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A pergunta é
silenciosa
Mas fazêmo-la.
E se de um momento
para o outro
Deixássemos de
existir?
Existir, no sentido
terreno, entenda-se.
O medo de ir embora
não me atormenta.
Mas sinto que há
muitas palavras por dizer,
Muitos sentimentos por
demonstrar.
Tenho medo sim,
De todos, não terem
sentido que os amava.
Assusta-me a minha
inabilidade
De dizer o que sinto;
A minha habilidade em
fechar-me,
Em esconder-me dos
afectos.
Afasto-os o mais que
posso.
Alma estranha esta!
Conscientemente sei
que sou assim,
Inconscientemente não
consigo mudar.
E se de um momento
para o outro
Deixasse de existir,
As palavras por dizer
não teriam sido ouvidas,
Mas certamente,
poderão ser lidas.
A alma estranha,
Mostra-se transparente
no papel.
© Alexandra Carvalho