quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Talvez

Talvez não ouçamos a mesma música,

Talvez nem sejamos assim tão parecidos.

O tal encontro de dois seres que já se conhecem,

De outros tempos, de outras passagens.

Talvez não seremos nada,

Mas já o fomos.

Encontrei-te e deixei-te ir,

Tu encontraste-me e deixaste

Que eu não te prendesse a mim.

Talvez noutra passagem,

Os nossos olhares encontrem-se novamente.

Talvez, nada mais do que isso,

Talvez…

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Pausa

Por vários motivos, farei uma pausa, aqui no mundo dos blogues. Tenho andado a ler muitos, e a carga negativa e depressiva é tão alta em alguns, que estão-me a sugar as energias. (Apesar de serem textos maravilhosos)
Farei uma pausa, breve ou longa, não sei. Continuarei a escrever, porque isso é algo que não controlo, não garanto é que os venha a publicar, talvez mais tarde.
Desculpem-me por isso, mas de vez em quando precisamos nos recolher e isolar, para percebermos que caminhos andamos a tomar.
Aproveito para desejar um Feliz Natal às pessoas que por aqui passam.
Que 2012 seja um ano de transição, de mudança, de riqueza interior (algo que precisamos imenso).
Com carinho,
Alexandra

© Alexandra Carvalho

domingo, 11 de dezembro de 2011

Pensamentos soltos…

Por mais que digamos o contrário, a verdade é que passamos a vida a criar expectativas, em relação às pessoas, aos sentimentos, às situações, a tudo.
Hoje, sinto-me particularmente, nostálgica, um tanto ou quanto introvertida. Apetece-me reflectir sobre tudo, ou não fosse eu uma pessoa que pensa demais.
Pela nossa vida passam pessoas, pessoas especiais, pessoas sem importância, seres humanos que naquele momento tinham de existir na nossa vida mas que depois, precisam ir embora. Penso neles, nos seus papéis, penso nas pessoas que entraram à pouco na rotina dos meus dias e nos papéis que estão a ter, e nem sempre percebo o porquê da sua passagem.
Apercebi-me que criei altas expectativas em relação a várias pessoas que fizeram parte do meu mundo por um momento. De que me serviu? As expectativas não são reais, aquela pessoa jamais se tornará naquela que eu desejo.
Questiono-me sobre a sinceridade, a capacidade doentia de alguns seres humanos, em dizer aquilo que não sentem, a capacidade egoísta de transformar a vida dos outros num espectáculo de malabarismo.
Ainda assim, continuo a acreditar no ser humano, continuo a acreditar que por aí fora, em cada cantinho do mundo, existem pessoas como eu, e que nalgum momento, encontrar-me-ei com uma delas.

© Alexandra Carvalho

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Quero apagar-me de mim

E do mundo,

Mas as linhas da minha vida

São tão negras que não se deixam apagar.

Passo a borracha, como uma louca,

E não consigo apagar nada.

Tento desprender-me deste eu

Que me consome, que me corrói,

Por inteiro, por dentro…

Não sou mais do que uma peça

De um puzzle que não sei completar.

Se um dia encontro-me serena,

No outro, volta o ser revoltado

Que existe em mim.

Não tenho forças;

Sinto-me cansada;

O coração dói, as lágrimas caem…

Sinto-me perdida, confusa,

Vazia…

E é sempre o vazio,

O nada que me invade;

O nada que me mata a cada dia.

 

Poema de outros tempos.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Assim, apenas assim

Voltaste a te perder

Nos confins dos teus sonhos.

A terra chama por ti

E não consegues ouvir o seu chamado.

Procuras nas profundezas da tua alma

A razão de seres assim,

Mas não a encontras.

Não vale a pena

Explicar o inexplicável…

És assim, apenas assim…

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Apenas à tua espera

O meu coração disparou,

Feito bala perdida;

Invadiste-me a alma,

E com o teu sorriso delicado

Fizeste-me encantar…

Não espero por mais nada,

Apenas por ti…

Mudança

O tempo passou,

A tua pele macia tornou-se áspera

Ao meu toque, as minhas mãos já não te querem tocar.

Não voltemos atrás, não precisas,

Eu não preciso…

Caminhamos juntos num tempo,

Num momento em que fomos apenas um,

Não somos mais.

Não me perdes, já não me tinhas…

O tempo passou,

Sabíamos que ia passar…

Não fales, as tuas palavras, só tu as ouves…

Silencia a tua voz e procura-te, onde te deixaste ficar.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Procura

Procuras nas tuas memórias

Razões infundadas para explicar a tua existência…

Redefines os teus conceitos

Na esperança de te encontrares

Perdida no meio deles…

E não encontras nada,

Continuas inexistente na tua existência confusa…

São horas contínuas de procura e desencontro,

Pára, deixa de procurar, e escuta o silêncio.

Não será a tua mente a dar-te as respostas

Mas o teu coração.

domingo, 4 de dezembro de 2011

O SABOR DA MORTE (Final)

- Sim, não foi assim tão difícil. Não para mim. Foram duas pessoas, cúmplices, uma deu a ideia, a outra executou.
Duas pessoas, meu Deus, a Daniela e o Ronaldo? Que ingénua que fui, como é que não pensei nisso, mas ele parecia tão legitimamente boa pessoa.
- O meu colega e a filha, só podia.
- Eu lamento muito Anabela, porque eu percebi que estavas a simpatizar com ele, que te estavas a envolver até. Mas fazia tudo parte do plano. Mas não foi a filha.
Hummm, não tinha sido a Daniela? Mas então aquela visita tinha sido um alerta, não uma ameaça, ela também sabia, agora consigo perceber.
- O plano foi todo elaborado pelo Ronaldo e a mãe da Daniela, a Dona Alzira. Há algum tempo atrás, o Tiago encontrou-se com a minha mãe, por acaso, e daquele encontro a verdade veio à tona, ele ficou a saber que tinha um filho. Uma pessoa da sua condição social, podia ter deixado ficar tudo como estava, não havia necessidade de remexer em feridas antigas, mas pelos vistos, ele era boa pessoa. Quis assumir a minha paternidade, e isso incluía, fazer-me como herdeiro. É óbvio que a ex-mulher dele, uma pessoa do campo, que cresceu com pouco, que se tornou uma dama da alta sociedade à custa do trabalho e da fama do marido, não estava disposta a partilhar a riqueza com um filho bastardo. A Daniela, é uma rapariga fútil, jamais consideraria fazer parte de um plano que matasse o pai, que ela tanto idolatrava. Mas o Ronaldo, era uma boa opção. Um homem de poucas emoções, desligado do mundo das afectividades, e que ainda por cima é médico. E por sinal, um médico ambicioso, porque ele não ama a Daniela, envolveu-se com ela, pelo dinheiro do pai. Os dois confessaram, porque eu confrontei-os num encontro um bocado suspeito, eles confessaram, mas a verdade é que não tenho provas. O caso vai cair no esquecimento.
- A Daniela sabe? Porque ela veio cá e falou-me cá umas coisas, como se estivesse a alertar-me, para deixar tudo como está.
- Sim, ela descobriu. Mas a Daniela é uma pessoa diferente, ela não consegue ser má. E se já perdeu o pai, não quer perder a mãe, apesar de tudo. É daquelas pessoas que prefere estar acompanhada de pessoas que lhe fizeram mal, do que ficar só. Mas é boa pessoa, acho que essa é a única coisa boa de ter descoberto que tenho um pai diferente. Ganhei uma irmã.
Naquele momento, senti um alívio. A verdade tinha sido desvendada, a minha análise estava certa, e apenas saber disso, já me reconfortava. Lamento, pela minha ingenuidade, lamento por ter desconfiado do Pedro, e por momentos, ter-me deixado envolver por um homem frio e calculista como o Ronaldo.
Nem todos os crimes são desvendados, nem todas as pessoas criminosas são descobertas, e este homicídio jamais seria desvendado, apesar disso, não me importava mais, o trabalho estava a correr bem, as pessoas tinham esquecido, a minha vida tinha voltado ao que era.
No fundo, só importava uma coisa, o Pedro e a nossa amizade sem limites, e isso, bastava até ao fim da nossa vida.
Este era o sabor da vida.

© Alexandra Carvalho

O SABOR DA MORTE (Parte 12)

- Não sei bem por onde começar. Tu conheces-me há muitos anos, cresceste comigo, de certa forma conheces toda a minha história, excepto uma parte, porque não sou eu o único protagonista. Não me achei no direito de dizer, apesar de seres a minha melhor amiga, primeiro, porque isto foi uma descoberta recente, que me magoou muito, segundo, porque a minha mãe também é uma das envolvidas.
- A tua mãe? Agora eu não estou perceber nada, o que ela tem a ver com o Tiago Fonseca.
- O Tiago Fonseca é meu pai.
Fiquei em choque, completamente em estado de choque. Pai? Mas como? Parece-me tão surreal e descabido ao mesmo tempo.
- Espera, acho que estou com dificuldade em processar essa informação. Como é que ele é teu pai? Como é que nunca soube disso? Como é que foste capaz de lidar com toda esta situação da morte dele, sem me contares nada? Não percebo.
Para além do choque, eu estava decepcionada, ele não podia ter feito isto, me esconder uma coisa destas. Principalmente quando ele sabia que eu estava envolvida no caso da morte do pai.
- Anabela, pára e pensa na minha posição, eu soube disto há pouco tempo, além do mais ainda não sabes tudo, não fales ainda. Ouve-me.
- Pronto, tens razão. Fala.
- A minha mãe antes de tirar o curso superior, sabes que ela foi estudar tarde, os meus avós não tinham grandes possibilidades financeiras, e ela acabou por precisar trabalhar para angariar dinheiro para poder estudar. Na altura, trabalhou como administrativa numa loja de tintas lá na Ribeira Brava. Nessa época conheceu o Tiago Fonseca, já era licenciado em jornalismo, acho que tinha começado a trabalhar há pouco tempo no Continente, apareceu numas férias lá na loja. Acabaram por se envolver, mas a minha mãe já namorava com o meu pai, ou melhor, com o Rui. Como deves imaginar, naquela altura as coisas eram complicadas para uma mãe solteira, ainda hoje é, imagina então naquela época. Ela arranjou forma de acelerar o casamento com o Rui, ele era apaixonado, completamente apaixonado, não foi difícil convencê-lo a casar mais cedo. Claro, o motivo principal era a gravidez, era eu, que vinha a caminho. Um filho de uma aventura com um jornalista de futuro promissor.
Não foi, afinal, tão difícil perceber o porquê dele me ter omitido aquela descoberta. Veio a desestabilizar a imagem perfeita que Pedro tinha da mãe. Não era de todo fácil admitir isso.
- Pedro, mas eu estava aqui, podias ter falado, eu ter-te-ia apoiado.
- Talvez, mas foi na mesma época em que me propus ajudar-te na investigação que eu soube disto. Como é que ia dizer que aquele homem era o meu pai. Por isso, deixei passar um bocado, sozinho fiz algumas investigações, afinal, querendo ou não, aquele homem era o meu verdadeiro pai.
- Tu já descobriste, não já? Tu sabes quem foi. Consigo ver isso no teu olhar.

© Alexandra Carvalho











O SABOR DA MORTE (Parte 11)

O dia do confronto chegou, cheguei a casa e o Pedro estava sentado nas escadas que vão dar à minha porta, alguém entrou e ele aproveitou para subir, era frequente acontecer isto. Olhei para ele, estava com aquele sorriso maroto, o sorriso de sempre, o que me habituei a ver no seu rosto. Primeiro, parei e fiquei a olhar, acabei por sorrir, e naquele momento não foram precisas palavras para perceber que a conversa que se seguiria seria fulcral.
- Chegou à hora de te contar coisas da minha vida que não sabes, acontecimentos que me fizeram sofrer e que nunca achei que fosse correcto te contar, dar-te para cima das costas mais peso, o peso da minha dor. – Ele estava a sofrer, via isso tão claramente.
- Não sei do que se trata, mas tenho a certeza que é algo sobre a morte do jornalista, ou apenas sobre ele. Ali fora, quando olhei para ti, eu vi o meu amigo, a pessoa em quem mais confio, totalmente transparente, com uma necessidade visível nos olhos de se libertar. Por isso, fala, fala sobre tudo, desde o início. Porque de ti só espero a verdade.
Eu sentia a minha voz trémula, como se sentisse, mesmo sem conhecer, a dor do Pedro, como se aquela dor estivesse a fervilhar nas minhas entranhas. Mas tentei manter-me firme, por ele, para que conseguisse despejar cá para fora toda a dor que o atormentava, todas as verdades que deliberadamente deixara longe de mim.
Olhou pela janela da sala, olhou em redor, parecia tentar encontrar as palavras certas para começar a falar, ou talvez, estivesse a ganhar energia para falar sobre o que me tinha escondido. Finalmente, olhou para mim e soube que estava preparado, as mentiras iriam dissipar-se, o pano ia cair, será que o seu segredo, era o motivo da minha queda profissional, será que de alguma forma, o Pedro estava envolvido? Todas as respostas seriam respondidas, e eu estava com medo do que ia ficar a saber.

© Alexandra Carvalho



sábado, 3 de dezembro de 2011

Palácio da Solidão

Estava ali, no meu palácio da solidão, apenas eu. Sonhava, imaginava que estava rodeada de gente, que me sorriam, que no fundo gostavam de mim. De repente tudo desaparecia, eram ilusões, ilusões que eu precisava à força que se tornassem reais. Por vezes perguntava a mim própria porquê que eu sonhava com coisas que eu sabia impossíveis. No fundo já sabia a resposta, era a solidão, aquela solidão que me matava por dentro. De que servia a riqueza? Sim, servia ou tinha servido para trazer à minha vida a infelicidade, a solidão e até o desespero. Matei-me, já não vivo, estou presa entre as paredes frias da minha própria casa.
Há muito tempo fui feliz, quando foi isso? Já não me recordo da data, já faz tanto tempo, uma eternidade. Mas sei que fui feliz, tive amigos, família e alguém que me amava, tudo isso desapareceu. Tudo perdi e tudo ganhei, perdi a amizade, o amor e até a minha dignidade, ganhei a riqueza, a infelicidade e a morte.
O outro mundo chama-me todos os dias, resisto à tentação apesar de todo aquele sofrimento que suporto, mas talvez ainda haja uma oportunidade, será que a mereço? Não, sei que não a mereço e também não deve ser tão doloroso morrer se já vivo na morte?!
Vendi tudo aquilo que tinha e dei a instituições de caridade tudo o que obtive das vendas. Estou pobre, pensei, não faz mal, fiz algo de bom pelo menos uma vez na vida. Será que me reconhecerão por isso? Não, sei que não, provavelmente irão pensar “agora que se sente só faz boas acções para impressionar os outros, é bem hipócrita ela”. Não os censuro por pensarem isso, eu fui hipócrita, fui arrogante , tudo, mas agora não, já percebi que a riqueza não compra a felicidade, eu com toda aquela riqueza apenas comprei a minha morte.
Finalmente morri, não no meu palácio da solidão porque também esse vendi, mas debaixo do alpendre da primeira casa que encontrei.
Morri na solidão.


 
© 1998 Alexandra Carvalho 








Alexandra

Amor

Lei contagiosa

Eterna e formosa!

X, é como é a minha vida, cruzada!

Ando aqui pensando,

Nada faço!

Digo a mim própria coisas,

Rio-me com o que penso!

Amor, mas afinal o que é?

 

Poema de 1997

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Mar

 

A tua beleza
Entra em mim,
Fico encantada com ela,
Mar lindo e sem fim.
Mar, só tu sabes encantar,
Mar, tu és a razão da minha vida,
Mas não sejas traiçoeiro,
Pelo menos para mim, ó Mar.
Ondas atiram-se contra as rochas,
Ondas saltam no ar,
Ondas levam os barcos,
Tragam para areia as vossas conchas.
Mar, porque às vezes és cruel?
Mar, porque levas pessoas e não trazes?
Não sejas assim, sê doce como o mel
Meu lindo mar...!
 
P.S.: Este poema foi escrito em 1997, um mero trabalho de casa da disciplina de português que acabou por mostrar o meu lado poético, e a partir deste poema nunca mais deixei de escrever. Trata-se de um poema muito especial para mim. Espero que gostem.