quarta-feira, 11 de julho de 2018

É para este amor que estou preparada para viver




A vida no decorrer dos anos foi-me trazendo pessoas. Algumas romanticamente especiais, outras, cujo propósito era a minha evolução, à época, terão sido tudo menos especiais.
Deixei que o meu coração ficasse amargo, permiti não perceber o que aquelas pessoas traziam para o meu caminho.
E por isso, falhei, sucessivamente.
O meu desejo era de um amor pleno, apenas. Tão somente isso.
Na minha feroz ansiedade à procura desse tal amor pleno, fui bloqueando até o que eu merecia. Até aquilo que efectivamente, era suposto eu viver.
E fechei-me ao amor, inevitavelmente fechei o canal que atraía esse sentimento e todas as pessoas que poderiam despoletar essa vivência.
Nesta fase em que me encontro, de reflexão, de reconhecimento, de perdão, de aceitação do passado, já consigo dizer sem medo, sim, não sei se é um amor pleno que eu quero.
Mas quero a companhia que não foge quando os dias são sombrios, o olhar que cruza com o meu e fica em silêncio porque sabe que é no silêncio que eu preciso estar. O sorriso que se abre porque me conhece de todas as formas e feitios, a totalidade da minha essência. A mão que se entrelaça na minha reafirmando que o caminho será a dois, mas que eu estarei sempre no meu, o individual. O ser humano que rejubila com as minhas conquistas. A Alma que não esquece de acariciar a minha, quando porventura, perceber que estou a me perder.
Não sei se é este o amor pleno. Mas é com certeza, para este amor, que finalmente, estou preparada para viver.


© Alexandra Carvalho

domingo, 1 de julho de 2018

Perdão é cura




Estes dias, num texto que escrevi e publiquei, assumi o meu pedido de perdão a uma das pessoas mais especiais que passou na minha vida e que já faleceu, o Mário.
Ando num momento de mudança, de libertação.
A minha terapeuta espiritual confirmou que eu tinha coisas mal resolvidas contigo, eu sabia que tinha, mas ao mesmo tempo pensava que não, ou melhor, eu queria não ter, porque é mais fácil quando não assumimos as coisas. Reconheço que também a ti devo um pedido de perdão, penso que não teremos uma outra oportunidade pessoalmente, porque o teu momento de mudança interior não permite que estejas comigo. Por isso, peço perdão pelas atitudes, todas, que tive contigo. Pelas mudanças de humor, pelas cobranças que sempre fiz. Mas acima de tudo, eu peço perdão pela vergonha que tive sempre, em dizer em voz alta, que gostava de ti. Na minha pequenez de espírito, sempre te adorei, a dois, entre quatro paredes, mas ainda não tinha grandeza suficiente para assumir que gostava de alguém com tão poucas habilitações e que ainda por cima dá erros ao escrever. E por isso, sim, tinhas razão, quando disseste que parecia que eu tinha vergonha de ti. Eu neguei, é verdade, mas porque não era capaz de admitir, porque tinha vergonha de mim por pensar assim.
Nós somos todos iguais, e eu estou sempre a defender isso em todo o lado, mas quando tocou em mim, eu tive vergonha. E escondia ao máximo, o meu encantamento por ti.
Grande lição que eu tinha aqui para aprender, contigo. Demorei, mas já aprendi.
O que interessa não é o curso superior, não é o dinheiro, nem tão pouco é a imagem. O que interessa são os sentimentos puros e o amor verdadeiro.
Quando pedi perdão ao Mário, lá nos céus onde ele está, chorei tanto. Contigo não estou a chorar, talvez porque ainda cá estás, aqui em baixo e poderás me perdoar por tudo, e porque eu também me poderei perdoar e ter tanta vida pela frente, para fazer o certo.
O perdão é cura, e eu, estou a curar-me agora de muitos anos de dor, de lágrimas, de vazio.
Obrigada (a tua alma também não passou por mim em vão).

© Alexandra carvalho