segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Mas existe, sempre

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É possível amar tanto alguém que queiramos deixar de amar, de tanto que dói?
A cada volta que a vida dá, este é um amor que se desencontra e encontra.
A cada discussão, este é um amor que promete acabar e logo depois revigora-se.
A cada palavra que é dita, erradamente, este é um amor que se renega, que orgulhosamente, decide renegar-se.
Mas existe, sempre.
É possível amar-te tanto e querer deixar-te para sempre?



© Alexandra Carvalho

domingo, 13 de dezembro de 2015

Doce encantamento

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A noite caía e ele a pensar nela, o dia clareava e ele continuava a pensar nela.
Tão enfeitiçado que estava.
Mas não podia pensar nisso, havia atrelado a ele, o peso da responsabilidade de um relacionamento. Uma outra mulher estava ligada a ele. Uma ligação já tão ténue mas ainda assim, existente.
Mas que fazer, se os pensamentos levavam-no sempre para o rosto que não era o que estava ali ao seu lado.
Dava consigo a pensar no sorriso, que de resto, tinha sido o que o atraiu primeiro.
Aquele sorriso puro, desinteressado e apaziguador. Mas se começou pelo sorriso, não tardou que o olhar o perseguisse também.
O olhar que o desarmava, como se de um raio X se tratasse.
Era desnecessário dizer que a queria, aquele olhar já o sabia, soube logo. Soube e manteve-se indiferente. Olhava-o de relance e bastava isso para o manter deliciosamente encantado.
Havia dúvidas que ela o quisesse também.
Ocasionalmente passava ela de carro, pela rua da sua casa, e na sua ingenuidade pensava ele, que era intencional aquela passagem.
Ingenuidade e utopia, a casa localizava-se na estrada principal por onde ela teria inevitavelmente de passar.
Todavia, mantinha a doce ilusão que ela apenas passava para o provocar.
Estaria ele a apaixonar-se por aquela mulher desconhecida que mal lhe dava atenção, ou estava ele cansado daquele amor que há muito havia deixado de o ser?
Confundiam-se as coisas na sua cabeça, só tinha a certeza de uma, queria-a e iria tê-la.

© Alexandra Carvalho

Já vi este mesmo olhar

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Já vi este mesmo olhar
Com outro brilho,
A emanar uma luz incandescente
De tão real que era.
Já vi este mesmo sorriso
Abrir-se sem razão,
Como se não houvesse um amanhã por vir.
A rir desmedidamente e sem razão.
Mas agora, este mesmo olhar
Está apagado, obscuro,
A emanar uma agressiva tristeza
De tão real que é.
Agora, este mesmo sorriso
Não encontra razão, nem quando há razão.
Fechou-se para todas as gargalhadas da vida.
Fechou-se, temporariamente, e sem razão.


© Alexandra Carvalho

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Apego

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Quando o meu olhar desvia para o passado, a tua presença assume-se uma constante. Uma existência que me desarma, que me atordoa.
Mas a tua presença não me é benéfica, não me favorece, pelo contrário, consome-me a energia que tantas vezes, por si só, já é oscilante.
Tenho dificuldade em desapegar-me de ti, por tudo aquilo que partilhamos juntos, e que eventualmente, poderíamos voltar a partilhar.
Todavia, pela primeira vez, a minha consciência tomou o seu lugar de direito e alertou-me, tu não és aquilo que eu quero para esta vida.
Quando olho lá para trás, para além da intensidade dos momentos que vivenciamos, há uma panóplia de tristeza, dor, dúvida e solidão.
Não há intensidade que valha uma vida carregada de incertezas.
Não vou dizer que amanhã passarás a ser uma figura do passado, mas posso sim dizer, que hoje entendi que preciso deixar-te, e que amanhã continuarei o processo de desapego.
Tenho saudades tuas e amanhã, as saudades serão as mesmas, até que acabarão, silenciosamente.
E só aí, estarei livre.


© Alexandra Carvalho

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

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Ainda que te ouça,
Não consegues chamar-me.
A tua voz assume-se estranha
E sem interesse.
Ainda nem consigo entender-te
Como uma presença que me faça falta.
Não sei porque apareceste
Nem sei se quero que fiques.
Persegue-me a dúvida,
Mas sente-se agradado o ego.



© Alexandra Carvalho

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

O Arraial da minha terra

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Cada vez mais, as festas religiosas se distanciam da sua essência. Mas ainda assim, há uma ou outra que se mantém praticamente inalterada, falo sim, do Arraial em honra ao Senhor Bom Jesus. O auge das festividades na minha freguesia, Ponta Delgada.
Quando penso sobre o arraial, mais do que música e bebida, penso em família, em união e de certa forma, em fé. Não porque a génese deste arraial é a religião, mas porque todos os anos se renova a vontade e a fé, que para o próximo ano estejamos todos reunidos.
Acima de tudo, para os locais, este é o momento em que as famílias se juntam, riem, divertem-se e partilham do que é mais sagrado, a união familiar.
Ao contrário de outras festas da região, que sentem necessidade de ir buscar atracções musicais nacionais para dinamizar o evento, esta festa não precisa de o fazer.
Essa não é a sua essência. Esta é uma festa de fé.
Quem vem, mais do que qualquer outra coisa, vem agradecer as graças que o nosso padroeiro lhes concebeu. E isso, por si só, é motivo que baste para que percorram quilómetros para cá vir.
Se um dia, e espero que tal não aconteça, este Arraial fugir da sua tradição e história, e necessitar de fazer o mesmo que outras festas, estaremos a um passo de perder a alma deste grande Arraial do Bom Jesus.


©Alexandra Carvalho

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

A minha mãe

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Acho que não há outra palavra para definir a emoção de uma mãe ao ver todos os filhos juntos senão a palavra amor.
Os filhos crescem e nem todos ficam perto dos pais. Ainda que os laços não se percam, perde-se a presença.
Vejo isso agora, o sorriso da minha mãe, ao ver na mesa os três filhos. Delicia-se a olhar para nós, enquanto falamos, porque durante meses, ela não teve esse prazer.
Pensa no prato que irá fazer, que satisfaça a todos e ainda diz, espero que gostem, foi feito com carinho.
Bem, o comer da mãe é sempre bom. Concordaremos todos com esse facto. Porque foi a nossa mãe que fez, com a entrega e dedicação que mais ninguém consegue ter, para nós filhos.
E eu costumo dizer, a minha mãe faz muito bem sobremesas, é a melhor a fazer este ou aquele pudim. Todavia, não me lembro de algum filho dizer que a sua mãe não é a melhor também.
Acima de tudo, é o amor. É o que transforma todos os pequenos momentos em algo muito mais profundo e especial.
Nem sempre os irmãos se dão bem, mas, o brilho no olhar de uma mãe vale superar qualquer desavença ou diferença que possa existir.
Que todos os filhos pudessem perceber isso.


©Alexandra Carvalho

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Considerações sobre mim própria

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Costumo dizer que sou uma pessoa sorridente, mas estou longe de ser uma pessoa fácil.
Acho que trago em mim demasiada insatisfação. Pouca gente me preenche, poucas coisas também.
No outro dia um amigo do meu pai dizia-me assim, uma rapariga bonita e não se casa. Está mal.
Não me parece que esteja mal.
Se me perguntarem se sinto falta disso, de um marido, de filhos? A resposta é rápida e clara, não.
Tenho dúvidas que exista alguém que mate parte da minha insatisfação, tenho sérias dúvidas que alguém me perceba, me veja como realmente sou.
Mas a culpa é minha. Não me dou.
O padrão não me diz nada, olho em volta, para estes casais, estas famílias, e sinto que jamais me encaixaria naquele perfil.
É uma decadência espiritual tão grande, que me atordoa.
Eles não mostram quem são, e elas subjugam-se ao que supostamente eles querem que elas sejam. Há maior decadência humana e espiritual do que esta? Não creio. E não quero para mim.
Tenho 31 anos, não sei se ficarei sozinha, se inusitadamente, aparecerá um homem que olhe para mim e veja tudo, pela primeira vez, corpo e alma. E que mesmo vendo, queira ficar, não tenha medo de ficar.
Até lá, a vida segue.


© Alexandra Carvalho

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Invasões

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As memórias invadem-me a mente,
Silenciosas, intimidantes, atrozes.
Num ápice, ouço vozes,
Umas que chamam à atenção,
Outras, que me libertam.
Fiz apenas o que me apetecia fazer,
Lá atrás, não agora.
E é lá atrás que elas precisam ficar,
No passado, aonde pertencem.
Deixo-as lá, não apago.
Noutro dia, voltarão,
Menos intimidantes, atrozes e silenciosas.


©Alexandra Carvalho

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Pensamentos soltos sobre ti

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Não raras vezes penso em ti. Tu sabes.  
Dou comigo a pensar que poderias ser muito mais do que aquele amigo que conto levar para a vida inteira. Até ao fim dos meus dias. Acho que seríamos uma boa dupla de companheiros, amigos, amantes, namorados. Iríamos rir muito mas também chatearmos muito. Sim, porque temos mais semelhanças que diferenças. E das semelhanças surgem mais discussões. Discussões que acabariam sempre da mesma forma, como os eternos amantes que seríamos, que poderíamos ser. 
Mas depois de pensar nisso, lembro que afinal tens namorada. Esqueço muitas vezes disso, sabes porquê? Porque ela não te dá brilho ao olhar. Apagas que nem uma vela quando passa uma leve brisa no ar. Não te sinto completo, nem tão pouco te sinto feliz. E não imaginas a tristeza que isso me dá. 
Sabes, ainda que pense em nós como um só. Ficaria na mesma feliz, se soubesse que tens alguém ao teu lado que te completa, alguém que te deixe ser quem tu realmente és. 
Não consigo imaginar-me estar com alguém, com quem não poderia ser eu própria. É um acto cobarde, e tão solitário. Fingir o que não somos e escondermo-nos de nós próprios. E tu, meu amigo, estás embrenhado nesse fingimento. E como lamento isso. 
Não acho que nós sejamos outra coisa nesta vida, senão isto, amigos para a toda a vida. Poderíamos ter tomado decisões diferentes e quem sabe, neste momento, eu estivesse a te dar o brilho que não tens no olhar.  
Mas foi assim, porque nem sempre percebemos o que sentimos, e porque muitas vezes fugimos de quem realmente tem a ver connosco. 
Não sei o efeito que estas palavras podem ter em ti, nem sei se as perceberás como eu quero que tu percebas. 
Mas jamais deixarei de escrever sobre o que me move, sobre as emoções que algo ou alguém provocam em mim. E teres alguém ou não, é-me completamente indiferente. Os poetas são assim, são egoístas, escrevem sobre o que lhes apetecer e que ninguém venha dizer que estão errados.  
É a paixão que me move, e será para sempre assim.

© Alexandra Carvalho

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Até sempre


Já me tinha despedido de ti no passado,
porque nem todas as vidas que se encontram
caminham juntas para sempre.
Mas o teu sorriso permanecia por aí.
Ocasionalmente tinha o prazer de o ver.
Não o verei mais
e o nosso passado ficou ainda mais lá para trás.
Que no céu encontres a tua paz,
e o teu sorriso emane a mesma luz,
estejas onde estiveres.
Até sempre.



© Alexandra Carvalho

quarta-feira, 4 de março de 2015

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O adeus que te disse
Parece-me agora tardio.
Andei a manter-te sem razão.
Quando o coração não sabe o que quer,
A cabeça acaba por deixar-se influenciar.
Forçamos sentimentos que estão destinados a não existir,
Mas ainda assim, conseguimos senti-los.
Ou pensamos que os sentimos.
Tal é o engano.
E quando o coração se equilibra,
É um alívio desmedido.
O adeus que te disse foi tardio,
Mas a sensação de paz, foi na altura certa.
Deixei de precisar de ti.


© Alexandra Carvalho

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Talvez até te queira

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Apetecia-me dizer
Para não voltares.
Vai embora e fica lá.
E enquanto lá estiveres
Não te lembres de mim.
Mas se o dissesse, estaria a mentir.
Nem tanto para ti, mas para mim.
Acima de tudo para mim.
Deixa-me ficar com uma versão de ti.
Aquela que mesmo à distância,
Pensa em mim.
A que diz, entusiasmado,
Vemo-nos em breve.
Quero apenas essa parte de ti.
Não a que foge, a que me afasta,
A que me desorienta.
Não nos conhecemos ainda.
Tu és chato, eu sou chata.
Somos os dois, mas não sabemos disso.
Porventura, estaremos destinados
Um ao outro, mas também ainda não sabemos disso.
Por ora, apenas te posso dizer,
Quero aquela versão, e todas as outras.


© Alexandra Carvalho