terça-feira, 13 de dezembro de 2016

https://www.facebook.com/JCarvalhoPhotography/
Vivemos entre barreiras, muralhas,
ora altas, ora rasteiras
que o simples levantar do pé já as transpõe.
Somos invadidos pelo medo.
O pé não consegue levantar-se,
até que pensemos sobre isso.
As barreiras começam a quebrar-se
e as muralhas, deixam de ser intransponíveis.
Somos nós que as criamos,
somos só nós que as podemos derrubar.


© Alexandra Carvalho

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Juntar a alma, é sobejamente mais difícil.


É inevitável, a vida irá nos oferecer alguns tropeções. Obstáculos grandes, outros menores. Como vamos reagir a eles, é que é a chave de tudo isto, de estar vivo.
Quando fui de férias, recentemente, ia com o coração partido, e intimamente senti que a distância das minhas raízes iria conseguir juntar as pecinhas que estavam todas misturadas e algumas minuciosamente partidas.
O trabalho que se avizinhava era árduo. Colar um frasco que se quebra já não é tarefa fácil, mas juntar a alma, é sobejamente mais difícil.
Sair da minha zona de conforto, embora tenha facilitado, não foi factor suficiente para que as peças se juntassem todas, juntaram-se algumas. Mas nesta tarefa, apercebi-me que não estava a colá-las em consonância com a minha essência, a verdadeira. Estava deliberadamente a afastar-me de quem era antes, porque o eu anterior, havia-me atraído para uma situação que me fez sofrer. Nós queremos sofrer? Não, ninguém quer. E se, este eu, me atraía para isso, tentei que me redefinisse de forma diferente. Tarefa inglória esta, porque nós somos o que somos. E que nos consciencializemos que não vamos conseguir fugir muito tempo de quem realmente somos.
Nós melhoramos arestas, a cada dia, mas fugir de nós, e substituir por outro eu qualquer, não o devemos fazer.
Voltei às raízes e à rotina, e foi precisamente, na rotina e não fora dela que percebi que o caminho que estava a trilhar não era de facto, o que eu queria. Se permitisse continuá-lo, a médio prazo, teria eventualmente, me perdido completamente.
A essência genuína teria sido mitigada por uma qualquer produzida por um eu maltratado e que não soube fazer o luto, sim, porque nós fazemos o luto mais vezes na vida e não apenas quando perdemos da vida terrena, os nossos entes mais chegados.
Eu tinha um luto emocional para fazer e estava a fugir dele, esse era o caminho mais fácil. Se fingisse ser diferente, conseguiria num curto espaço de tempo voltar a sorrir, mas a que custo? E que sorriso seria esse? Não seria o puro.
Percebi que nós temos de chorar, se assim for necessário, não nos torna mais fracos. Não há que ter vergonha. Nós temos de nos revoltar de vez em quando, isso leva-nos outra vez para nós próprios, liberta-nos.
A chave é encontrar sempre o caminho de volta, e trazer connosco o ensinamento que a dor nos deu.
Tudo acontece para que depois a vida nos traga o melhor.



© Alexandra Carvalho

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

A Carlota

https://www.facebook.com/JCarvalhoPhotography
Dizem que as pessoas aparecem na nossa vida, no momento em que são necessárias. Com Carlota não foi diferente.
Acho que é pertinente contextualizar, Carlota, é a cadela que cativou o meu coração.
Ouvi durante muito tempo, que se não conseguia amar um animal, é porque interiormente, não me amava a mim. Que qualquer bloqueio emocional, não me permitia amar. Nunca concordei, era impossível fazê-lo. Eu amava-me, amava os outros também.
Mas Carlota, recém-chegada a casa, pequenita, preta, com uns olhinhos negros que apelavam a que não conseguisse tirar os meus olhos dos dela, veio alterar tudo.
Carlota era da mana mais nova, foi ela que primariamente necessitou da sua presença, mas nada acontece por acaso, eu também viria a precisar dela, mais cedo ou mais tarde.
Olha para mim, agora, que já não é pequena, com o mesmo olhar negro que me cativou lá atrás. Ela está ali sempre. O meu dia sabe bem, quando me sento, feito criança, nas escadas de casa e fico a brincar com ela.
Os dias nem sempre são iguais, e se por qualquer acaso, eu não puder vê-la, falar com ela, sinto saudades, ela também sente.
Este é um amor puro, genuíno. Um amor que não espera nada em troca, mas que dá, sempre, sem restrição.
Dificilmente, veria os meus dias da mesma forma, se não tivesse Carlota.
Penso que antes também já conseguia amar, mas sim, ela trouxe-me uma dimensão de amor, diferente da que eu conhecia e sentia.
E por isso, obrigada à mana, que a trouxe, e obrigada Carlota, por seres aquele primeiro animal que me fez amar incondicionalmente.


© Alexandra Carvalho

domingo, 23 de outubro de 2016



Sinto aquele frio que timidamente passa pelo meu rosto. 
A maresia invade-me de tal ordem, que pareço deixar de respirar.
E as ondas, ora bruscas ora suaves, entoam aquela melodia que me reconforta.
Deixo-as para trás, permito que os meus pés sigam caminho. 
Lá voltarei, sempre.


© Alexandra Carvalho

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

A escolha que é minha, tua, nossa


Algo nos atrai e repele, e é curioso pensar sobre isso.
Penso que nenhum de nós está preparado para um amor assim, aquele amor que defendemos como sendo o único, o puro, o genuíno. E porque o defendemos, e porque sabemos de antemão que este será o primeiro, nasce o medo. O medo que é calado, que não se denuncia.
Deixamos que os dias corram, que o tempo faça o que tem a fazer. Não escondemos o que sentimos, mas também não o dizemos.
Imagino o desfecho. Seremos capazes de o aceitar, de finalmente, sermos nós próprios, estando um com o outro?
Com os defeitos que ambos conhecemos um no outro e os restantes que ainda não tivemos tempo de conhecer?
Com as qualidades que já adoramos e todas as outras que certamente sobressairão depois?
Diz-me, que desfecho prevês?
Seremos capazes de aceitar o desafio que, inevitavelmente, nos trará a felicidade?


© Alexandra Carvalho

quarta-feira, 5 de outubro de 2016


Aproximas-te devagar e o meu corpo estremece. O teu sorriso encontra o meu e é inevitável, fico sem jeito.
Pergunto-me se percebes? Se o meu corpo me denuncia, se a minha voz trémula sobressai?
Tento controlar as minhas emoções, dou ordem aos meus sentidos para que se estabeleçam.
No fundo, queria o teu beijo. Não sei se o terei, mas intimamente, desejo-o.
Desejo o teu toque pelo meu rosto, pelo meu cabelo. O toque a dizer que sentes o mesmo. O sorriso que comprova que me encontraste, que já me encontraste. Que me consegues ler, que leste desde o início.
E para mim, por ora, bastava isso.


© Alexandra Carvalho

domingo, 2 de outubro de 2016

Auto-análise



De vez em quando é preciso parar.
É preciso parar e olhar a direcção que deliberadamente ou não estamos a tomar na nossa vida.
Hoje, eu parei e olhei para o meu caminho. Acho que não estarei assim tão mal. Ainda assim, momentos há, de vulnerabilidade e nostalgia, em que penso que não pode ser só isto.
Sinto que ainda me falta todo um processo que me proporcione alcançar a minha verdadeira missão terrena.
O coração sente-se pequeno.
As palavras inundam-me imensas vezes, algumas, passo-as para o papel, outras não. Deixo-as fazer o trabalho que é suposto, são palavras minhas, exclusivas para que medite sobre as decisões que venho tomado e que todos os dias tomo.
Deixo que façam a cura que preciso. É naquele preciso momento, que surgem em debandada, que uma das maiores decisões é feita. Escolho entendê-las e seguir a jornada, ou ignoro-as, e tudo continua igual.
Nem toda a opção parece fácil, há caminhos que se assemelham mais complexos e sinuosos. No fim, somos nós que os fazemos assim ao atribuir essa conotação. É o medo.
Para evoluirmos, precisamos não ter medo.
A vida faz-se com mudanças, se assim não for, não viemos cá fazer nada nem aprender nada.
Olho para trás e há memórias que parecem ter sido vividas por outro eu, que não é este de agora. Mas isso, deixa-me feliz. A evolução acontece, ora lenta, ora mais acelerada. Mas acontece.
Hoje, o coração sente-se pequeno. Estarei a caminho de outro patamar, que não cabe neste eu? 

© Alexandra Carvalho




quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Plenitude


Nós não sabemos, nunca sabemos quando é que a partida se aproxima. Mas sabemos sim, se existe medo se não. Se nos invade a sensação atroz de não querer ir embora.
Não tenho medo de ir embora.
Não sou daqui.
Lamentarei apenas, caso parta, sem antes conhecer o verdadeiro amor, o puro, o único.
O amor que era suposto encontrar nesta vida e não na próxima.
Terei porventura falhado novamente e deixei-o escapar por entre a minha até então, tumultuada personalidade. Esta alma que apenas recentemente começou a conhecer a paz.
A conhecer-se, a cada uma das suas partes.
Enquanto não nos conhecemos, enquanto não alcançamos a nossa paz interior, o amor vai passando ao nosso redor, mas não somos capazes de o reconhecer, nem tão pouco de o aceitar.
A alma sem plenitude não é capaz de viver o que lhe está destinado.
O amor é o estado puro da plenitude. O amor, nas suas diversas formas. Quando o entendemos, apresenta-se então a alma gémea. A alma que nos acompanha vida após vida, que nos acompanha no alcance da sabedoria e da evolução espiritual.
Lamentarei apenas partir sem que tenha sido capaz de a reconhecer.
Todavia, a evolução continuará.
Sempre continuará.


© Alexandra Carvalho

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Dualidade

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E porque em algum momento temos de nos libertar das máscaras que, uma após a outra fomos incorporando na nossa vida, hoje, estou a libertar-me das minhas.
Parecia fácil usá-las! Embora à noite as retirasse, o peso tendia a permanecer. Cada uma deixava algo em mim.
Hoje decidi libertar-me delas, mas a verdade é que deixei de as usar faz tempo e desde que o fiz o sorriso é praticamente permanente e real.
Não tentarei ser outros eus senão aqueles que já sou, e bastam-me esses.
Sim, outros eus, porque não sou apenas um. Tendo a não acreditar que alguém tenha apenas um eu.
Não somos tão lineares.
Vamos acumulando ao longo do tempo, características divergentes e sim, aí deixamos de ser apenas aquele eu que achávamos que éramos. Somos esse e o outro que entretanto se apoderou de nós.
Hoje estou a assinar a minha carta de alforria.
Deixo para trás as máscaras que não me assentam bem e os amores, as paixões que inconscientemente deixaram resquícios, porque eu permiti que continuassem alojados.
O passado não deve caminhar no presente, deve apenas ser um indicador do percurso que tivemos até aqui, deve funcionar como um impulsionador a não cometer os mesmos erros. Mas jamais deve interferir com o presente.
Os amores terminaram, tiveram a função que era suposto terem. As paixões arrebatadoras, não passaram disso mesmo e já não fazem sentido.
Dou autorização ao meu coração que se liberte deles.
Ainda que não surja outro amor, sinto-me livre para o acolher quando chegar.
Acima de tudo, sinto-me livre para viver com a plena certeza que agora nada me condiciona.
Hoje sou o eu que quero ser.
Amanhã posso ser o outro, ainda assim, serei eu exclusivamente, a decidir qual deles incorporar.


© Alexandra Carvalho

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Constatação Evolutiva

As pessoas entram e saem da nossa vida a um ritmo estonteante. Algumas permanecem. Os papéis entrelaçam-se mais tempo e somos necessários na vida um do outro.
Ficamos por tempo indeterminado.
Nem sempre é fácil perceber o que é que aquela pessoa faz ali, porque continua ali, como nem sempre é fácil perceber porquê que aquela pessoa, em particular entrou na nossa vida.
Mas hoje reflectirei apenas na tua pessoa.
As tuas crenças e/ou ideologias não se coadunam com as minhas, ainda assim, por um determinado papel, tu inevitavelmente, entraste na minha vida.
Não escrevo especialmente para ti, antes que atribuas uma importância irreal às minhas palavras. Eu escrevo. Ponto.
Questiono essencialmente as emoções, as vivências que vão construindo a minha história.
Não sou uma pessoa fácil, nunca fui. O que é certo num dia, deixa de o ser no outro. Não sou constante e tenho dificuldade em aceitar comportamentos padronizados, que resvalam na banalidade, e acima de tudo, na futilidade.
Afasto-me deliberadamente de tudo o que não me apraz. De tudo e de todos. Isolo-me não raras vezes, para poder voltar ao meu eu original.
A sociedade gosta de corromper, de aliciar para o que não somos.
E se a mente estiver fraca, somos facilmente corrompíveis.
Costumo dizer que trago em mim toda a insatisfação do mundo. Condensada numa mente que considera ser pouco o que aqui vivemos. A pequenez de sentimentos ultrapassa-me, ultrapassa a minha acepção do que é viver, do que é amar.
Ultrapassa-me que aceitemos que o ser humano é básico, e que gosta de ser assim.
Quando esbarramos em seres humanos que nos parecem familiares, semelhantes a nós, olhamos com mais atenção.
De miúdo, irmão mais novo da antiga amiga de infância, facilmente saltas para o papel de um semelhante. Pela estranheza que reconheci imediatamente.
Não me ocorre, por ora, o papel que é suposto teres na minha história, ou eu na tua.
Todavia, identifico com clareza as nuances da minha inconstância, perante o confronto da tua insensibilidade.
Num dia és o semelhante, no outro, um ser humano básico que pretendo deixar para trás.
A tua insensibilidade, em forma de palavras, remete-me para um eu que não deseja deixar-se afectar pela não reciprocidade, como antes acontecera.
Não terei definido ainda o teu papel, mas certamente encontrei uma das tuas funções, ensinar-me a arte do desapego e da liberdade. A liberdade de reconhecer e aceitar que nem sempre os sentimentos serão recíprocos mas que apesar disso, podemos continuar a sorrir.
Porventura, a esta altura já estaria eu noutro patamar evolutivo, e a tua interferência apenas veio enfatizar esse facto.
Numa fase mais descontrolada e inconstante, certamente já te teria varrido de todas as minhas redes, pessoais e virtuais.
Não o fiz, nem vou fazê-lo por tais motivos.
A tua primeira função considera-se executada, permaneço, no entanto, no caminho da aprendizagem e evolução.


© Alexandra Carvalho

domingo, 24 de julho de 2016

Debruço-me e olho o mar




Debruço-me e olho o mar,
os pensamentos deixam-se esvoaçar,
E encaminham-se, ajudados pela brisa, para todo o lado
e para lado nenhum.
Perco-os nas ondas agitadas, do mar que me conhece,
que intimamente, me conhece.
Que fique com os pensamentos desnecessários,
e faça retornar os restantes.
Talvez, não precise devolver nenhum.
A mente ficou livre, de resto, era apenas isso que eu queria.
E o meu mar, assim o permitiu.



© Alexandra Carvalho

domingo, 3 de julho de 2016

Essência/Energia


Ainda que nos conheçamos, à nossa essência, tendemos a fazer tudo errado. O oposto do que ela nos pede.
Não sabemos reconhecer as pessoas, vimo-las pelo prisma que nos beneficia mais. Procuramos pelo que nos faz falta, ainda que ali, naquela pessoa não esteja nada do que procuramos.
Sabemos de antemão disso, e ainda assim, a visão deturpada consegue ver o que não existe.
A vida é estranha, e na maior parte das vezes, não conseguimos entendê-la.
Os dias tornam-se obscuros quando deixamos que as expectativas nos condicionem. Aliás, quando simplesmente permitimos a sua existência.
Se num momento, sentimos estar a percorrer o caminho certo, logo depois, somos puxados, com tal força, para o ponto que nos desvia do nosso caminho.
Entender que é apenas um desvio, e que é um teste para que possamos ser cada vez melhores, não é tarefa fácil. E é aqui que nos perdemos. É aqui que a essência fica tumultuada, porque a renegamos, porque deixamo-nos perder.
E não estamos aqui para isso.
Nascemos todos com uma energia única, individual e suprema. Mas cabe a nós, tão-somente a nós, direccioná-la para a sua verdadeira missão.
A luz brilhará apenas quando estivermos cientes disso e conseguirmos contornar todos os desvios.


© Alexandra Carvalho

domingo, 12 de junho de 2016

Dicotomia

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Não me tentes analisar,
Quando eu própria estou em constante análise.
Confundes-me!
Sei, sem que o digas, que ainda não me encontrei.
Mas, sendo tu a dizê-lo, custa mais.
A constatação toma uma forma amplificada,
E mostra um eu, deveras, confuso e ansioso.
Que de resto, talvez, seja para toda a vida assim.
Se atingir o equilíbrio que procuro, a plenitude que acredito ser utópica,
Não sei mais que poderei fazer aqui.
Saberei eu, gerir o tempo sem a insatisfação, que tão habituada estou?
Às perguntas infindáveis, aos sentimentos que, esporadicamente,
Tendo a não acreditar que existem?
Ainda assim, entre a dicotomia do medo de mudança e o equilíbrio,
Agrada-me que existas, agrada-me que continuamente me empurres para mim própria.
E se me ajudares no encontro com o meu verdadeiro eu,
Terás conseguido a proeza, que entretanto, deixei de acreditar que fosse possível.


©Alexandra Carvalho

terça-feira, 31 de maio de 2016

Encontro

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Soam difíceis de ouvir as tuas palavras, 
As ilações que de mim tiras. 
Que de antemão e deliberadamente, fazes. 
Difíceis, porque acertas e porque as dizes alto. 
Dizes aquilo que eu própria deveria dizer. 
Sem desculpas ou subterfúgios. 
Que pensar quando alguém assim entra na nossa vida? 
Alguém que nos empurra para o nosso eu?
Por ora, não tento desmistificar. 
Fazes-me bem, basta isso.

© Alexandra Carvalho

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Supremacia

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Talvez não queira ir embora
Sem conhecer o deleite de um verdadeiro amor.
Sem sentir o toque do homem que anseia
Todos os momentos do dia por mim.
Que sonha voltar a encontrar o olhar puro
Da alma que o completa.
E provavelmente, será injusto se não o encontrar.
Não é o amor, a supremacia de estar vivo?


© Alexandra Carvalho

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Estará o verdadeiro amor em extinção?

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Esporadicamente, penso sobre isto das relações amorosas ou do próprio amor. Quase sempre fico pela conclusão que este não é um tema que se deva pensar ou escrever.
Olhando em volta, eu diria que o amor perdeu-se algures no passado, noutra época que não é a que eu conheço. Arrisco mesmo a dizer que a grande maioria dos casais sorridentes que povoam as redes sociais, principalmente, nas redes sociais, são um autêntico erro de definição.
Por favor, não poluam as energias cósmicas ao apregoar amores inexistentes. Sim, porque envolver-se com a moça jeitosa ou o moço jeitoso que vos passa à frente, não me parece ser sinónimo de amor. Ou será?
Regredimos assim tanto, ou evoluímos assim tanto, que as relações deixaram de ser monogâmicas?
Se olharmos lá para trás, para um passado, que não deixa de ser recente e bem familiar, em que os casamentos eram essencialmente contratos entre famílias com o fim de juntar riquezas, esta bigamia era facilmente justificada.
Muitos jovens encontravam o amor fora daquele casamento previamente arranjado, mas hoje, que apregoamos a liberdade e acreditamos que a vivemos, isso cai por terra.
O que leva homens e mulheres a assumir publicamente namoros e casamentos, mas ainda assim, procurando continuamente fora daquelas paredes onde vivem, essa falta de amor?
Terá porventura, a humanidade perdido a sua essência? Terá ganhado medos que a condicionam à felicidade, ao verdadeiro amor?
Estará a humanidade condenada ao vazio das verdadeiras emoções?
E surge a questão que emerge responder: estará o verdadeiro amor em extinção?


© Alexandra Carvalho

domingo, 7 de fevereiro de 2016

Considerações carnavalescas

O Carnaval passa por mim 
como qualquer outro dia,
Não consigo vivê-lo nem tão pouco entendê-lo.
Não passará apenas de um dia,
Em que as almas insatisfeitas se desprendem da máscara que não lhes assenta bem.
Durante todo o ano.
Não serão capazes de a deixar conscientemente?
O disfarce assume-se como a resposta fácil e mais rápida.
Um dia apenas, umas horas apenas.
E depois, regressam à máscara antiga, a que na verdade,
Não é a real. 
Tomara que o Carnaval fosse todos os dias,
Para estas almas insatisfeitas.



© Alexandra Carvalho

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Não sou mais do que um mero peão,
numa estrada difícil de circular.
As esquinas estão em todo o lado e
as lombas fazem-se sentir a cada metro.
Este peão está cansado.


© Alexandra Carvalho

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Amanhã será sempre outro dia

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Desengane-se quem tem a ideia extremamente oblíqua de que apenas as mulheres sofrem à mercê de relacionamentos sugadores de energia. Não passa disso mesmo, de uma ideia totalmente errada.
Olhando transversalmente para a nossa sociedade, os casos gritantes envolvem sempre mulheres. Mulheres subjugadas, descrentes da felicidade, descrentes da vida.
Mas também os há no sexo masculino.
Assim de repente, surge no meu campo de visão, um homem vítima de um relacionamento dominador e acima de tudo manipulador.
Fui observando aos poucos, o comportamento dele e dela, como mera espectadora mas com o olhar atento de uma profissional da área social.
Se na mulher, muitas vezes, a submissão prende-se com motivos financeiros, com o medo da solidão, o desamparo, com o não saber que fazer com o espaço que resta depois de aquela pessoa sair da sua vida. No homem, é puramente emocional.
As mulheres sabem sempre que relacionamento estão a viver, mas falta-lhes a força para escrever o ponto final.
Habituamo-nos a uma imagem quase sagrada do homem másculo, forte, que pouca coisa lhe afecta, que ama mas não se subjuga a mulher alguma.
Como essa visão está tão descabida no nosso mundo real.
Na minha observação informal, vejo um homem submisso, que já não ama, mas não sabe discernir o que é habituação de amor. Um homem manipulado, por uma mulher que sabe isso, e usa a seu favor, mantendo-o preso numa rédea tão curta que o impede de pensar, reflectir sobre a falta de felicidade na sua vidinha, que não o satisfaz.
As discussões são recorrentes, o cansaço emocional é característica intrínseca do dia-a-dia, ele já não sabe o que é acordar em paz. Já não sabe o que é sorrir genuinamente.
Olha em volta, para os sorrisos que se abrem para ele e por momentos, deseja que um desses sorrisos seja o dele, ou para ele, apenas para ele.
Mas a noite chega, e por momentos, no silêncio do seu quarto, vê que não é feliz.
Não importa, amanhã é outro dia. Outro dia de desgaste emocional, de novos sorrisos que se abrem e à noite, voltará a pensar sobre a sua infelicidade.
Amanhã será sempre outro dia.



©Alexandra Carvalho