quarta-feira, 2 de novembro de 2016

A Carlota

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Dizem que as pessoas aparecem na nossa vida, no momento em que são necessárias. Com Carlota não foi diferente.
Acho que é pertinente contextualizar, Carlota, é a cadela que cativou o meu coração.
Ouvi durante muito tempo, que se não conseguia amar um animal, é porque interiormente, não me amava a mim. Que qualquer bloqueio emocional, não me permitia amar. Nunca concordei, era impossível fazê-lo. Eu amava-me, amava os outros também.
Mas Carlota, recém-chegada a casa, pequenita, preta, com uns olhinhos negros que apelavam a que não conseguisse tirar os meus olhos dos dela, veio alterar tudo.
Carlota era da mana mais nova, foi ela que primariamente necessitou da sua presença, mas nada acontece por acaso, eu também viria a precisar dela, mais cedo ou mais tarde.
Olha para mim, agora, que já não é pequena, com o mesmo olhar negro que me cativou lá atrás. Ela está ali sempre. O meu dia sabe bem, quando me sento, feito criança, nas escadas de casa e fico a brincar com ela.
Os dias nem sempre são iguais, e se por qualquer acaso, eu não puder vê-la, falar com ela, sinto saudades, ela também sente.
Este é um amor puro, genuíno. Um amor que não espera nada em troca, mas que dá, sempre, sem restrição.
Dificilmente, veria os meus dias da mesma forma, se não tivesse Carlota.
Penso que antes também já conseguia amar, mas sim, ela trouxe-me uma dimensão de amor, diferente da que eu conhecia e sentia.
E por isso, obrigada à mana, que a trouxe, e obrigada Carlota, por seres aquele primeiro animal que me fez amar incondicionalmente.


© Alexandra Carvalho