Poderia dizer aquelas palavras normais e banais dos
aniversários, mas sabes que seria incapaz de o fazer… jamais um poeta usa as
palavras dos outros para dizer o que pretende, usa as suas, cria até algumas
novas, se for necessário…
Também poderia falar de ti, do que representas para mim,
mas também não o vou fazer…vou antes falar de mim…dar-me a conhecer… talvez
percebas o porquê…
Que sou insatisfeita, toda a gente que me é próxima sabe,
não é de todo novidade…
Tentarei ser breve, não me apetece ser enfadonha, nem
para ti, nem para mim…
Tudo isto que estou a viver contigo, é de certa forma,
uma novidade…
Dizer-te que a partir do momento que entraste na minha
vida estive sempre feliz, seria uma mentira… nem sempre estou feliz… nem sempre
me lembro de ti… mas a verdade é que esta sou eu… nada me faz feliz por muito
tempo… encontro nas coisas boas, coisas más, e valorizo-as mais do que devia…
É fácil tornar o bom no mau, não sei porque o faço,
quando dou por mim, saliento os defeitos e esqueço das qualidades, das
virtudes, de quem passa por mim…
Mas apesar disso, sinto intimamente, que és aquilo que eu
preciso, és o elo de ligação para o mundo normal, para a vida comum dos seres
terráqueos…
Não direi que é fácil gostar de mim, não é, de todo… quando
esperares algo de mim, é quando não o vou fazer, e sem estares à espera,
dar-te-ei mais do que aquilo que pensavas que eu fosse capaz de dar…
Apago-me muitas vezes, desligo-me das emoções, da
realidade, pouca coisa interessa… talvez olhe apenas para mim, tento buscar-me,
dos lugares onde vou-me deixando ficar… nem sempre me perco por opção… é
simplesmente assim…
Se conseguires olhar para dentro de mim, e entenderes,
mais do que aquilo que eu te mostro… talvez consigas ter-me…para sempre…
© Alexandra Carvalho
© Alexandra Carvalho
Que sensação deve ser, receber uma carta dessas. Bonito texto.
ResponderEliminarMuito bonita esta carta.
ResponderEliminarReflecte bem a dualidade em que o ser humano vive embrenhado na maior parte do tempo. Acho que amor pode também ser isto mesmo, "um contentamento descontente"
Beijinhos
quanto de nós adormece na voz da própria verdade?
ResponderEliminarbeijinho!