Lá estava Álvaro à janela, olhava
o mar no seu esplendor, deliciava-se com o movimento ora suave ora brusco das
ondas, que acompanhava fixamente.
Tinha deixado de tentar perceber
o tempo, afinal, não era ele que o comandava, chegara à conclusão que era apenas
mais uma marioneta, entre todas.
O tempo comanda-se a si próprio.
Esperto teria sido ele, se tal
tivesse percebido, mais cedo, antes de tudo.
Teriam existido mais gargalhadas,
mais desejos, mais sonhos, mais viagens, mais sentimentos, no fundo, mais vida.
É certo, o tempo anda sozinho,
mas também é certo, que o tempo que perdemos, apenas depende de nós.
O erro de Álvaro, perdeu-se no
tempo e sem dar conta, não aproveitou nada. Bastavam-lhe as perguntas, a busca
incessante de respostas, tudo isso lhe preenchia. Estava errado. Como estava
errado.
Quanto mais tempo dedicou às
perguntas sem resposta, menos conseguiu perceber o tempo, leve, suave, algumas
vezes veloz, outras nem tanto, algumas vezes sofrido, outras menos.
Álvaro passou por todos os
estados e não sentiu nenhum.
A vida não é para ser percebida,
a vida é para ser sentida.
Estamos cá, então, se estamos,
vamos viver os pequenos e os grandes momentos que vão passando por nós.
O segredo era simples, óbvio e
Álvaro, tinha rejeitado a simplicidade das coisas, como se fosse improvável que
a vida fosse menos secreta.
Dali da sua janela virada para o
mar, deliciava-se não só com as ondas mas com a paz que lhe preenchia o
coração.
Não pensava em nada, não
questionava nada.
A plenitude da vida tinha
finalmente se mostrado, Álvaro aprendera a sentir…
© Alexandra Carvalho