domingo, 15 de julho de 2012

Uma carta diferente


Poderia dizer aquelas palavras normais e banais dos aniversários, mas sabes que seria incapaz de o fazer… jamais um poeta usa as palavras dos outros para dizer o que pretende, usa as suas, cria até algumas novas, se for necessário…
Também poderia falar de ti, do que representas para mim, mas também não o vou fazer…vou antes falar de mim…dar-me a conhecer… talvez percebas o porquê…
Que sou insatisfeita, toda a gente que me é próxima sabe, não é de todo novidade…
Tentarei ser breve, não me apetece ser enfadonha, nem para ti, nem para mim…
Tudo isto que estou a viver contigo, é de certa forma, uma novidade…
Dizer-te que a partir do momento que entraste na minha vida estive sempre feliz, seria uma mentira… nem sempre estou feliz… nem sempre me lembro de ti… mas a verdade é que esta sou eu… nada me faz feliz por muito tempo… encontro nas coisas boas, coisas más, e valorizo-as mais do que devia…
É fácil tornar o bom no mau, não sei porque o faço, quando dou por mim, saliento os defeitos e esqueço das qualidades, das virtudes, de quem passa por mim…
Mas apesar disso, sinto intimamente, que és aquilo que eu preciso, és o elo de ligação para o mundo normal, para a vida comum dos seres terráqueos…
Não direi que é fácil gostar de mim, não é, de todo… quando esperares algo de mim, é quando não o vou fazer, e sem estares à espera, dar-te-ei mais do que aquilo que pensavas que eu fosse capaz de dar…
Apago-me muitas vezes, desligo-me das emoções, da realidade, pouca coisa interessa… talvez olhe apenas para mim, tento buscar-me, dos lugares onde vou-me deixando ficar… nem sempre me perco por opção… é simplesmente assim…
Se conseguires olhar para dentro de mim, e entenderes, mais do que aquilo que eu te mostro… talvez consigas ter-me…para sempre…

© Alexandra Carvalho

3 comentários:

  1. Que sensação deve ser, receber uma carta dessas. Bonito texto.

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  2. Muito bonita esta carta.
    Reflecte bem a dualidade em que o ser humano vive embrenhado na maior parte do tempo. Acho que amor pode também ser isto mesmo, "um contentamento descontente"

    Beijinhos

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  3. quanto de nós adormece na voz da própria verdade?

    beijinho!

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