sábado, 29 de setembro de 2018

Sobre a perda e o perdão


Porque os acontecimentos chamam-nos à atenção, mesmo quando não acontecem connosco, mas com pessoas próximas a nós.
A vida é fugaz, e nós sabemos disso. Ainda assim, vivemos os dias como se fôssemos viver sempre o amanhã.
Mas pasmem-se. Não vivemos sempre o amanhã.
Porque nem só a doença é responsável por desprender-nos deste plano terrestre. Andamos aqui todos os dias à mercê de qualquer fatalidade. Um acidente estúpido, uma queda, uma dor repentina, e pronto, vamos embora.
Recentemente, porque alguém próximo a mim viveu uma perda assim. Fez-me pensar ainda mais sobre os dias que passo aqui por baixo, nesta terra que tantas vezes não é correcta nem justa.
Fez-me olhar para mim, para a minha realidade, a minha verdade.
Pedi perdão a toda a gente? Toda a gente me pediu perdão? Perdoei-me a mim?
Disse a todos de quem gostava da imensa importância que têm na minha vida?
Disse a quem amava, que realmente amava?
Pois é. Nem sempre.
Calamos as palavras e calamos os sentimentos também. Porque acreditamos que há sempre um amanhã, e que em algum momento vamos ser capazes ou porque o tempo irá encarregar-se desses sentimentos/palavras.
Devido a este acontecimento, despoletou-me a necessidade de dizer mais o que sentia, com todas as consequências que podem advir daí.
Mas, sabem, dizer a verdade é sempre o melhor caminho. O que é para nós, vai ser sempre para nós. O que não é, não vai ser. Por mais que queiramos que seja.
O que realmente é importante é não guardar sentimentos que nos aprisionam, mesmo quando não percebemos que é isso que nos fazem.
Doendo ou não, ferindo o orgulho ou não, é preciso pedir perdão quando for altura.
É preciso dizer que gostamos dos outros, quando assim é.
É preciso dizer que amamos, quando realmente amamos.
Porque na hora da partida, o coração estará mais leve, o nosso e de quem vai.

© Alexandra Carvalho

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