sábado, 20 de abril de 2019

As épocas religiosas




As épocas religiosas, há muito deixaram de representar o que representavam para mim no passado. Muito porque, no decorrer dos anos fui vivenciando momentos e experiências que me mostraram o ser humano tal como é, no dia-a-dia.
Defeitos temos todos, e ninguém que afirme que esteja acima de alguém, estará. Na verdade, é bem provável que esteja abaixo na cadeia evolutiva.
Todos os dias, há escolhas que precisamos fazer. Umas vezes decidimos pela melhor, outras vezes decidimos por aquela que pensamos ser a melhor, outras vezes, decidimos de facto, pela pior escolha a ser feita.
Mas é isso que cá estamos a fazer. Estamos cá para viver, para falhar, para aprender e acima de tudo, para recomeçar a cada tropeço e evoluir.
E porque então, as épocas religiosas já não têm o mesmo significado? Porque já não acredito em frases, em desejos que não passam de palavras moralmente aceites e padronizadas. Porque o coração, ao longo de todo o ano, não escolhe ser melhor, nem tão pouco lembra daquelas frases feitas usadas à mercê de um Deus, que elas próprias não seguem.
Dizem acreditar, mas na verdade não acreditam.
Viver é realmente difícil. Porque estamos expostos à dualidade. E sim, a tendência a resvalar é enorme, porque é isso que a dualidade faz.
O grande mistério de cá estar, é conseguir amar incondicionalmente. Que difícil é! Porque as pessoas tendem a nos mostrar o pior de si, tendem a nos fazer sofrer. E nesses momentos que precisamos escolher, entre aceitar que também precisamos viver aquilo para sermos melhores ou renegar a dor, e ver aquele ser humano, como o pior dos piores. Consideramos injusto, quando na verdade também já fomos injustos ao longo desta vida, com tantos seres humanos. E por isso, muitas vezes escolhemos o lado errado.
De vez em quando cansa, e há uma pergunta que timidamente aparece.
Não estás cansada? Não te apetece voltar a casa?
Resposta rápida e sem precisar ponderar muito.
Estou. Muitas vezes apetece voltar a casa, mas outra resposta também surge, não é a altura.
Muitas experiências faltam. Muitas emoções não foram vividas. Ainda não sou aquele ser humano que preciso ser.
Mas é com calma. Sem renegar a dor, sem crucificar quem passa pelo meu caminho.
Somos todos seres, com uma missão. Cada um a aprender consoante o que consegue.
Uma coisa é certa, não são as datas assinaladas que nos fazem chegar lá.
Todos os dias precisamos tentar chegar lá.

© Alexandra Carvalho

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