sexta-feira, 25 de novembro de 2011

O SABOR DA MORTE (Parte 8)


Passaram alguns dias, não voltei a estar nem com o Pedro nem com o Ronaldo, a verdade, é que também não tive uma semana calma, não tive tempo para os procurar mas nenhum deles teve a iniciativa de o fazer.
O trabalho consome a maior parte do meu tempo, e os pequenos momentos livres que tenho é para descansar em silêncio, para ler, ver televisão ou navegar na internet.
Por outro lado, também não queria dar justificações ao Pedro, falar do meu colega, daquilo que conversamos e do que ficou para conversar. Sentia-me pressionada e cansada, deixei-me ficar quieta, na minha rotina diária. Em algum momento voltaria a falar com eles, mas não agora.
Já sabia que depois de ter decidido investigar por conta própria a morte do jornalista a minha vida iria mudar, mas provavelmente não pensei que fosse tanto, na minha ingenuidade nem tinha bem a noção de onde me estava a meter, que confrontos eu poderia vir a vivenciar. Eu sabia que o jornalista era famoso, sabia que era um meio que eu não conhecia bem. É verdade que eu fazia parte de um meio elitista, que conhecia muita gente na saúde e mesmo noutros ramos, mas os anatomistas patológicos não costumam ter um papel muito visível, fazemos parte do meio, mas somos facilmente obscurecidos perante os outros especialistas da saúde. Diga-se de passagem, que é muito mais bonito ser cardiologista, pneumologista, ou algo assim.
Já tinha passado por todo aquele processo de descrença no início de tudo isto, e foi difícil mas efectivamente, não pensei em nenhum momento que pudesse vir a ser ameaçada, mas fui.
Já era tarde, lembro-me de olhar para o relógio do computador e ter visto que já passava da meia-noite, não costumava ficar até tão tarde acordada e muito menos na internet, mas naquele dia tinha decidido tirar tempo para fazer pesquisa e surgiram documentos tão interessantes que me deixei ficar presa ao computador.
A campainha tocou, não a da porta de acesso ao prédio, mas a do meu apartamento, fiquei intrigada, quem é que me vem chatear àquela hora? Devia ser algum vizinho ou alguém do condomínio.
Não era nenhum rosto conhecido, pelo pouco que conseguia ver pelo olho da porta, era uma mulher, não me pareceu suspeito, e abri a porta.
- Boa noite, pela expressão de dúvida já percebi que não sabe quem sou, mas é muito fácil, Daniela Fonseca.

© Alexandra Carvalho

1 comentário:

  1. Penso que o jornalista devia ser anti-regime (anti-jardinismo),daí o terem despachado e a Anabela se não toma cuidado ainda vai desta para melhor...
    Estou (mais ou menos) a brincar :):)
    Estou a gostar bastante da história, aguardo continuação.
    Bjinhos

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