Gosto de coisas simples, gosto de
amizades que não cobram presenças nem sentimentos. Gosto de pessoas, sim, de
seres humanos, de pessoas que sabem ser seres humanos, que difícil e tão raro é
encontrar, pessoas/seres humanos.
Delicio-me com aquela calma do
mar que vejo todos os dias da minha varanda, e não me delicio menos quando o
vejo atormentado, desejando galgar por aqui acima.
Gosto de chegar a casa, no fim de
um dia de trabalho, mais ou menos cansativo, e parar a olhar em frente, a olhar
as nuvens que sobrevoam e pairam sobre a minha paisagem, aquela luz
incandescente de um sol que começa a pôr-se. Como é bonito!
Encanto-me, apaixonada, a olhar nos
olhos da minha cadela, que sorriem para mim, porque cheguei. Eufórica, sempre,
a saltar imenso. Como gosto da minha cadela, Carlota.
Gosto de silêncios, sim,
silêncios que dizem tanto, que me levam a meditar sobre mim, sobre as minhas
falhas, sobre tudo o que vou fazendo de melhor, sobre o ser humano. Gosto dos
silêncios que me levam à evolução, ao encontro com a minha luz interior. Não
gosto menos de música, pelo contrário, apazigua-me a alma, que tantas vezes, se
desequilibra e precisa realinhar-se.
Não gosto de ambiguidades, mas a
sociedade está imersa num todo ambíguo, habituei-me a isso, e por vezes, sou-o
também, ambígua, na tentativa de encontrar o caminho entre todas as nuances
dúbias que a sociedade nos impõe.
Posto isto, não sou diferente de
ninguém, nem igual a ninguém. Sou um ser humano que a cada dia procura em si e
nos outros, a aprendizagem que é suposto esta vida terrena nos dar, e no
intervalo, vou contribuindo para que outros tentem encontrar o mesmo.
© Alexandra Carvalho