sexta-feira, 28 de junho de 2013

Percepções

https://www.facebook.com/JCarvalhoPhotography
E lá estava eu com aquela necessidade de calar as palavras, com a certeza que isso me impediria de olhar a vida, tal como ela é.
Nem sempre é fácil olhar a vida, reavaliar as nossas atitudes passadas e as presentes. Percebemos que o que para nós não teve qualquer importância, para os outros, de alguma forma os magoou.
É bem provável que eu seja um ser atípico. A mesquinhez passa-me ao lado, e na minha ingenuidade, penso que os que me rodeiam não são dotados de tal sentimento perverso. 
Há uma certa tendência de dramatizar o que não tem nada, mas mesmo nada para ser dramatizado. 
O meu olhar sobre a existência terrena não se prende a coisas pequenas, mas sim, talvez precise de me ajustar.
A verdade é que gosto do meu silêncio, e abomino todo o tipo de imposição. Nada que me seja imposto, será feito com o meu sorriso, com aquele sorriso que tanta gente me caracteriza.
O verdadeiro cerne da questão está na forma como reajo e ajo com todos, se digo que gosto de alguém, é porque gosto, não me verão jamais a dizer que gosto de alguém, se efectivamente não gostar, tanto na amizade como no amor.
Então, sinto-me particularmente decepcionada. 
São as pessoas que nós gostamos que nos decepcionam sempre. São essas pessoas que transformam as coisas sem importância em dramas, e que criam sobre nós o que jamais existiu. 
Eu sou uma pessoa ausente, não gosto de estar o tempo todo em contacto, mas cá dentro, tenho espaço para toda a família, para todos os amigos. 
Não os esqueço apesar do silêncio.
E aí mora o verdadeiro cerne da questão.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Um amor por detrás da amizade (Parte II)

https://www.facebook.com/JCarvalhoPhotography
Lá estava o silêncio, a ausência.
Era aquele medo atroz do confronto. De perguntarmos a nós próprios: porque dissemos todas aquelas palavras? Porque sentimos vontade de estar um com o outro?
Tão previsível. Não sabíamos agir depois de tudo. Deixávamos o tempo correr veloz e quando o esquecimento tomasse conta, voltávamos à amizade.
Como se nada tivesse acontecido.
Há quantos anos fazemos isto? Já não sei, perdi a noção do tempo.
Mas desta vez, a dúvida tem-me perseguido de outra forma. É o tempo, que se esgota e já não há vontade de deixar ficar assim.
A idade parece não gostar de dúvidas, parece almejar o tempo todo por certezas, respostas concretas.
E se deixar o tempo seguir o seu rumo, certamente continuará tudo na mesma, e em algum momento o espírito se acalmará.


© Alexandra Carvalho

domingo, 2 de junho de 2013

Um amor por detrás da amizade (Parte I)

https://www.facebook.com/JCarvalhoPhotography
Dizias todas aquelas palavras, talvez, sem ter uma pequena noção da intensidade com que chegariam a mim.
Ou seria eu ingénua por pensar assim.
Não sabia ao certo quando é que voltarias a ser aquele, o que me seduz. Mas a verdade, é que sempre chegava a esse momento.
A vida seguia o seu caminho, e nós estávamos a percorrê-lo, juntos e separados.
Juntos na amizade, separados em tudo o resto.
O jogo, as palavras intensas, o desejo por alcançar surgia do inesperado. De mansinho voltavas a atacar, eu quase nem dava de conta.
Será que por trás daquela genuína amizade, havia mais?
Seria normal o desejo carnal nos por contra a parede?
Raramente, a amizade deixava-nos fazer tais questões. Somos amigos. Basta.
Mas a pele atraia-nos um para o outro, e isso transcende a simples amizade.
O olhar furtivo, o sorriso leve e fácil, a conversa que começa e não quer acabar. Tudo isso, poderia ser apenas amizade, a mais pura, a que não esconde nada, a que não pede nada em troca, a que existe, simplesmente.
E continuamos assim.
Os anos passam por nós e aquela dúvida resta.
Estaremos a subestimar um amor que acreditamos não existir?


© Alexandra Carvalho