terça-feira, 15 de novembro de 2011

O SABOR DA MORTE (Parte 4)

Quando se mantém uma amizade de uma vida inteira, muitas palavras deixam de ser ditas, porque apenas um olhar revela o nosso estado emocional, a nossa essência mostra-se a quem nos quer bem e a quem nós queremos bem. E entre Anabela e Pedro existia esse tipo de amizade, estranhamente, muitas palavras deixaram de ser ditas, e algumas delas não foram reveladas com o simples olhar, mas isso, ainda é muito cedo para abordar.
Pedro é o tipo de homem galã, movimenta-se muito bem em todos os círculos sociais, tem amigos em todo o lado, muitos devem-lhe favores e ele aproveita-se disso de vez em quando, mas só mesmo de vez em quando.
Não assume relacionamentos sérios, não tem interesse, pelo menos é o que diz, tem a seu favor a beleza e o charme típicos de um galanteador, aventuras amorosas é coisa que não lhe falta. Bem, admito que a sua profissão também lhe confere algo extra, as mulheres acham piada a profissões de risco.
Conhecemo-nos há imenso tempo, quase que perdi a conta dos anos. Crescemos juntos, colegas desde o ensino básico ao ensino secundário, eu grande aluna, ele, assim-assim, como ele próprio diz. A verdade é que conseguimos manter ao longo dos anos a mesma amizade, aquele tipo de amizade que cresce à medida que nós crescemos também, como homens e mulheres.
Os dias passam e tenho a estranha sensação que pouco avança esta investigação, é como se tudo estivesse na mesma, como se houvesse um bloqueio que não me permitisse descobrir nada e o Pedro, por mais técnica que tenha e experiência na área também não está a avançar nas informações.
O melhor caminho a seguir provavelmente será pela filha, a Daniela ou até mesmo pelo namorado, o Ronaldo, é médico, para mim não será tão complicado chegar até ele.

© Alexandra Carvalho

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