O Natal, a mim cheira a casa da avó, cheira a tias, a irmãos, a família.
Eu vivi em duas casas, bem, mais do que em duas casas, mas as que considero como parte integrante da minha existência são estas, a da avó e a minha. A dos meus pais, vá.
Eu fui uma criança travessa,
esperta e muito curiosa. O Pai Natal foi desmascarado por mim muito cedo. Se
tenho pena disso? Talvez não tenha, para tudo há uma razão.
Mas o Natal está longe de ser
apenas isso, o Pai Natal, a chaminé e as prendas.
O Natal é o calor dos humanos que
nos rodeiam e que nos preenchem até ao âmago.
O Natal é o presépio, sempre
bonito que as tias fazem que de ano para ano, muda qualquer coisa, mas mantém a
sua essência.
A avó já não está cá, mas a casa
mantém-se, as tias mantêm-se e que bom, que assim é.
O presépio, carrega ainda a
história de outrora.
A história da menina curiosa que
gostava de ver as tias a fazer o presépio ou a mãe a fazer as broas. Sem
presunção nenhuma, a minha mãe tem um jeito danado para isso. Ou não fosse ela
a minha mãe, tudo está na dose certa, porque vem dali, do ser que mais nos ama.
O Natal é agora, constatar a
ausência dos avós, das prendas que são outras, do tempo que se alterou.
Dizer que queria que tudo fosse
tal e qual, não é verdade. Porque a vida, tem de ser alterada para que possamos
crescer. E principalmente, para valorizarmos tudo o que vamos vivendo com estes
seres humanos que aceitaram partilhar tempo connosco.
O Natal é apenas isto, amor.
© Alexandra Carvalho