segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Será o que tiver de ser



Há um momento que decido fechar-me e esquecer. O interruptor está ali mesmo e poderei ligá-lo a qualquer momento. Para já, não me apetece.
Não deixei de ter emoções nem passei a ser um humano frio. Só desliguei daquelas emoções em particular, com aquele ser humano em particular.
Hoje, questionei-me: serias capaz de viver com aquela pessoa? Consegues imaginar-te a acordar todos os dias a ver aquele rosto? Terá ele capacidade de te ver tal como és?
Perguntas básicas mas que respondem grandes questões. Uma espécie de separação de o trigo do joio.
Sim, conseguiria viver com aquela pessoa, também conseguiria acordar e deitar com aquele sorriso todos os dias. Mesmo quando não houvesse sorriso.
Até aqui não reside problema.
Não, ele não tem capacidade de me ver como sou.
Não tem agora, não terá mais tarde.
Apesar de escrever e apreciar sobremaneira as palavras, tenho vindo a perceber que as constatações acontecem quando nos deparamos com as acções. E as acções, desde o início mostraram sempre a mesma realidade.
E pela primeira vez, eu mostrei o meu eu, fui mostrando devagarinho e dei de bandeja a verdadeira Alexandra, a alma alojada nesta Alexandra.
E para partilhar tempo com esta alma é preciso vê-la, aceitá-la e acima de tudo respeitá-la.
Quando não a vês, também não consegues respeitar.
E se não tens capacidade para isso, é porque os nossos trajectos são opostos.
Dissipam-se as dúvidas.
A amizade poderá viver, como poderá não viver.
Será o que tiver de ser.

© Alexandra Carvalho

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