A vida no decorrer dos anos foi-me
trazendo pessoas. Algumas romanticamente especiais, outras, cujo propósito era
a minha evolução, à época, terão sido tudo menos especiais.
Deixei que o meu coração ficasse
amargo, permiti não perceber o que aquelas pessoas traziam para o meu caminho.
E por isso, falhei,
sucessivamente.
O meu desejo era de um amor
pleno, apenas. Tão somente isso.
Na minha feroz ansiedade à procura
desse tal amor pleno, fui bloqueando até o que eu merecia. Até aquilo que
efectivamente, era suposto eu viver.
E fechei-me ao amor, inevitavelmente
fechei o canal que atraía esse sentimento e todas as pessoas que poderiam despoletar
essa vivência.
Nesta fase em que me encontro, de
reflexão, de reconhecimento, de perdão, de aceitação do passado, já consigo
dizer sem medo, sim, não sei se é um amor pleno que eu quero.
Mas quero a companhia que não foge
quando os dias são sombrios, o olhar que cruza com o meu e fica em silêncio
porque sabe que é no silêncio que eu preciso estar. O sorriso que se abre
porque me conhece de todas as formas e feitios, a totalidade da minha essência.
A mão que se entrelaça na minha reafirmando que o caminho será a dois, mas que
eu estarei sempre no meu, o individual. O ser humano que rejubila com as minhas
conquistas. A Alma que não esquece de acariciar a minha, quando porventura,
perceber que estou a me perder.
Não sei se é este o amor pleno. Mas
é com certeza, para este amor, que finalmente, estou preparada para viver.
© Alexandra Carvalho