quinta-feira, 31 de março de 2011

Política(os) à parte

Eu sempre gostei de ver o telejornal, de estar actualizada, porque acho que é importante, porque é bom saber o que se passa à nossa volta.
Mas finalmente cansei-me.
Esta política ridícula, do faz de conta, que somos obrigados a ver praticamente todos os dias no telejornal, nos jornais de informação, cansa-me a vista, e cansa-me a mente. Então mas afinal, nós somos seres pensantes, ou seremos todos otários, ingénuos, crédulos, será que toda a gente acredita no que estes políticos falam?
Cada partido defende a sua ideia de política, a sua teoria de resolução da crise, que eles próprios criaram, a questão é que criar uma crise é muito fácil, basta não ter uma política que se baseie no bem comum, agora, dar a volta à crise é mais complicado, porque a maioria destes políticos não quer abdicar dos seus luxos que tanto jeito dão, pois, porque na verdade, o interesse de ir para a política, de trabalhar lá em “cima” nunca foi pensar nos portugueses, nem em dar ou manter as condições necessárias para que todos os portugueses vivam condignamente.
O supremo interesse é ter a sua vidinha bem definida e estabilizada, conseguir dar resposta aos pedidos dos familiares, dos amigos mais chegados, e ter dinheiro para viagens, carros topo de gama, casas de férias e por aí além…
E assim se vive (bem) em Portugal.

© Alexandra Carvalho

segunda-feira, 21 de março de 2011

Nada e Tudo

Não sou nada e sou tudo,

Sou quem procuro às escondidas

Não sou nada perante quem me vê

E cá dentro é um misto

De tudo e de nada

Conheço-me tão bem,

Alma arredia e inconstante,

Espírito sonhador

De quem lembra o passado

E procura o caminho

Sei por onde ando, por onde já andei,

Mas não sei para onde devo ir

Escrevo e apago

As páginas da minha vida,

Repetidamente, religiosamente,

Sempre…

Não sou nada e sou tudo

quinta-feira, 17 de março de 2011

Uma geração díspar

Nestes últimos tempos, o tema que mais surge no país, é a geração à rasca, ou as várias gerações à rasca. Tem sido motivo de escrita por escritores, jornalistas, etc.
Recentemente, vi uma prosa, como o próprio autor indica, Mia Couto, que fala sobre a minha geração, a geração dos meus pais, das minhas tias e por aí fora. Concordo com tudo, se estivesse a falar de uma geração que não é a minha, mas a verdade, é que eu faço parte dela.
Não me revejo naquela prosa, e olho à minha volta e vejo outras pessoas que como eu, não tiveram carta de condução paga pelos pais, e muito menos carro.
Fico a pensar no meu percurso de vida até aqui, nas dificuldades, que mal ou bem, fui sentindo pelo caminho. Não nasci num berço elitista e também não tive uns pais que esqueceram de me ensinar o não.
Afinal, o não faz parte de uma educação que seja centrada em valores, em regras, em respeito, em responsabilidade. Aprendi cedo que a vida não é fácil, que o dinheiro não é algo que caia nas árvores como caem folhas.
Sim, estou desempregada, como a maioria da minha geração, mas desenganem-se, se peço aquilo que é impensável pedir ao meus pais numa época de crise.
Já não sei quando foi a última vez que saí à noite, cinema, nem pensar, e espectáculos e concertos, muito menos. E esta minha atitude de estar na vida, não me foi imposta agora, eu já a conhecia de antes. Tive o privilégio de ter um pai e uma mãe que me mostraram que era preciso saber distinguir o que é importante do que é supérfluo.
Sim, é verdade que tenho casa paga e alimentação, que mau seria se não o tivesse, mas também não lhes peço para encher o depósito do meu carro de combustível, nem tão pouco que me paguem o seguro do carro. Talvez seja um luxo ter carro, ou não, a verdade, é que mesmo estando desempregada, encontrei meios de conseguir manter esse pequeno “luxo", sem pedir nada aos meus pais.
Esta minha geração não é toda ela preenchida com filhos mimados, de classes sociais altas ou não, em que os pais esquecem-se deles para poder manter e pagar os caprichos dos meninos, esta geração também é feita de gente como eu, que aprendeu a valorizar o que tem, e a saber viver com o pouco, e ainda assim, a lutar por uma vida melhor.
Com tudo isto, sim, concordo com as palavras de Mia Couto, simplesmente, não me enquadro nelas.

© Alexandra Carvalho

sábado, 12 de março de 2011

Protesto “Geração à Rasca” no Funchal

Segundo parece participaram neste protesto 200 a 300 pessoas, e isto indigna-me imenso. Eu estava lá, nem sei se o número atinge as 200 pessoas muito menos 300, e muito menos ainda, que a sua grande maioria fossem jovens, porque na verdade não eram.
Mas sim, fiquei indignada, não pelo cálculo erróneo que passou nos meios de comunicação mas sim pelo número em si.
Mas afinal, onde andam os jovens desempregados, onde andam os explorados, a geração dos 500€, os sem expectativas, os estudantes que terão um futuro bem pior que o nosso presente?
Sinto-me desiludida, insatisfeita e até tenho vergonha de viver na Madeira, de ser madeirense, quando surge uma oportunidade de os jovens se manifestarem, por eles, pelo seu futuro, por um país que dê resposta às suas expectativas, agora infundadas, e eles simplesmente, não aparecem.
Pelos vistos, a Madeira não está a passar pela mesma situação que o restante país? Será? Ou é o medo de dar a cara, de gritar “Basta”, estamos cansados da corrupção, do favoritismo, das cunhas… mas se assim é, jamais esta geração, a madeirense, conseguirá dar a volta.
Durante o protesto que se julgava ser apartidário, ouvia-se de um lado “Sócrates para a rua” e de outro “Sócrates e Jardim para a rua”, a mim pareceu-me um duelo de partidos, um duelo de jovens associados a partidos, e muito medo, muito medo de gritar.
É bom que não paremos por aqui, é bom que não nos acomodemos mais, é preciso lutar por uma sociedade mais equitativa, com igualdade de oportunidades, com mais justiça social.
Se vivemos numa democracia, como tanto se fala, não tenham medo de dar a cara.
E como diria Zeca Afonso, “O povo é quem mais ordena”.

© Alexandra Carvalho

segunda-feira, 7 de março de 2011

Publicação do primeiro livro

Através de um familiar soube da existência de um site que publica livros gratuitamente, então, decidi que iria publicar o meu primeiro livro de poesia.
Não são os primeiros poemas, acho que esses fazem parte de uma época que quero guardar só para mim, a fase do aprendizado e da descoberta, da poesia e da vida.
Deixo aqui o link de acesso ao livro.
Espero que gostem.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Desengano

Que desengano pensar

Que o amor é para sempre

Que insensatez pensar

Que podemos nos agarrar

Aos outros por tempo indeterminado.

Quando tudo passa, tudo morre.

Já não guardo pessoas

No coração,

Guardo memórias,

Guardo pequenos momentos,

Felizes, infelizes, momentos…

Que desengano pensar

Que a vida é a vida

E não uma experiência

Uma das muitas passagens;

Uma das várias tentativas

De aprender a viver…

quarta-feira, 2 de março de 2011

Não basta

Não basta haver sonhos

Ou objectivos imaturos

Não basta pensar em lutar

Ou desejar mudar

Se faltar o resto…

Se faltar a vontade de ser diferente,

De dar aquele passo em frente.

Não basta dizer que sim

Se o coração ainda diz não.

Não basta dizer que quero

Quando o medo ainda não me deixa avançar.

Não basta…

Ainda sou eu a sentir;

Ainda sou eu a falar;

Ainda sou eu a procurar-me…