domingo, 13 de dezembro de 2015

Doce encantamento

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A noite caía e ele a pensar nela, o dia clareava e ele continuava a pensar nela.
Tão enfeitiçado que estava.
Mas não podia pensar nisso, havia atrelado a ele, o peso da responsabilidade de um relacionamento. Uma outra mulher estava ligada a ele. Uma ligação já tão ténue mas ainda assim, existente.
Mas que fazer, se os pensamentos levavam-no sempre para o rosto que não era o que estava ali ao seu lado.
Dava consigo a pensar no sorriso, que de resto, tinha sido o que o atraiu primeiro.
Aquele sorriso puro, desinteressado e apaziguador. Mas se começou pelo sorriso, não tardou que o olhar o perseguisse também.
O olhar que o desarmava, como se de um raio X se tratasse.
Era desnecessário dizer que a queria, aquele olhar já o sabia, soube logo. Soube e manteve-se indiferente. Olhava-o de relance e bastava isso para o manter deliciosamente encantado.
Havia dúvidas que ela o quisesse também.
Ocasionalmente passava ela de carro, pela rua da sua casa, e na sua ingenuidade pensava ele, que era intencional aquela passagem.
Ingenuidade e utopia, a casa localizava-se na estrada principal por onde ela teria inevitavelmente de passar.
Todavia, mantinha a doce ilusão que ela apenas passava para o provocar.
Estaria ele a apaixonar-se por aquela mulher desconhecida que mal lhe dava atenção, ou estava ele cansado daquele amor que há muito havia deixado de o ser?
Confundiam-se as coisas na sua cabeça, só tinha a certeza de uma, queria-a e iria tê-la.

© Alexandra Carvalho

1 comentário:

  1. Quem fica sempre encantado com os seus textos, sou eu. Muito bonito, um sentimento que homens e mulheres não estão livres de sentir. Um amor acaba mas nasce outro.
    Boa semana cara amiga.

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