terça-feira, 15 de novembro de 2011

O SABOR DA MORTE (Parte 2)

Eram três horas da tarde, tudo estava calmo. Tinham passado dois meses desde a morte do jornalista. Ninguém tinha chegado a nenhuma conclusão, uma única pista que fizesse perceber aquela morte. Por mais incrível que pareça, a família de Tiago, perguntava-se constantemente porque apenas eu achava que ele tinha sido assassinado e não tinha sido vítima de ataque cardíaco, como constava no relatório da autópsia da sua clínica. Porém, é fácil responder a essa pergunta, fui eu a pessoa que lhe fez a primeira autópsia e aquilo que constatei não foi um mero ataque cardíaco, próprio da idade de Tiago, 70 anos, mas sim algo que lhe foi aplicado forçosamente para ter esse efeito. Como é óbvio, ao saber da diferença de relatório entrei em contacto com a clínica que fez a segunda autópsia, e tornou-se curioso este caso, porque me vetaram a entrada e principalmente o acesso aos dados da análise.
Passados estes dois meses, tomei uma decisão. Não me vou calar mais, pretendo descobrir a verdade e fazer justiça por aquele homem que já não se encontra entre nós, por vontade de alguém, ou porque a sua presença não estava a agradar ou então porque já era hora de passar a fama a outra pessoa, nomeadamente, à sua única filha, Daniela, a sucessora naquele mundo de riqueza e fama.
São dez horas da manhã, é o meu primeiro dia como detective. Admito sem embaraço algum, que não é o meu forte, mas como o que está em causa é um motivo de força maior, vou deixar de lado o meu espírito pacato e conformista e começar a dar acção à minha vida. Acho que Tiago merece o meu esforço e dedicação, não que eu tenha tido algum tipo de relação com ele no passado, apenas acho que qualquer pessoa merece justiça, independentemente de estar viva ou morta. Claro está, também para mostrar que estava correcta na minha análise.
Não sei muito bem como começar mas como os amigos existem e podemos sempre recorrer a eles, estou com sorte, o meu melhor amigo é da polícia judiciária e com o apoio dele tudo será mais fácil.

© Alexandra Carvalho


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