quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Entre os trilhos


Talvez até quisesse mais;
Talvez tudo conspirasse a favor…
Mas o silêncio arrebata-me,
Amordaça-me à vã realidade,
Ao caminho já delineado.
Que é a vida,
Senão a tentativa errática,
Ou não, de escrutinar realidades concretas,
De desbravar novos trilhos?
São tantos os caminhos,
Aqui e acolá,
Vão se cruzando,
E tudo deixa de ser
Errado ou vão.
O corpo percorre a vida,
A alma mantém-se intacta.


© Alexandra Carvalho

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Vozes Interiores

https://www.facebook.com/JCarvalhoPhotography

Calei a voz que me impulsionava a lutar, distraí-me pelo caminho, e sem dar conta, deixei de perceber o que realmente quero.
Sou uma pessoa inconformada, talvez, porque passo a vida a perder-me, a desencontrar-me, a afastar-me…
Hoje, em particular, abri uma brecha nos meus pensamentos.
Afinal, o que tenho de determinada, tenho de alienada. Doses iguais. Viver, torna-se complicado.
Nada se materializa, nada se solidifica, eu simplesmente, não permito tal.
Na minha genuína diferença, apenas gostava de ser igual aos restantes mortais.

© Alexandra Carvalho

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Memórias

https://www.facebook.com/JCarvalhoPhotography

Ultimamente, tenho sido confrontada com o teu rosto, com o teu sorriso matreiro, de quem esconde o que realmente quer.
Afinal, não nos tínhamos despedido! Continuamos a fazer parte um do outro, ainda que discretamente.
Não te substitui, e o porquê, percebi há pouco. Acreditei tempo demais nos sonhos, na ilusão de encontrar alguém como tu, que me desse tanto como tu, e pouco, também como tu.
Fui pelo caminho errado, o amor não se encontra através de substituições, de comparações ridículas.
Continuo a querer-te, a desejar-te.
Que blasfémia pensar que te encontraria nos outros, por quem passou por mim, lá está, continuei o caminho da vida, sem querer manter nenhum deles.
Esta última vez foi mais flagrante, a diferença era estrondosa, e eu, queria “aquele” homem que tu és, com todos os defeitos que de ti fazem parte. Como me saturei, nesta última vez…
Esquece lá isso, não choro por tal, relembro apenas. Tenho saudades. Saudades de tudo. Tu sabes. Até dos nossos devaneios existenciais, algo recorrentes.
Não tínhamos dito o adeus antes, continuamos sem o dizer, talvez, jamais consigamos tal feito.
A porta mantém-se entreaberta, à espera, quem sabe um dia… quem sabe, numa outra vida…

© Alexandra Carvalho

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Passado… futuro… amarras

https://www.facebook.com/JCarvalhoPhotography
O sopro é breve,
Suave como o vento em dias de verão.
O mar não me deixa ir embora,
E as recordações acorrentam-me
À terra, ao chão.
Talvez outras terras me chamem;
Talvez me mereçam mais do que esta.
Mas e a vontade?
O desejo? Existirão?
Nada me prende,
Ou talvez, tudo me prenda.
Não é o passado,
É o futuro,
É aqui que quero estar.

© Alexandra Carvalho