terça-feira, 23 de outubro de 2018



Acredito que estamos aqui, neste plano que é tão denso para evoluirmos como seres humanos, mas essencialmente para conseguirmos ir mais além como almas.
Viver, não é fácil. Há experiências que nos levam para lugares que podem ser muito sombrios. Há pessoas que se encontram connosco, que na medida do impossível conseguem transportar a nossa essência para uma escuridão que não é nossa.
Mas, porque acredito que estamos cá para evoluir, sei que nada é por acaso.
Nem essas experiências, nem essas pessoas.
Naquele preciso momento, elas estão ali para nos confrontarmos com dores que são eternas e que vida após vida, teimamos em não querer deixá-las.
Sem vivenciar essas dores, esses sentimentos tão dilacerantes, sem quebrarmos os padrões que nos levam a elas, nós continuaremos a andar em círculos que se tornam incomportáveis de viver.
É preciso chorar, e repensar o que queremos para nós.
Se um ciclo giratório, que não nos desprende das mesmas eternas realidades. Se a alegria, se a mudança.
Viver, mesmo quando percebemos isto, ainda assim, é difícil.
Existe um ego que nos puxa para uma racionalidade desmedida. Logo ao lado, está uma essência que nos arrebata e tenta mostrar o que a intuição nos quer dizer.
Às vezes, as pessoas que nos mais magoam, são aquelas que mais nos dão. São as almas companheiras que aceitam ser o canal que transporta a dor, a tarefa complexa, que no final de contas, abre o caminho para a nossa evolução, para a alegria que estamos destinados a viver.
Tão companheiras que são, que não estão aqui para ficar connosco. Não é essa a missão primária com que vieram.
No decorrer dos anos, se estivermos abertos ao conhecimento, à sabedoria que tudo na vida, nos faculta. Conseguiremos dizer, que a pequenos passos começamos a valorizar o mais importante.
A Serenidade. A Paz. A Verdade. O Amor.
O Eu Superior, o nosso, o mais puro e mais real.

© Alexandra carvalho

domingo, 7 de outubro de 2018

O exemplo de uma declaração


Lá atrás, não tem assim muito tempo disse-te que não ia remar sozinha, porque a maré era difícil de contornar.
Não sei bem porquê, mas não consegui desligar-me, pelo contrário. Quando dei conta, estremecia ao te ver, ou simplesmente ao ver o teu carro passar por perto.
Apeteceu-me várias vezes dizer que estava a começar a gostar de ti. Mas este é um gostar novo na minha realidade.
Eu sempre fui intensa, de grandes paixões, com pressa. E contigo, fui ficando, fui esperando, tive medo, acho eu.
Em alguns momentos a dois, apeteceu-me dizer, vem cá e dar-te aquele beijo que tenho aqui contido desde algum tempo. Mas mesmo apetecendo, não fui capaz.
Tive medo que logo ali, tu me rejeitasses, e eu nunca fui rejeitada, não sei como lidaria com essa situação.
Depois tive outro medo, que a nossa amizade/ligação se perdesse por essa atitude minha.
Não nos vemos sempre, a vida não permite, a nossa vida, não só a tua, nem só a minha. Mas acredito que este carinho, atenção ou seja lá que sentimento é, existe entre nós.
Agora, estou com outro medo, o da vergonha. De olhar para ti, depois de leres este texto. Tenho medo também que venhas ter comigo para dizer que não sentes este “gostar” igual ao meu.
Não me cai o chão se ouvir essas palavras, estou numa fase em que me amo o suficiente para viver bem sozinha e há muito tempo aprendi que o amor não completa, o amor, se for como deveria ser, acrescenta.
Completar e acrescentar são coisas diferentes.
Sei que de longe notaste a minha sensibilidade, e então sim, as palavras, as atitudes que os outros têm para comigo fazem alguma mossa, mas já não me deitam abaixo.
Da forma mais serena possível, consigo dizer-te, gosto de ti. Esperando o tempo que for preciso para que estejas pronto para nós.
De forma, também serena, digo que estou pronta para seguir se os nossos caminhos não se cruzarem, como eu sinto que podem cruzar-se.
Agora, o remo está do teu lado e seguirei consoante a tua direcção.

© Alexandra Carvalho
26/09/2018 - São Vicente