus sonhos,
Com o céu, que acredito
Existir…
Não sei quando para aí vou,
Sei que não tenho medo.
Tenho mais medo,
De não atingir as metas
Que preciso,
De não aprender
O que a vida tem para me ensinar.
Tenho mais medo,
De não conseguir corrigir
Os meus mortais erros.
Mas este, foi o corpo
Que escolhi, a história
Que aceitei viver…
E se me perco,
Em algum momento
Irei encontrar-me…
Afinal, as montanhas
Estão ao meu alcance,
E as nuvens abraçam os meus sonhos.

© Alexandra Carvalho

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Deixa-me


E continuas a fazer-me
Gastar palavras,
Palavras e tempo.
Duas coisas que
Não tenho interesse algum
Em gastar contigo…
E gasto-as, e ainda assim,
Não as consegues perceber.
Ingenuidade?
Falta de amor-próprio?
Tudo te parece faltar,
Acorda, não te quero dar
Mais nada…
Liberta-te de quem
Nunca te pertenceu.
A carne não é tua,
Se o espírito nunca foi.
Acorda!
Vive e deixa-me viver.
Corta os laços,
Esquece o meu nome,
Guarda as memórias.
Encontra-te,
Porque eu, já me encontrei…

© Alexandra Carvalho

domingo, 14 de outubro de 2012

Sincronia

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Para já não queria muita
Coisa, talvez, o toque
De uma pele desconhecida;
Talvez um sorriso enamorado
De um qualquer estranho;
Talvez, quisesse amar…
Encontrar um sentido
Mais concreto e real,
Para a minha existência.
Haverá algum homem
Que me saiba amar,
Daquela forma utópica que ambiciono?
E será isso amor?!
Será apenas utopia?!
Corpo e alma em sincronia?
Em total sincronia,
Sem medos, sem tabus?
Cansei de ter ou um ou o outro,
Não me satisfazem,
Cansei de tolerar a insatisfação.
Agora quero os dois,
E não menos do que isso…

© Alexandra Carvalho

sábado, 13 de outubro de 2012

A história de Álvaro

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Lá estava Álvaro à janela, olhava o mar no seu esplendor, deliciava-se com o movimento ora suave ora brusco das ondas, que acompanhava fixamente.
Tinha deixado de tentar perceber o tempo, afinal, não era ele que o comandava, chegara à conclusão que era apenas mais uma marioneta, entre todas.
O tempo comanda-se a si próprio.
Esperto teria sido ele, se tal tivesse percebido, mais cedo, antes de tudo.
Teriam existido mais gargalhadas, mais desejos, mais sonhos, mais viagens, mais sentimentos, no fundo, mais vida.
É certo, o tempo anda sozinho, mas também é certo, que o tempo que perdemos, apenas depende de nós.
O erro de Álvaro, perdeu-se no tempo e sem dar conta, não aproveitou nada. Bastavam-lhe as perguntas, a busca incessante de respostas, tudo isso lhe preenchia. Estava errado. Como estava errado.
Quanto mais tempo dedicou às perguntas sem resposta, menos conseguiu perceber o tempo, leve, suave, algumas vezes veloz, outras nem tanto, algumas vezes sofrido, outras menos.
Álvaro passou por todos os estados e não sentiu nenhum.
A vida não é para ser percebida, a vida é para ser sentida.
Estamos cá, então, se estamos, vamos viver os pequenos e os grandes momentos que vão passando por nós.
O segredo era simples, óbvio e Álvaro, tinha rejeitado a simplicidade das coisas, como se fosse improvável que a vida fosse menos secreta.
Dali da sua janela virada para o mar, deliciava-se não só com as ondas mas com a paz que lhe preenchia o coração.
Não pensava em nada, não questionava nada.
A plenitude da vida tinha finalmente se mostrado, Álvaro aprendera a sentir…

© Alexandra Carvalho


quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Satisfação Ilusória

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Sinto-me cansada, deveras, de tão embrenhada que ando nas minhas confusões existenciais.
A vida é simples, e mentiria se dissesse, que a minha é diferente, não é. Passo é o tempo, a querer mais do que aquilo que tenho, a procurar, não sei bem o quê.
Afinal, talvez sejamos todos assim, ou não, há quem se satisfaça com a mesmice de todos os dias, com o marido imperfeito, a presença física dispensável, mas que ali está, com o namorado que nem sempre nos identificamos, mas que ali está, com os amigos, que nem sempre, o são verdadeiramente, mas que ainda assim, ali estão.
Basta isso, estar ali.
Talvez, o meu cansaço daí venha, de não me bastar o estar ali, querer mais do que presenças físicas insatisfatórias, alheias a mim, ou eu a elas.
Ainda assim, compreendo a atitude, somos humanos, não gostamos da solidão, mas cuidado, a satisfação, muitas vezes, é apenas ilusória, o coração permanece sozinho.


© Alexandra Carvalho

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Entre os trilhos


Talvez até quisesse mais;
Talvez tudo conspirasse a favor…
Mas o silêncio arrebata-me,
Amordaça-me à vã realidade,
Ao caminho já delineado.
Que é a vida,
Senão a tentativa errática,
Ou não, de escrutinar realidades concretas,
De desbravar novos trilhos?
São tantos os caminhos,
Aqui e acolá,
Vão se cruzando,
E tudo deixa de ser
Errado ou vão.
O corpo percorre a vida,
A alma mantém-se intacta.


© Alexandra Carvalho

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Vozes Interiores

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Calei a voz que me impulsionava a lutar, distraí-me pelo caminho, e sem dar conta, deixei de perceber o que realmente quero.
Sou uma pessoa inconformada, talvez, porque passo a vida a perder-me, a desencontrar-me, a afastar-me…
Hoje, em particular, abri uma brecha nos meus pensamentos.
Afinal, o que tenho de determinada, tenho de alienada. Doses iguais. Viver, torna-se complicado.
Nada se materializa, nada se solidifica, eu simplesmente, não permito tal.
Na minha genuína diferença, apenas gostava de ser igual aos restantes mortais.

© Alexandra Carvalho

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Memórias

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Ultimamente, tenho sido confrontada com o teu rosto, com o teu sorriso matreiro, de quem esconde o que realmente quer.
Afinal, não nos tínhamos despedido! Continuamos a fazer parte um do outro, ainda que discretamente.
Não te substitui, e o porquê, percebi há pouco. Acreditei tempo demais nos sonhos, na ilusão de encontrar alguém como tu, que me desse tanto como tu, e pouco, também como tu.
Fui pelo caminho errado, o amor não se encontra através de substituições, de comparações ridículas.
Continuo a querer-te, a desejar-te.
Que blasfémia pensar que te encontraria nos outros, por quem passou por mim, lá está, continuei o caminho da vida, sem querer manter nenhum deles.
Esta última vez foi mais flagrante, a diferença era estrondosa, e eu, queria “aquele” homem que tu és, com todos os defeitos que de ti fazem parte. Como me saturei, nesta última vez…
Esquece lá isso, não choro por tal, relembro apenas. Tenho saudades. Saudades de tudo. Tu sabes. Até dos nossos devaneios existenciais, algo recorrentes.
Não tínhamos dito o adeus antes, continuamos sem o dizer, talvez, jamais consigamos tal feito.
A porta mantém-se entreaberta, à espera, quem sabe um dia… quem sabe, numa outra vida…

© Alexandra Carvalho

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Passado… futuro… amarras

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O sopro é breve,
Suave como o vento em dias de verão.
O mar não me deixa ir embora,
E as recordações acorrentam-me
À terra, ao chão.
Talvez outras terras me chamem;
Talvez me mereçam mais do que esta.
Mas e a vontade?
O desejo? Existirão?
Nada me prende,
Ou talvez, tudo me prenda.
Não é o passado,
É o futuro,
É aqui que quero estar.

© Alexandra Carvalho

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Em torno de mim

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São as ondas saltitantes
Que me invadem os olhos,
Que me deliciam eternamente.
Algumas vozes estridentes
Que palreiam à minha volta,
Que nada servem,
São exclusivamente barulho.
Uma fonte de poluição
Sonora e mental, incomensurável…
Falta de espaço;
Uma tremenda falta de espaço…
Mas se dali fujo,
Deixo de ter identidade…

© Alexandra Carvalho

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Sensação de liberdade


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O vento toca suavemente
No meu rosto, agora,
Relaxado…
O sorriso flui, como antes…
Estava aprisionada,
No meu inconsciente…
E o meu corpo não foi
Capaz de se libertar sozinho…
Que delicioso é, sentir-me eu,
Novamente…
Mato agora as saudades…
Voltei a reconhecer-me…

© Alexandra Carvalho

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Término


Não era para ser assim…
Mas não há ninguém
Que consiga forjar
Um sentimento que se apagou;
Que morreu pelo caminho…
Serei eu um ser maléfico,
Insensível?!
Por deixar de querer?
Por desejar mais?
A luz diminuiu,
As sombras ganharam forma,
Deixei de me reconhecer.
E se não me reconheço,
Deixo de existir…

© Alexandra Carvalho

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Indecisão

https://www.facebook.com/JCarvalhoPhotography

Foge do tempo,
Enquanto ele deixa,
Se te arrastares,
És arrebatada pelo nada.
São poucas as certezas,
Poucos, os sentimentos…
Indecisão, dúvida.
Necessidade de fuga.
Fujo do tempo, de ti,
Ou apenas de mim?!
Quero e não quero,
Ou talvez quisesse
Apenas querer…

© Alexandra Carvalho

domingo, 29 de julho de 2012

exclusivamente para ti


https://www.facebook.com/JCarvalhoPhotography

Apetece-me escrever para ti, ou se calhar, não particularmente para ti, mas sinto vontade que os teus olhos enxerguem estas palavras, mais cedo ou mais tarde.
Hoje, não me sinto, deveras, apaixonada, a ausência tem as suas circunstâncias, numa altura pode aproximar dois corações e noutra, afastá-los, num processo rápido e eficaz.
Todavia, amo-te, e isso, como bem deves saber, é um estado diferente da paixão.
Não me ocorre agora, pensamentos carnais, toques extremamente físicos. Preciso agora de saciar o meu amor e não a paixão.
Preciso do olhar fiel que me invade indiscretamente; preciso das palavras de afecto, do toque melodioso e sereno, que percorre o meu corpo todo.
Indubitavelmente, não me sinto amada como queria ser, o meu conceito de amor tem uma fasquia altíssima, e sinto, que me deixo corromper por ela.
Encontra-me!
E se, genuinamente, o desejares, salva-me!

© Alexandra Carvalho

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Intermitência


O olhar é baço,
O sorriso intermitente,
As pernas oscilam,
O resto do corpo acompanha.
Entre nuvens e sol,
A vida continua…
O calor fervilha na pele,
Toda a energia se esgota.
Esgota-se e renova-se.
E renovar-se-á quando?

© Alexandra Carvalho

sábado, 21 de julho de 2012

Chamas


A chama continuava acesa,
E as labaredas formavam
Um imaginário vulcão agitado.
O coração doía,
O futuro era incerto…
Ninguém nasce preparado
Para as perdas que a vida impõe.
Não eram apenas
Coisas que se perdiam,
Eram emoções, sentimentos,
E são estes que melhor definem
A vida…

© Alexandra Carvalho

domingo, 15 de julho de 2012

Uma carta diferente


Poderia dizer aquelas palavras normais e banais dos aniversários, mas sabes que seria incapaz de o fazer… jamais um poeta usa as palavras dos outros para dizer o que pretende, usa as suas, cria até algumas novas, se for necessário…
Também poderia falar de ti, do que representas para mim, mas também não o vou fazer…vou antes falar de mim…dar-me a conhecer… talvez percebas o porquê…
Que sou insatisfeita, toda a gente que me é próxima sabe, não é de todo novidade…
Tentarei ser breve, não me apetece ser enfadonha, nem para ti, nem para mim…
Tudo isto que estou a viver contigo, é de certa forma, uma novidade…
Dizer-te que a partir do momento que entraste na minha vida estive sempre feliz, seria uma mentira… nem sempre estou feliz… nem sempre me lembro de ti… mas a verdade é que esta sou eu… nada me faz feliz por muito tempo… encontro nas coisas boas, coisas más, e valorizo-as mais do que devia…
É fácil tornar o bom no mau, não sei porque o faço, quando dou por mim, saliento os defeitos e esqueço das qualidades, das virtudes, de quem passa por mim…
Mas apesar disso, sinto intimamente, que és aquilo que eu preciso, és o elo de ligação para o mundo normal, para a vida comum dos seres terráqueos…
Não direi que é fácil gostar de mim, não é, de todo… quando esperares algo de mim, é quando não o vou fazer, e sem estares à espera, dar-te-ei mais do que aquilo que pensavas que eu fosse capaz de dar…
Apago-me muitas vezes, desligo-me das emoções, da realidade, pouca coisa interessa… talvez olhe apenas para mim, tento buscar-me, dos lugares onde vou-me deixando ficar… nem sempre me perco por opção… é simplesmente assim…
Se conseguires olhar para dentro de mim, e entenderes, mais do que aquilo que eu te mostro… talvez consigas ter-me…para sempre…

© Alexandra Carvalho

terça-feira, 10 de julho de 2012

Mistério


Não consigo sequer ver a rosa,
O jardim tornou-se
Um mistério para os meus olhos.
Não os fechei,
Mas isolei-me das cores
Que fazem a vida.
O belo nem sempre o é,
O feio também não.
A verdade, é que eu vejo
Apenas o que quero ver,
E o resto, fantasio!
As rosas não me chamam
À atenção,
E o jardim,
Continua a ser
Um mistério para os meus olhos.

© Alexandra Carvalho

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Devaneio emocional


Estou deveras triste,
Nostálgica…
Amargurada sem razão para o estar…
Talvez procure a incerteza;
Talvez sinta falta
Da dúvida e da insegurança…
Do mundo às avessas,
Da irrealidade cativante
E sedutora…
Ah…
Não me apetece dizer nada,
Apenas sentir o silêncio,
Que me invade o corpo,
A alma… ah, a alma!
Estranho-me a mim própria…
Do nada desvaneço,
E depois penso em ti,
Na ausência, na solidão,
Na falta que nunca quis sentir…
No que me provocas…
Sinto-te na minha pele,
Nos meus ossos, nas minhas veias…
Que estranheza é
Deixar-me consumir assim…
Passou…
Voltei a mim…!

© Alexandra Carvalho

sábado, 7 de julho de 2012

Disfarce


Disfarcei-me de um ser
Que há muito desejava conhecer
Transformei-me naquela criatura normal,
Idêntica a tantas outras…
Mas quem era aquela? Não era eu…
Apagada, simples, banal…
Não era eu…
E jamais quero voltar a sê-lo…
Refugiei-me erradamente
Numa tranquilidade que me era favorável,
E no fim, estava corrompida, insatisfeita, irreal…
Não voltarei a disfarçar-me…

© Alexandra Carvalho

domingo, 1 de julho de 2012

Tomás...

https://www.facebook.com/JCarvalhoPhotography

Acho que te terei visto passar por aí, esbarramos sob vários olhares esguios.
Lembro do teu jeito baralhado, confuso, um tanto ou quanto envergonhado.
E agora, fixas-me. Ordenas aos teus olhos que não tenham medo, queres alcançar-me de uma forma ou de outra.
No mesmo momento em que me arrebato por ti, fujo tão apressadamente.
Não sei se fugirei de ti ou de mim. Provavelmente, fujo daquilo que tencionas dar-me, dos sentimentos que almejas provocar em mim.
Tomás, quem és tu afinal?
Não me atraias tão sofregamente, quando mal me conheces.
Não é o meu sorriso que me define, não venhas atrás dele. É o olhar, e só a ele precisas estar atento. Dedica as tuas horas a isso, e quando for o momento certo, fugirás de mim ou amar-me-ás eternamente.

© Alexandra Carvalho



quarta-feira, 27 de junho de 2012

Talvez exista mais do que isto

https://www.facebook.com/JCarvalhoPhotography
Não existirá um lugar
Ideal para mim,
Para os meus caprichos
Humanos,
Mas talvez exista
Mais do que isto…
Ter-me-ei encontrado já?
Ou a incerteza continua
A toldar-me a visão?
Não voltarei a planar nos dias;
Não deixarei que a vida
Passe por mim, desconhecida
E distante…
Não agora…
Que o meu coração
Começa a perceber o porquê de existir…

© Alexandra Carvalho